sexta-feira, 30 de abril de 2010

Opiniões Oscar 1951 - A Malvada ou Crepúsculo dos Deuses? Parte 2


Dei muita sorte esse mês. O sorteio me foi bastante gentil e por isso consegui num mesmo mês analisar Meu Amigo Harvey (um tremendo cult), A Malvada (a quintessencia de Bette Davis) e Crepusculo dos Deuses (assumindo para todos aqui: meu filme favorito de todos os tempos).

Exatamente por Crepúsculo dos Deuses ser meu filme de cabeçeira é muito injusto tentar analisar os méritos dos demais, pois minha relação é bastante passional com o filme, que foi o primeiro filme em p&b que vi na minha vida. Lembro até hoje, tinha uns 8 ou 9 anos, e a imagem de Gloria Swanson descendo as escadas ficou na minha cabeça, mesmo que na época não fizesse a menor idéia do título que estava vendo. Depois vi outro clássico "O que Terá Acontecido a Baby Jane?", um dos filmes que mais me apavoravam quando era mais novo, e minha "paixão" por Bette Davis teve início.

Portanto analisar Davis e o filme de Wilder foi um tarefa hérculea. Tentar me distanciar emocionalmente e analisar de maneira fria e mais objetiva foi um tremendo exercício que o blog me proporcionou. Espero ter conseguido ser objetivo, analitico e ainda sim transmitir emoção a quem leu.

O Oscar de 1951 foi especial por confrontar esses dois dínamos do cinema, essas duas marcas imortais num mesmo palco. Curiosamente nem Davis nem Swanson levaram o Oscar de atriz. Para mim, Swanson teoricamente levaria vantagem, pois nunca tinha levado um Oscar, era um "comeback", seu personagem era dramático e perturbado, enfim tudo o que a Academia adora. Davis, já vencera uma vez, tinha um papel dúbio nas mãos (que em mãos menos capazes talvez transformaria o personagem em alguém bastante detestável ) e conseguiu um de seus maiores momentos nas telas.

Quem deveria vencer?

Pensei muito e daria o prêmio a Swanson. Apesar de adorar Davis, acho que nesse trabalho (e o prêmio avalia o trabalho e não a carreira) Swanson atingiu o ápice de seu carreira e por isso deveria receber o prêmio.

Na categoria filme, honestamente, prefiro me abster. Analisar com sobriedade os aspectos técnicos dos filmes me fariam entregar de bandeja o prêmio a Crepúsculo, porém o texto de A Malvada é ferino, ácido e muito bem interpretado. Se a perfeição estetica do filme de Wilder fosse mesclado com o birlhantismo do texto de Mankiewicz teriamos um "combo" invencivel. Mais isso fica pro sonho. Na realidade a Academia preferiu o texto. Merecido. Mais se Wilder levasse também seria.

Por: Alexandre Landucci

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Opiniões Oscar 1951 - A Malvada ou Crepúsculo dos Deuses?



Não é novidade para ninguém que Bette Davis é a minha atriz preferida e que 1951 era o ano que eu mais esperava "analisar" desde a criação do blog. Na realidade, quando o Um Oscar Por Mês foi concebido, numa conversa com o Thiago no Google Wave, esse foi o primeiro ano que me veio à cabeça. Realiza: All About Eve e Sunset Boulevard concorrendo à estatueta de Melhor Filme; Bette e Gloria Swanson disputando o prêmio de Melhor Atriz... e, para completar o embrólio, o Oscar vai parar nas mãos de uma terceira, cuja vitória, até hoje, é questionada por muita gente. Esse foi ou não um grande ano?

Minha paixão por Davis começou aos 10 anos, quando li, no jornal, a sinopse de A Malvada, que estaria sendo exibido, aquela noite, na TV Cultura. Naquele tempo a emissora não era transmitida aqui no Rio e nem havia TV a cabo. Tive que me contentar até a Globo resolver exibí-lo em uma de suas madrugadas - o que não tardou a acontecer. A partir daquele dia, passei a ver e colecionar tudo relacionado à ela. Lembro do dia de sua morte com perfeição, embora fosse ainda bem moleque. Trocando em miúdos: Bette Davis é Bette Davis, mas ela que me perdoe... Se tivesse que escolher entre as três - ela, Swanson e Judy Holliday - para levar o prêmio daquele ano, minha escolha seria...

...Gloria Swanson!

Mas porquê?

Embora Bette estivesse perfeita como a temperamental estrela Margo Channing, jamais consegui encontrar adjetivos para a Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses. Aquele foi o grande momento, o retorno triunfal de Gloria Swanson, que não fazia um filme há quase uma década. Embora o filme inteiro seja um show de interpretação, bastaria a cena final em que, desvairada, a atriz "encarna" a Salomé - "Estou pronta para o meu close, Mr. De Mille" - para me convencer que aquela não foi só a grande interpretação daquele ano, mas uma das maiores de toda a história do cinema. Repito: Bette estava afiadíssima, não dando oportunidade de ser ofuscada por Anne Baxter - que também concorreu ao prêmio -; Judy era a própria loura "nada" burra Billie Dawn... só que Gloria Swanson foi além: matou a cobra e mostrou o pau! Sinceramente? Poderia ter rolado um empate, como em 69, com Barbra Streisand e Katharine Hebpurn. Mas a Academia, numa saia justa danada, preferiu contemplar uma terceira! Viagem, né? Ou não.

Agora vamos ao Melhor Filme: A Malvada ou Crepúsculo dos Deuses? Ó, dúvida cruel! Sunset Boulevard é fundamental, como o Thiago citou em seu texto. Cheio de referências ao próprio cinema, com coadjuvantes de peso como Cecil B. De Mille e Buster Keaton, levou mais que merecidamente os prêmios de Melhor Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora. Mas All About Eve é o filme! Não podia ser diferente: personagens inesquecíveis, diálogos memoráveis, Bette Davis em sua melhor forma e até uma pontinha de Marilyn Monroe, pra variar! Não teve para ninguém! Um filme eterno! Tão eterno que Gilberto Braga, 53 anos depois, o usou como inspiração para a sua "Celebridade"! Afinal, como esquecer Bette Davis mandando o recado: "Apertem os cintos, que esta vai ser uma noite agitada!"?

Falei e disse.

Por: Marcelo Antunes

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Além da pergunta do título das opiniões desse mês, temos mais uma: Juddy Holliday realmente mereceu levar o prêmio de Melhor Atriz? Para mim essa pergunta é mais fácil de se responder que a primeira. Gostei muito de Nascida Ontem e da atuação de Judy, mas após conferir A Costela de Adão percebi que ela não muda muito de um filme para o outro, apenas a caracterização. Por isso, o prêmio seria muito mais merecido se fosse entregue para Bette Davis ou Gloria Swanson; que como dito no post de abertura apresentam duas interpretações memoráveis. Mas e ai, porque Judy Holliday saiu como vitoriosa então? Ao meu ver, Emma Dawn (personagem da atriz em Nascida Ontem) conquistou não só o público, como também os membros da acadêmia. Mesmo com aquela voz irritante, é impossível não gostar da personagem.

No caso de Bette Davis e Gloria Swanson é diferente, porque suas personagens são completamente o oposto de Emma Dawn. Se tivessem levado em consideração as atuações, com certeza o prêmio teria ido para uma dessas duas. Davis e Swanson estão incríveis em cada uma das cenas!

Já perceberam que não consigo escolher uma, ? E não tem como mesmo, para fazer isso teria que escolher qual delas é minha preferida e não qual é a melhor atriz. E nesse caso seria Bette Davis.

Agora, qual deveria ter ganho o prêmio de Melhor Filme? Os dois são filmes fantásticos, indispensáveis para qualquer cinéfilo ver. Obras-primas do cinema! Quem já viu Crepúsculo dos Deuses e A Malvada sabe que são filmes bem parecidos. Além de cada um fazer uma grande homenagem ao cinema e ao teatro, também apresentam uma narrativa bastante parecida. Os dois começam por uma das cenas finais e usam uma narração em off para contar sua histórias. Já comentei por aqui que adoro filmes com esse tipo de narrativa, então, só por isso, os dois filmes já me conquistaram.

Sem dúvida este ano apresentou uma das maiores disputas pela estatueta de Melhor Filme, Escolher um deles não é uma tarefa fácil. Se for para pensar como um todo, A Malvada foi o que gostei mais. O filme não é só de Bette Davis, mas também de ótimos coadjuvantes, diálogos fantásticos e muito mais. Então, A Malvada é minha escolha desse mês.

Espero que não tenha ficado muito confuso. Até a próxima!

Por Thiago Paulo

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Oscar 1951 - A Costela de Adão


Katherine Hepburn e Spencer Tracy. Está aí um dos casais mais famosos do cinema. Além de parceiros de vida, também foram parceiros de trabalho. Uma dessas parcerias é A Costela de Adão, filme que disputou a estatueta de Melhor Roteiro na 23ª Edição do Oscar.

Inspirado em uma história real, Adam's Rip começa com uma dona de casa (Judy Holliday) atirando no marido e sua amante em um hotel. Ela vai presa e em seguida entra em cena Adam e Amanda Bonner (Spencer Tracy e Katherine Hepburn) , um casal de advogados que por coincidência acabam sendo requisitados para esse mesmo caso. O filme mostra não só o desenrolar do caso em questão, mas também o estrago que o mesmo acaba causando na relação pessoal do casal de advogados.

Lendo assim, A Costela de Adão até parece um drama, mas na verdade o filme - dirigido por George Cukor (de Nascida Ontem, E O Vento Levou e My Fair Lady) - é pura comédia. A história, roteirizada por Rith Gordon (O Bebê de Rosimary) e George Kanin (O Diário de anne Frank) apresenta cenas é diálogos super engraçados; destaque para cena com uma arma no final do filme.

Além de ser escolhido para preservação pelo National Film Registry e fazer parte de varias lista do American Film Institute, Adam's Rib é mais um clássico que também virou série de TV, nesse caso, com 13 episódios. Não é atoa que este filme foi muito bem recebido na época de seu lançamento e é considerado um clássico da comédia "de tribunal" romântica.

PERFIL: Katherine Hepburn

Katherine Houghton Hepburn foi considerada pelo American Film Institute como sendo a maior estrela feminina do cinema. Atuou em muitos filmes e recebeu 12 indicação ao oscar, todas como Melhor Atriz. Dessas indicações, ganhou o prêmio por Manhã de Glória (1933), Adivinha quem Vem para Jantar (1968), O Leão do Inverno (1969) e Num Lago Dourado de 1982.

Nascida em Harford - Connecticut, a atriz começou sua carreira nos palcos em papéis secundários. Se primeiro destaque foi em "The Big Pind", onde, de última hora, teve que substituir a atriz principal. Seu desempenho não foi tão bom e acabou sendo demitida. Katherine não desistiu e continuou em várias peças. Foi em 1932 que Leland Hayward, assistindo uma dessas peças , ficou impressionado com sua performace e a convidou para fazer um teste para Vítimas do Divórcio (A Bill of Divorcement), drama dirigido por George Cukor.

Após o sucesso do seu primeiro filme ela assinou um contrato com a RKO, e no ano seguinte ganhou seu primeiro Oscar. No mesmo ano de Manhã de Glória fez também Assim Amam as Mulheres e Quatro Irmãs, adaptação da obra Little Woman que lhe rendeu sua segunda indicação ao maior prêmio do cinema. Após esses filmes sua intenção era retornar ao teatro na peça The Lake, mas a RKO escalou a atriz para o filme Mística.

De 1935 a 1937 atuou em mais sete filmes. Recebeu outra indicação por Vivendo em Dúvida (Alice Adams) e revelou seu lado comediante com os Levada da Breca (Bringing Baby) e No Teatro da Vida (Stage Door). Porém, uma carreira não é só feita de sucessos e, esses filmes não foram bem recebidos pelo público, resultando em vários outros fracassos. Foi nessa época que Katherine passou a ser conhecida como "box-office poison" porque seus filmes eram muito bem recebidos pelos críticos, mas rejeitados pelo público.

Em 1942 ela fez A Mulher do Dia, seu primeiro filme ao lado de Spencer Tracy; famoso ator por quem se apaixonou nas filmagens. Tracy era casado e muito católico, mas os dois se tornaram um dos casais mais famosos do cinema. No total, foram nove produções na qual o casal contracenou juntos, e a maioria, usando a relação marido e mulher como plot. O casal ficou junto até a morte de Spencer em 1967.

Katherine continuou sua vida e em 1973 estrelou Algemas de Cristal, seu primeiro trabalho na TV. Seus últimos filmes foram O Poder do Natal, Segredos do Coração e Vestígios de uma Paixão, todos de 1994. Em 29 de Junho de 2003 Katherine deixou esse mundo, faleceu de causas naturais na casa da família Hepburn em Old Saybrook, Connecticut.

Se fosse pra digitar tudo sobre sua vida aqui, ainda teria muito o que escrever. Por isso, recomendo que leiam o livro "Eu- Histórias de Minha Vida" biografia escrita pela própria atriz. Sem dúvida, Katherine Hepburn é uma das figuras mais importantes do cinema. Até hoje consegue conquistar novos admiradores com seus filmes.

INDICAÇÃO:
  • Melhor Roteiro

Por: Thiago Paulo

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Oscar 1951 - Senhor 880

Imagine que aquele seu vizinho, um velhinho simpático e pacato, é, na realidade, um procurado falsificador de notas que enganou as autoridades por mais de 20 anos. Esse é o mote de Senhor 880, longa dirigido por Edmund Goulding e que concorreu, na cerimônia de 1951, ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Edmund Gwenn).

Com um elenco encabeçado por Burt Lancaster, "Mister 880" - no original - conta a história de Steve Buchanan que recebe do Departamento do Tesouro a missão de descobrir o homem que ludibriou o Serviço Secreto por duas décadas. Esse homem atende pelo nome de Capitão Miller, um cidadão acima de qualquer suspeita.

Inspirado em artigo publicado na The New Yorker que narrava golpes aplicados por Edward Mueller, o filme rendeu a Edmund Gwenn o Globo de Ouro de Melhor Coadjuvante naquele ano.

PERFIL: Edmund Gwenn

Nascido na Inglaterra, Edmund Gwenn é lembrado por muitos pelo seu papel na primeira versão de Orgulho e Preconceito. Ganhou o Oscar de Coadjuvante pelo atuação em De Ilusão Também Se Vive (Miracle in the 34th Street). Reza a lenda que, ao receber o prêmio, exclamou: "Agora eu sei que há um Papai Noel!" Nos últimos anos de vida, participou de O Terceiro Tiro, de Alfred Hitchcock.

Morreu de pneumonia em 1959. Dizem que, no leito de morte, quando um amigo falou o quão difícil é morrer, teria respondido que mais difícil é fazer comédia.

Por: Marcelo Antunes

sábado, 24 de abril de 2010

Oscar 1951 - Crepúsculo dos Deuses


Billy Wilder era um gênio. E foi tão prolífico em sua genialidade que entre seus filmes mais importantes estão duas comédias seminais, um filme denuncia sobre o jornalismo, um filme noir clássico, um filme de tribunal impressionante e a maior obra já feita sobre sua própria arte: o cinema.

É assim que pode ser descrito Crepusculo dos Deuses. A mais incrível homenagem e crítica a maior de todas as artes criadas pelo homem. O cinema é aquela que combina com extrema simplicidade e destreza tudo o que todas as outras manifestações artísticas oferecem. A música, o teatro, a literatura, a pintura, a dança e a escultura.

Wilder combina com perfeição todos esses elementos com sapiência de um general calejado de batalhas. A trilha sonora do brilhante Franz Waxman é sublime, a direção de arte e a construção dos sets (a mansão de Norma Desmond é deslumbrante) são muito eficazes, a obsessiva “dança da conquista” que Gloria Swanson impinge ao personagem de William Holden é um exercício de como expor uma situação com cores suaves e desesperadoras ao mesmo tempo. A literatura, ou seja o texto lido e escrito, é um dos maiores da história. Uma combinação impecável de drama humano, sátira ácida ao cinema (exemplificada em diversos momentos: o jogo de cartaz com grandes nomes do cinema mudo, como o grandioso Buster Keaton; a aparição especial do mestre do espetáculo Cecil B. De Mille; e o grande Erich Von Stroheim, um dos maiores diretores da história vivendo o criado Max), romance e uma das mais bem contadas histórias de obsessão do cinema.

Impossível não se remoer na cadeira com as tentativas doentias de Norma Desmond em prender em seus domínios o roteirista Joe Gillis.

Finalmente, Wilder completa seu painel com a fotografia (a “pintura” do cinema) serena de John F. Seitz, brilhante desde os closes (como a inigualável cena final), passando pela incrível sequencia da sessão privada de filmes mudos (onde ele abusa do contraste e da sensação claustrofóbica realçada pelos inúmeros cigarros consumidos), pelo baile de ano-novo que é uma ode ao bizarro e toda a homenagem a Cecil B. De Mille. Tudo funciona muito bem.

E onde está o teatro, você leitor pergunta intrigado ?

Ora está representado por uma das mais transcendentais interpretações da história. Gloria Swanson representa a quintessência da vilã obsessiva. Seu olhar, seu gestual, seu modo de caminhar e falar, tudo inspira o espectador a entrar em um completo estado de hipnose. Impossível desviar o olhar da atriz quando profere algumas das frases mais importantes da história da arte cinematográfica (a citar: “Senhor De Mille, estou pronta para o meu close” e “Eu sou grande, os filmes é que ficaram pequenos”), ou quando ela inicia seu doente jogo de gato e rato com o personagem de Holden. Esse por sua vez, começa morto (literalmente) e no melhor estilo filme noir, narra suas desventuras que resultam em seu corpo inerte boiando na piscina da decadente mansão Desmond. Mas ainda mais impressionante que Holden pra mim, é o fabuloso Erich Von Stroheim, um dos mais importantes diretores da história (seu Ouro e Maldição é lendário, tanto pelo conteúdo como pelas histórias de bastidores) que vivendo o empregado e ex-marido da estrela sustenta toda a farsa que inflama a sensação em Norma de que no fundo ela ainda é uma estrela. O resultado disso é a patética cena em que a estrela visita um de seus antigos diretores (o já citado Cecil B. De Mille).

Wilder conseguiu com muita habilidade ser sutil na crítica a falta de memória do público com seus ídolos ao mesmo tempo em que criticou os mesmos decadentes ídolos por tentarem viver de uma realidade a muito ultrapassada. Desmond é o produto de seu ego, talvez o maior que o cinema teve a audácia de mostrar. Gills é o homem “esperto” que tenta aproveitar de sua juventude para golpear o coração gelado da estrela e com isso ganhar algum dinheiro. Porém transforma-se no peão que é usado como troféu de uma estrela a muito morta. E Max é a única centelha que prende a insana personagem de Swanson ao plano real, mesmo que ele seja aquele que fustiga os caprichos da estrela. Mais do que um empregado, Max é um amante, eterno, que atende aos desmandos e loucuras da patroa, como forma de um amor tão obsessivo quanto o de Desmond pelo personagem de Holden. No fundo é uma espiral de personagens obcecados com algo e que não tem a noção exata dos preços a serem pagos.

Um trabalho notável em todos os aspectos e para esse que escreve, Crepúsculo dos Deuses sintetiza em cores pulsantes todo o esplendor do cinema. Fulgurante, mágico, trágico e muito cativante.

Por: Alexandre Landucci

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Oscar 1951 - À Margem da Vida


Caged! Como podem ver pelo poster logo acima, é este o nome original de À Margem da Vida; filme com Eleonor Parker que foi indicado em algumas categorias na 23ª Edição do Oscar. Além de uma indicação de Melhor Atriz para Eleonor, também recebeu indicações para Melhor atriz Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.

Dirigido por John Cromwell (também diretor de "Confissões" com Humphrey Bogart), o filme conta a história de Marie Allen; uma jovem recém-casada que é presa após uma tentativa de assalto. Com um marido morto, e vivendo os horrores de um presídio, a personagem descobre que está grávida de alguns meses. Após o parto, a jovem pede para sua mãe ficar com o bebê, porém, ela recusa o pedido alegando não ter condições financeiras para isso. Marie acaba sendo forçada a mandá-lo para adoção, e assim, cumprir sua pena.

O longa é uma adaptação (como a maioria, né?!) do livro "Woman Withouth Man", de Virginia Kellogg e Bernard C. Schoenfeld . O roteiro é assinado pela própria Virginia Kellogg, que, alías, já foi também indica ao Oscar pelo filme White Heat (1949). À Margem da Vida não ganhou nenhum dos prêmios pelo qual foi indicado no Oscar.

PERFIL: Eleonor Parker

Eleonor Parker, tem uma biografia escrita por Doug McClelland cujo nome é Woman of a Thousand Faces (Mulher de Mil Faces). É assim que a atriz, nascida em 26 de Julho de 1922, é conhecida. Em 1941, aos 18 anos de idade assinou um contrato com a Warner Brothers. Nesse mesmo ano, filmou They Died With Their Boots On (O intrépido general Custer), porém suas cenas foram cortadas da edição. Sendo assim, seu primeiro trabalho no cinema foi com Soldiers in With no ano seguinte, onde interpretou uma enfermeira.

Nos anos seguintes marcou presença em vários filmes; em alguns nem foi creditada. Foi com Caged, em 1950, quase dez anos depois de dar inicio em sua carreira, que Leonor recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Sim, sua primeira, pois no ano seguinte foi nomeada novamente, dessa vez pelo filme Detective Story (Chaga de Fogo), onde contracenou com Kirk Douglas. Além dessas duas, também foi indicada em 1955 pelo filme Interrupted Melody (Melodia Interrompida), cujo papel era de uma cantora de ópera.

O trabalho mais conhecido de Eleonor Parker foi como Elsa Schraeder em Sound of Music - A Noviça Rebelde. Sua carreira não foi apenas voltada para o cinema, em 1963 participou de um episódio de The Eleventh Hour (Seriado médico exibido pela NBC entre 1962 à 1964). Foi por esse trabalho que foi indicada ao Emmy. Também participou de um episódio de Breaking Point e de um filme chamado The Man from UNCLE. Suas aparições na TV não param por aí não, em 1969 estrelou a série dramática Bracke's World. O programa - que ficou no ar por duas temporadas - recebeu duas indicações para o Globo de Ouro : Melhor Série e Melhor Atriz.

Também fazem parte de sua filmografia: A Morte Ronda a Pantera, Confidências de Hollywood, De volta à Caldeira do Diabo, Esse Homem é Meu, A Selva Nua, Eu Te Verei no Inferno Querida entre outros.

Curiosidades: Você sabia que...

À Margem da Vida, na verdade, era pra se chamar "The Big Case" e teria no elenco Joan Crowford e Bette Davis?


INDICAÇÕES:
  • Melhor Atriz - Eleonor Parker
  • Melhor Atriz Coadjuvante - Hope Emerson
  • Melhor Roteiro - Virginia Kellogg
Por: Thiago Paulo

terça-feira, 20 de abril de 2010

Oscar 1951 - O Terceiro Homem


Se houve uma categoria no Oscar de 1951 que não deixou dúvidas quanto à sua escolha, foi a de Melhor Fotografia, abocanhada pelo longa "O Terceiro Homem", dirigido por Carol Reed - também nomeado ao prêmio de Melhor Direção.

Ambientado na Viena pós-Segunda Guerra Mundial, o filme nos apresenta Holly Martins (Joseph Cotten), escritor americano que se dedica a criar histórias juvenis e que chega à cidade atrás de um velho amigo dos tempos de colégio, Harry Lime (Orson Welles), que o convidara para trabalhar consigo, e que acabara de morrer, em circunstâncias obscuras.

"The Third Man" - o título original - é um filme envolvente e cercado de mistérios. Reza a lenda que, na verdade, o longa foi uma espécie de filme secreto de Orson Welles. Injustiça com Reed. Na realidade, o filme foi criação de Reed (direção), Grahan Greene (romancista) e Alexander Korda (produtor). Reed e Korda encomendaram o argumento a Greene que, regado à muita bebida, criou a história de um homem que se finge de morto para não ser pego pela polícia.

Acontece que faltava um sócio americano no projeto e Reed procurou o lendário David O. Selzinick que topou injetar dinheiro no projeto - claro, não sem levar vantagem.

Welles foi o nome escolhido por Reed e Korda para encarnar "O Terceiro Homem". Selznick subiu nas tamancas. Para ele, Welles era "veneno de bilheteria" e tentou forçar a escalação de Cary Grant.

Reed ignorou as exigências de Selznick e dirigiu sua obra-prima com total liberdade. Entre elas, a escalação do eterno "Cidadão Kane".

Atenção para cenas antológicas como a sequência do encontro de Cotten e Welles e a corrida frenética pelos esgotos vienenses. Simplesmente magníficas.

PERFIL: ROBERT KRASKER

Um dos mestres da fotografia, Robert Krasker nasceu na Austrália e se mudou para a Inglaterra nos anos 30, atrás de uma oportunidade. A encontrou nos estúdios Korda Films.

Influenciado pelo cinema noir e pelo expressionismo alemão, trabalhou em mais de cinquenta filmes durante e carreira e levou o Oscar pela belíssima fotografia de "O Terceiro Homem".

CURIOSIDADES: Você sabia...

... que as cenas mais famosas do filme não foram fotografadas por Krasker e sim pelos seus assistentes, John Wilcox e Hans Schneeberger, ex-namorado da lendária Leni Riefenstahl?

... que durante a fuga nos esgotos, o vulto que se vê não é de Welles e sim do diretor-assistente Guy Hamilton (que mais tarde dirigiria 007 Contra Goldfinger), lançando mão de artifícios para que ficasse com a mesma atura de Welles?

... que Selznick mudou a voz em off que abre o filme na versão exibida nos Estados Unidos - e certamente a exibida no Brasil, em 1950 -, e que, graças à forças contratuais, Reed não pôde fazer nada? E que além disso, simplesmente 14 minutos foram limados do filme, sendo restaurados no DVD que foi relançado no final dos anos 90?

... que Anton Karas, compositor da trilha, era um mero músico freelancer que Reed convidou para musicar a trama? Segundo Charles Drazin, autor do livro "Em Busca do Terceiro Homem", seria algo como "Steven Spielberg convidar um músico que ele ouviu tocando acordeon na saída do metrô". E que Karas ficou rico graças à trilha, voltou para Viena, abriu um restaurante chamado "O Terceiro Homem" e nunca mais saiu de lá?

INDICAÇÕES:
  • Melhor Fotografia
  • Melhor Direção
Vídeos - Trailer / Cena
Por: Marcelo Antunes

domingo, 18 de abril de 2010

Oscar 1951 - Nascida Ontem



Diria que Born Yesterday – Nascida Ontem – foi a bela surpresa da 23ª edição do Oscar. O filme, dirigido por George Cukor, é uma comédia romântica e recebeu cinco indicações em 1951 – Incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Diretor.

O filme nos apresenta a Harry Brock (Broderick Crawford) um grosso e rico empresário que vai até Washington fechar um grande e ilegal negócio. Junto com ele está Emma “Billie” Dawn (Judy Holliday), sua amante. Ao perceber que o comportamento da jovem pode atrapalhar suas negociações, ele contrata o jornalista Paul Verrall (William Holdem) para lhe ensinar boas maneiras. O problema é que no decorre da situação, os dois se apaixonam e ela começa a perceber o que está acontecendo a sua volta, causando, problemas inesperados ao milionário.

A história é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome escrita e dirigida por Garson Kanin, que também assina – junto com Albert Mannheimer, que não foi creditado - o roteiro dessa versão cinematográfica. Além dessa, existe outras versões de Nascida Ontem. Uma delas é um ramake de 1993 com Melanie Griffith no papel principal. Escolha perfeita, já que ao ver Judy Holliday em cena logo nos lembramos da secretária de futuro.

Judy Hilliday já havia interpretado Billie no teatro, mas, na época os produtores não queriam uma desconhecida para interpretar o pepel no cinema. A atriz era a terceira opção (Eles preferiam Jean Arthur ou Rita Hayworth), e só depois de fazer um teste e receber elogios, ela conseguiu o papel. Até mesmo Spencer Tracy e Katherine Hepburn decidiram apoiar a atriz, escalando ela para fazer parte do elenco de A Costela de Adão, para então, promovê-la. O resultado dessa novela, foi que Holliday não só foi indicada, como ganhou o prêmio de Melhor Atriz. e só para lembrar, Judy disputou a estatueta com Gloria Swanson, Bette Davis e Anne Baxter.

Perfil: Judy Holliday

Nascida em 21 de Junho de 1921, Judith “Holliday” Tuvin começou sua carreira em um clubes noturnos encenando "The Revuers" ao lado de Betty Comden , Adolph Green , Alvin Hammer e John Frank. Na década de 40 fez as peças Kiss Them for Me e Nascida Ontem, que mais tarde também faria a versão cinematográfica.

Seu primeiro trabalho no cinema foi como extra em Too Much Johnson em 1938, mas como comentado acima, foi só com ajuda de Spencer Tracy e Katherine Hepburn que ganhou seu primeiro papel de destaque em um filme. Nesse caso, A Costela de Adão - que aliás, também recebeu indicações na 23ª Edição do Oscar. Foi no ano seguinte, em 1950, que teve seu melhor ano na carreira. Além de levar o Oscar de Melhor atriz para casa, também recebeu o Globo de Ouro e passou a ser mais conhecida pelo público.

Quatro anos depois fez outra comédia, agora ao lado de Jack Lemmon, e foi indicado ao BAFTA. Suas indicações não ficam só nessas, também recebeu mais uma ao BAFTA por "Phfff!" e mais duas ao Globo de Ouro, por The Solid Gold Cadillac (O Cadilac de Ouro) e Bell are Ringing (Essa Loira Vale um Milhão) - Seu último filme, que aliás, também estrelou a versão teatral. Seus últimos trabalhos - Laurette e Hot Spot - foram justamente onde começou, no palco. Em 1965, quatorze dias antes de seu aniversário, Judy Holliday faleceu devido um câncer de mama.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Filme
  • Melhor Atriz – Judy Holliday
  • Melhor Diretor – George Cukor
  • Melhor Roteiro
  • Melhor Figurino
Por: Thiago Paulo

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Oscar 1951 - Cyrano de Bergerac


Cyrano de Bergerac tem uma história curiosa: é baseado numa peça de teatro que, por sua vez, é baseada na vida de um famoso escritor francês, chamado Savinien de Cyrano. O poeta, depois de sair da casa dos pais, adotou o sobrenome "de Bergerac", que indicava uma extensão territorial que pertencia a sua família. Como sua vida era muito tumultuada - envolvia-se constantemente em duelos, integrante do exército, personalidade polêmica por causa da rivalidades criadas -, um outro escritor, Edmund Rostand, decidiu compor uma peça de teatro que retratasse a vida do escritor.

Cyrano de Bergerac (o filme) foi a primeira adaptação da obra para a língua inglesa. O texto usado como referência para a elaboração do roteiro foi traduzido em 1923, vinte e seis anos após a peça de teatro ter estreada. Lançado em preto e branco e com o norte-americano (nascido em Porto Rico) José Ferrer no elenco, o filme conseguiu destaque cinematográfico, principalmente quanto às atuações, sendo que os intérpretes foram reconhecidos não apenas pelo Globo de Ouro, como, um deles, também foi nomeado ao Oscar.

No filme, Cyrano ama a sua prima, Roxanne, que adora ser cortejada com palavras românticas. Sem esperanças de conquistá-las - por ser feio, tendo um nariz que usualmente lhe era motivo de chacota -, Cyrano ensina Cirstiano, que também ama Roxanne, a compor poesias e a ser original, com o intuito de fazê-la querê-lo. Um terceiro homem chega à trama e se torna responsável pelo intenso desenvolvimento do relacionamento a três entre os personagens centrais da obra.

PERFIL: José Ferrer

Nascido José Vicente Ferrer de Otelo y Cintrón, esse ator porto-riquenho foi para os EUA jovem, antes mesmo de sua graduação. Cursou a Universidade de Princeton e trabalhou em teses importantes, mas logo se dedicou à carreira como ator. Em 1935, estreou na Brodway; pouco depois, era o personagem-título de uma peça teatral. Nos palcos, interpretou Shakespeare (Othelo) e várias peças que o tinham no elenco foram encenadas na Brodway - inclusive Cyrano de Bergerac, ou seja, o ator interpretou o personagem mais de uma vez.

Como Cyrano, Ferrer ficou bastante conhecido. Já o havia interpretado antes de 1950 e tornaria a interpretá-lo depois dessa data. Curiosamente, ele viveu Cyrano nos palcos, no cinema e na televisão. Casou-se cinco vezes, permancendo casado até o ano de sua morte, em 1992, aos 80 anos.

CURIOSIDADES:

- José Ferrer é o primeiro hispânico a ganhar um Oscar.

- José Ferrer foi o primeiro - e até o momento o único - a concorrer a três dos quatro prêmios do entretenimento interpretando o mesmo personagem. Primeiro, concorreu ao Tony (teatro); mais tarde, concorreu ao Oscar (cinema), o qual ganhou; por fim, concorreu duas vezes, por séries televisivas diferentes, ao Emmy (televisão).

- Cyrano de Begerac, o personagem, rendeu a dois atores indicações ao Oscar: primeiro, em 1950, a José Ferrer; depois, em 1991, a Gérard Depardieu, que também concorreu como Melhor Ator.

Por: Luís Adriano

terça-feira, 13 de abril de 2010

Oscar 1951 - A Malvada


Se você não considera (por qualquer motivo que seja, indo da falta de conhecimento, a total e completa ignorância) Bette Davis, umas das maiores atrizes da história da arte dramática mundial, tenho certeza absoluta que sua opinião mudará quando assistir A Malvada (tradução infeliz do título original All About Eve, numa tradução livre “Tudo sobre Eve”).

Faltam elogios e adjetivos para descrever a performance inacreditável que a atriz entrega ao público, colegas e ao seu diretor nessa película. Estão lá todos os ensinamentos e idéias que qualquer ator gostaria de ter talento para seguir. E por tal competência, é curioso que tal interpretação inspirada aconteça quando Betty interpreta uma atriz, que é tão grandiosa em talento quanto ela mesma. Sútil, ácida, mordaz, sensível, carente, amarga, agressiva, engraçada tudo isso misturado numa personagem só, num mesmo filme.

Meu humilde texto não seria capaz de expressar o magnetismo que essa mulher conseguiu causar em mim durante as mais de duas horas de exibição de seu filme.

Seu filme.

Pois apesar do título referir-se a Eve (Anne Baxter), a menina “ingênua” e “perfeita” e que no decorrer do filme revela-se como uma megera disposta a tudo para conseguir vencer tentando passar por cima da personagem de Davis, é Betty que consegue transformar qualquer tomada em algo sublime e especial.

Para a alegria de todos os que viram (e espero que vejam a partir do texto, ou seja, que eu consiga de alguma forma despertar em vocês a curiosidade para conferirem o filme) A Malvada, é das construções de roteiro e de interpretação mais fabulosas da história.

Mankiewicz, o diretor e roteirista, é soberbo em cada diálogo, preciso como os ponteiros de um relógio suíço. A facilidade como ele passa da confissão dramática (a excelente sequencia dentro do carro com Davis e Celeste Holm) as inúmeras piadas cínicas que permeiam o filme é um trabalho genial. Ele mistura com muita segurança a comédia, o drama, a narração com resquícios do noir e ainda dá muito espaço e tempo para seus atores. Não é a toa que a perfeição encontrada no filme foi agraciada com impressionantes 14 indicações ao Oscar, levando 6 pra casa.

Num mundo perfeito, Davis levaria o seu de atriz (junto a Gloria Swanson do Crepúsculo dos Deuses), mas em uma daquelas injustiças do prêmio, não levou. Porém,o filme foi agraciado com os prêmios de figurino para filme em p&b, som, ator coadjuvante (George Sanders, como o dandi colunista DeWitt) e os mais que merecidos prêmios de roteiro, diretor e filme (que num mundo perfeito levaria junto com Crepúsculo dos Deuses).

Além de Davis, saíram sem o prêmio Anne Baxter para melhor atriz (a Eve do título original, que transformasse de garota ingênua em mulher sem escrúpulos), Celeste Holm e Thelma Ritter (atrizes coadjuvantes), direção de arte para filme p&b, fotografia para filme p&b, edição e trilha sonora.

O que fez A Malvada ter essa quantidade impressionante de indicações e ainda hoje ser lembrado como um dos grandes filmes da historia do cinema, pode ser explicado em três pontos principais.

O primeiro é, como já citei, o “fator” Davis e sua interpretação deslumbrante. Mas não só Davis, como todos do elenco (inclusive uma “deliciosa” Marylin Monroe fazendo aqui sua primeira aparição nas telas, numa ponta divertida). Baxter consegue administrar bem a luta com Davis, porém perde por “nocaute técnico” quando é confrontada diretamente. Sanders é outro que tem um trabalho fabuloso, cheio de cacoetes e com um ar de superioridade e vilania, e uma certa arrogância que é inerente aos “entendidos” em arte. Completando a lista de atuações importantes, Celeste Holm que faz a melhor amiga de Davis é uma grata surpresa e faz o papel de elo (tão importante em qualquer filme, e que era muito usado na “velha Hollywood”) entre o público e o filme.

É com ela, que o público começa a acompanhar a história, via flashback, a partir de um exercício bastante ousado para a época. O filme começa sendo visto pelo seu final, para depois via flashback, sermos informados do que levou aquela situação (esse é ponto número dois). Que me lembre apenas Kane, tinha feito essa subversão da ordem cronológica num filme americano antes.

O terceiro ponto é a análise mais profunda dos textos e contextos da obra. O texto é a homenagem bela e tocante a arte dramática mais antiga e considerada por muitos a mais verdadeira: o teatro. Sobram referencias diretas ao amor do ator pelo palco, de como ele, e apenas ele, é capaz de tirar do ator seu melhor. Curioso ver também, como em diversos momentos, o “fantasma” do cinema é mostrado, seja pelo namorado de Davis (Gary Merrill) que vai dirigir um filme, a personagem de Baxter que tem encontros com “homens de Hollywood”, todos de forma ou de outra roubando os astros e estrelas do palco, o que sempre aconteceu na história do cinema.

Já o contexto, refere-se essencialmente ao âmago da história. Mulher jovem se aproxima de mulher mais velha com “boas intenções” apenas para replicá-la e no futuro substituí-la. Quantos casos já vimos, ou presenciamos de pessoas que não medem esforços ou palavras, passando por cima de tudo e todos, mentindo, usando de amizades escusas somente para conseguiram o tão almejado lugar ao sol. A Malvada é pródigo ao mostrar essa situação e mais cínico impossível ao finalizar o filme quase como se quisesse que o público embarcasse numa nova viagem, dessa vez um pouco mais precavido e preparado talvez.

Ou será que não?

Por: Alexandre Landucci

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Oscar 1951 - Espíritos Indômitos


O cotidiano de um paraplégico, sua busca pela reabilitação, sua história de amor com uma pessoa "normal"... Não, esse não é um capítulo de "Páginas da Vida"! Estamos falando de "Espíritos Indômitos" (The Men), longa de Fred Zinnemann, nomeado ao prêmio de Melhor Roteiro em 1951. Decerto, o autor da história da Luciana - a moça cadeirante da novela - assistiu ao filme, mas se não assistiu, Maneco - o dono da trama das nove - devia fazê-lo. Motivos não faltam...

Primeiro: foi a estreia de Brando no cinema. No papel de um veterano da 2ª Guerra que perde os movimentos da cintura para baixo depois de ter sido atingido na coluna por um franco atirador, ele não só convence, mas emociona. Com o pé direito, Marlon Brando mostrava a que tinha vindo.

Segundo: O roteiro e a direção são excelentes. Para os fãs de drama, a trajetória de Ken Wilcheck é um prato cheio. Como se não bastasse, ainda há grandes atuações do resto do elenco, encabeçado por Teresa Wright , no papel de Ellen, a devotada noiva do tenente.

PERFIL: Marlon Brando

Marlon Brando, Jr. é, seguramente, um dos maiores atores de todos os tempos. Adepto do método conhecido como Stanislaviski, é famoso por suas interpretações realistas. Como esquecer do macho-alfa Stanley Kowalski de Uma Rua Chamada Pecado e o seu indefectível "Stella, hey, Stellaaaaaa!"? Aliás, foi interpretando esse papel que Brando chamou a atenção dos estúdios, sendo contratado para protagonizar "Espíritos Indômitos". No ano seguinte, encarnava novamente Stanley, dessa vez na telona, numa adaptação da peça de Tennessee Williams, no longa dirigido por Elia Kazan. Para Brando se tornar símbolo sexual foi um pulo. Apesar do forte apelo, no entanto, seu talento prevaleceu.

Há muito o que se contar sobre Brando em seus oitenta anos de vida (e mais de cinquenta de carreira) : em 53, tornou-se ídolo da "juventude transviada" depois de encarnar o motoqueiro rebelde de O Selvagem. Durante os anos 60, foi ativista pelos direitos civis dos indígenas - motivo esse que fez com que uma índia "de mentira" recebesse o Oscar por O Poderoso Chefão, em seu lugar.

Indicado ao Oscar oito vezes - sete por Melhor Ator e uma por Coadjuvante - levou o prêmio em duas ocasiões. A primeira vez por Sindicato de Ladrões, apontado por muitos como um de seus melhores momentos.

Durante os anos 80, larga tudo e se muda para uma ilha particular na Polinésia Francesa. Numa forma que nada lembrava os áureos tempos, Brando retoma a carreira, em meio a escandâlos como o suicídio da filha - depois do irmão ter matado seu namorado.

Enveredou uma única vez na direção com a Face Oculta, lembrado até hoje por ser o único western ambientado numa praia.

Dono de um sex appeal incomporável, declarou, diversas vezes, ter tido várias relações homossexuais e que não estava "nem aí" para o que as pessoas pensavam.

Morreu em julho de 2004. Dois anos depois ressurge em Superman - O Retorno, graças à imagens e áudios digitalizados. Prova que os grandes astros são eternos - através da tecnologia e, sobretudo, pelo talento.

INDICAÇÃO:
  • Melhor Roteiro

sábado, 10 de abril de 2010

Oscar 1951 - As Minas do Rei Salomão


As Minas do Rei Salomão - no original, King Solomon's Mines - é um filme que faz referência direta a um dos lugares que integram o grupo dos "mundos perdidos". As minas que dão origem ao título são um lugar desconhecido, onde se supõe que haver um tesouro lendário. Não apenas esse filme, mas também livros usaram esse local como cenário para as suas aventuras. Vale ressaltar que o livro As Minas de Salomão, de Henry Rider Haggard, escrito em 1885, foi o primeiro livro a conceitualizar o que hoje é conhecido como "mundos perdidos".

Quanto a esse filme - que é o foco desse texto -, a história dele aborda a tentativa de Elizabeth Curtis de encontrar o seu marido que decidiu encontrar sozinho as famosas minas. Sem conhecimento de seu paradeiro, ela decide procurar por ele e, para isso, requer o auxílio de um guia, Allan Quartermain. Para ajudá-los, parte junto o irmão de Elizabeth, John Goode.

Muitos o recomendam pelos mais variados motivos: a fotografia exibe uma África bastante diferente da atual; o roteiro expressa não apenas o tema "aventura", como também mostra um pouco de suspense e romance; há cenas de tensão que retratam com eficácia os momentos complicados pelos quais passam os personagens. A somar, garante-se que valha a pena vê-lo para se conhecer o precursor das características de Indiana Jones - até mesmo as roupas de Quartermain são semelhantes àquelas que serão usadas pelo famoso arqueólogo nos filmes de Spielberg.

PERFIL: Stewart Granger


Nascido James Lablache Stewart, em Londres, esse ator teve uma carreira não muito reconhecida. Começou a atuar jovem, ainda adolescente, em peças de teatro durante os anos 30 e três anos depois, aos 20 anos, participou como figurante de um filme. Apenas conseguiria seu primeiro papel principal dez anos mais tarde, aos 30 anos, quando interpretou um piloto da Força Aérea Real.

Despontado há pouco tempo, houve então um problema que dificultou sua estadia no cinema: a Segunda Guerra Mundial. Com a turbulência desse perído histórico, o ator ficou longe dos sets, optando por retornar apenas em 1948, três anos depois de a guerra ter acabado. Em 1949, ao contracenar com Jean Simmons no filme Adam and Evelyne - já haviam se conhecido antes, pois havia atuado juntos em César e Cleópatra -, ele percebeu que em apenas três a atriz, bastante jovem - 16 anos mais nova que ele -, já não era mais uma criança. No ano seguinte casaram-se e permaneceram assim por dez anos. Em 1956, Stewart naturalizou-se estadunidense.

"As Minas do Rei Salomão" abriu as portas para o ator, que recebeu um contrato de sete anos com a MGM. Como ator, atuou ao lado de vários nomes famosos do cinema: sua própria esposa, Jean Simmons, Ava Gardner, John Wayne. Atuou em filmes alemães e também estreou uma novela na Alemanha já perto do fim de sua carreira. Morreu com pouco mais de 80 anos, em 1993.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:

• Melhor Filme
• Melhor Fotografia (Colorido)
• Melhor Edição
Por: Luís Adriano.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Oscar 1951 - Meu Amigo Harvey


Imagine-se entrar numa casa e dar de cara com um homem na faixa de uns quarenta e poucos anos, bem vestido, simpático e falante, que insiste em lhe apresentar seu “grande amigo Harvey”. E você espera pacientemente, imaginando quem será o “famoso” Harvey. O homem então se vira para o nada e diz: “Esse é Harvey, meu amigo”. Segundo o homem, Harvey é um coelho de 1,91, branco e que tem uma voz profunda e grave. Segundo você, Harvey é o nada e aquele homem precisa urgentemente de tratamentos médicos. Esse exercício de imaginação que fiz acima, é o mesmo que enfrentam vários personagens no longa metragem Meu Amigo Harvey, estrelando James Stewart como Elwood P.Dowd, o tal “maluco” que vê coelhos gigantes.

Elwood é um homem excessivamente feliz com sua vida, que vive com sua irmã Veta (Josephine Hull) e sobrinha Myrtle Mae (Victoria Horne). Asduas vivem com vergonha das situações bizarras e do desconforto por viverem com alguém que crê ser amigo de um ser imaginário.Após a apresentação dos personagens, que o diretor Henry Koster fazcom bom humor e segurança, descobrimos o “segredo” de Elwood e o plano desesperado de sua bem intencionada irmã: ela quer que o irmão seja tratado num sanatório. As desventuras causadas por esse evento serão as responsáveis pelo restante do filme.

A primeira parte é bastante divertida e leve, com alguns elementos típicos das comédias americanas dos primeiros anos do cinema. Confusões, entra e sai de personagens, gente que interrompe o outro impedindo uma revelação que encerrará de vez algum problema,personagens carismáticos e interpretações seguras e competentes.O mais interessante do filme, e que o afasta da sucessão de gags esituações embaraçosas que poderiam envolver o tal coelho invisível, é que de fato o bicho nunca é sequer vislumbrado, nem mesmo sua sombra ou algo do tipo. As únicas referências a ele são, um quadro pintado de Elwood com Harvey e um chapéu furado no topo de onde, imagina-se,saíssem duas orelhas.

Outro ponto que reforça a competência atemporal de Meu Amigo Harvey, éa tremenda credibilidade e naturalidade com que James Stewart (que segundo Hitchcock era usado em seus filmes pois era “um ator que dava mais emoção aos filmes”) consegue, mesmo vivendo um personagem que em outras mãos poderia parecer ridículo, nos comover e emanar uma sinceridade que coloca essa interpretação entre suas mais impressionantes. No fim da projeção queremos mesmo é que deixem ele em paz, com seu coelho, ou o que é que seja o amigo invisível do personagem.

Meu Amigo Harvey é um grande exemplo de como abordar uma situação fantasiosa e ainda sim deixá-la crível e mais do que tudo, divertida.Notem que Stewart está sempre acompanhado de alguém em todas as suas cenas, o que “casa” perfeitamente com a personagem (descrita como o bom vivant e caloroso, cheio de amigos) e que reforça a condição de que Harvey é o “amigo imaginário” de Stewart, pois mais ninguém consegue vê-lo.

O filme ainda indicou (e premiou) a atriz Josephine Hull como melhora triz coadjuvante, por seu personagem histriônico, exagerado e engraçado, mas sentimental e de bom coração. Bela interpretação, mas o filme é todo Stewart e do vazio ao seu lado.

Um vazio de 1,91, branco, de gravata que atende pelo nome de Harvey.Obs: o filme é referenciado diretamente em Donnie Darko, onde o personagem principal enxerga um coelho gigante, e em Campo dos Sonhos,onde o personagem de Costner é comparado ao de Stewart, pois ambos vêem coisas que os demais não vêem. Em Campo dos Sonhos inclusive,existe uma cena em que a filha do ator está justamente vendo o filme na televisão.

Por: Alexandre Landucci

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Oscar 1951 - O Segredo das Joias


Pelo que percebi a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas adora um filme noir. Atualmente nem tanto, mas muitos filmes do gênero já marcaram presença em alguma cerimônia do Oscar. Em 1951 The Asphalt Jungle - ou O Segredo das Joias aqui no Brasil - foi um dos filmes do ano anterior que recebeu algumas indicações ao prêmio. Não esteve na disputa de Melhor Filme, mas John Huston foi um dos indicados como Melhor Diretor.

O roteiro, baseado na obra de Ban Madow - assinado por WR Burnett e pelo próprio diretor - nos apresenta a Doc Erwin Riedenschneider (Sam Jeff), um famoso criminoso que acaba de sair da prisão e já tem planos de reunir sua quadrilha e roubar uma joalheria. Quando tudo já está acertado, eles decidem colocar o plano em prática. Tudo parece estar saindo como foi combinado, porém, um deles acaba sendo baleado e, as coisas só pioram para o bando. Aos poucos os envolvidos no roubo vão tomando rumos diferentes.

Além de Sam Jeff, indicado na categoria Ator Coadjuvante, também fazem parte do elenco: Sterling Hayden , Jean Hagen , Sam Jaffe , Calhern Louis e James Whitmore. Além desses nomes, O Segredo das Joias ainda conta com a presença ilustre de Marilyn Monroe, que interpreta Phinlay Angela. A personagem aparece em apenas duas cenas do filme, e mesmo com uma pequena participação vocês podem ver que Marylin ganhou um certo destaque no poster do filme. Hoje podemos dizer que foi uma ponta de luxo em um dos filmes mais influentes do gênero noir.

PERFIL: Jean Hagen

Jean Shirley Verhagen tem uma carreira curta no cinema, sua filmografia não é tão extensa. Porém, acredito que nos poucos filmes que fez, chamou atenção de muitos.

Antes de começar a atuar, Jean trabalhou como atendente de um teatro. Em 1946 fez "Another Part of the Forest" sua primeira peça na Broadway. Apenas três anos depois estreou no cinema, seu primeiro papel foi como femme fatale do filme Adam's Rib (A Costela de Adão). Logo depois atuou em O Segredo das Joias,trabalho pelo qual recebeu excelentes críticas. Talvez não se lembrem dela por nenhum desses filmes, pois seu maior sucesso foi "Cantando na Chuva" onde interpretou Lina Lamont; personagem que lhe rendeu uma indicação de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar de 1953.

No mesmo ano que recebeu essa indicação, a atriz estreou na tv em Make Room for Daddy , um sitcom onde ela interpretava a esposa do comediante Danny Thomas. Recebeu três indicaçãoes ao Emmy pela sua atuação. Insatisfeita, deixou a série, e apartir daí só marcou presença como codjuvante nos filmes: The Knife Big em 1955, The Shassy Dog em 1959, Sunrise at Campobello em 1960 e Dead Ringer em 1964 (onde atuou ao lado de Bette Davis).

Após esses trabalhos, Jean Hagen ficou doente e passou muito tempo no hospital. Depois voltou à ativa novamente, participou dos seriados "Starsky and Hutck" e "The Streets of San Francisco". Seu último trabalho foi em 1977 no filme Alexander: The Other Side of Dawn (feito para TV). Nesse mesmo ano Jean Hagen morreu devido um câncer na garganta, tinha 54 anos de idade.

CURIOSIDADES: Você sabia que...

... Assim como alguns clássicos do cinema - um exemplo é Casablanca - The Asphalt Jungle também chegou a ganhar uma versão televisiva protagonizada por Jack Wardne?

... Que o livro de Ban Madow também serviu de base para o roteiro do faroeste Os Malvados da Terra (The Badlanders) de Delmer Davis (Flechas de Fogo e Prisioneiro do Passado)?

INDICAÇÕES:
  • Melhor ator Coadjuvante - Sam Jaffe
  • Melhor Diretor - John Huston
  • Melhor Fotografia em Preto e Branco
  • Melhor Roteiro
Vídeos - Trailer / Cena Final / Cena de Marilyn Monroe

Por: Thiago Paulo

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Oscar 1951 - O Papai da Noiva


Quem nunca assistiu a "O Pai da Noiva" - com Steve Martin e Diane Keaton -, produção dos estúdios Disney do início da década de 1990, que atire a primeira pedra! O que pouca gente sabe, no entanto, é que o filme é refilmagem da clássica comédia de 1950, intitulada "O Papai da Noiva", com Spencer Tracy - no papel do "papai" - e ElizabethTaylor - no papel da "noiva", claro.

Dirigido por Vicente Minelli, o filme narra a história de Stanley"Stan" Banks, pai da jovem Kay, que vira a vida do seu genitor de ponta-cabeça quando anuncia o seu casamento.

Baseado no romance de Edward Streeter e adaptado para a tela grande por Frances Goodrich e Albert Hackett - que concorreram ao prêmio de Melhor Roteiro -, o filme conta com um elenco de peso, com nomes como Don Taylor, Billie Burk - a Bruxa Boa do Norte de O Mágico de Oz -, Leo G. Carroll e Joan Bennett, no papel da Sra. Banks.

PERFIL: Spencer Tracy.

Spencer Bonaventure Tracy é uma das grandes lendas do cinema. Está em nono lugar na classificação do AFI, na lista dos "Maiores Astros De Todos Os Tempos". Indicado nove vezes ao Oscar de Melhor Ator, papou a estatueta em duas ocasiões.

Começou sua carreira no cinema graças à John Ford que o viu na Broadway e o escalou para Up In The River (1930), ao lado de Humphrey Bogart. Depois disso, Tracy não parou mais, estrelando 25 filmes nos cinco anos seguintes!

Ganhou seu primeiro Oscar em 37, por Captains Courageous , repetindo o feito no ano seguinte, por Boys Town . É possuidor, ao lado de Sir Laurence Olivier, do recorde de maior número de nomeações como Melhor Ator.

Em 41, durante as filmages de Woman of The Year, conheceu aquela que foi sua grande paixão: Katharine Hepburn. Mas Tracy era casado e, como católico fervoroso, jamais se separou da esposa. Seu relacionamento com a amante, no entanto, durou exatos 26 anos!

Com a saúde fragilizada graças ao diabetes e ao alcoolismo, SpencerTracy voltou aos estúdios depois de um enfarto, para estrelar, ao lado de Katharine, "Adivinhe Quem Vem para Jantar", comédia dramática quel he rendeu sua última indicação. Exatamente três semanas após o término das filmagens, Katharine Hepburn o encontrou morto na cozinha de casa, vitimado por um ataque fulminante. O filme foi lançado seis meses após a morte do protagonista, levando os prêmios de Melhor Roteiro e de Melhor Atriz para Katharine.

CURIOSIDADES: Você sabia que...

... o filme rendeu uma continuação, em 51, chamado o Netinho do Papai? E que o seu sucesso foi tanto que, durante os anos 60, virou série televisiva exibida pela CBS?

... que o AFI o classificou na 83ª posição em sua lista "100 Years... 100 Laughs" ?

... que Spencer Tracy trabalhou em 75 filmes - sem contar os curtas - e que só ao lado de Katharine esteve em nove produções?

... que um de seus Oscar recebeu a inscrição Dick Tracy, sendo corrigida posteriormente?

... que o personagem Carl de Up, Altas Aventuras foi inspirado numa mistura de Tracy e Walther Matthau, segundo o próprio diretor da animação, Pete Docter?

INDICAÇÕES:
  • Melhor Ator
  • Melhor Filme
  • Melhor Roteiro
Por: Marcelo Antunes

domingo, 4 de abril de 2010

Oscar 1951 - Flechas de Fogo


Flechas de Fogo (Broken Arrow) foi produzido por Julian Blaustein - também produtor de Senhor 880, filme que concorreu na mesma cerimônia - e dirigido por Delmer Daves e é considerado o primeiro grande filme de faroeste desde a Segunda Guerra Mundial a se posicionar a favor dos índios. Diferentemente de alguns filmes lançados naquela época, esse filme, roteirizado por Albert Maltz e co-assinado pelo próprio diretor, foi produzido em cores a fim de que fosse mais perceptível a diferenciação significativa entre os dois mundos conflitantes abordados.

O filme se inicia no ano de 1870 e aborda o conflito entre os colonizadores e os índios apaches pelas terras do oeste durante a expansão territorial estadunidense. Resistindo bravamente à invasão civil, os índios foram rapidamente tratados como seres hostis e, por isso, tornam-se alvos fáceis dos mineiros e fazendeiros, de um modo geral. Em meio a isso, Tom Jeffords - um ex-soldado, interpretado por James Stewart - acaba salvado um garoto indígena e, a partir de então, se preocupando com a posição dos nativos naquela batalha. Exercendo função de intermediador, ele tenta estabelecer uma atitude diplomática entre os conquistadores e os resistentes.

É importante ressaltar que a finalidade do filme não é desconstruir os expansionistas, mas humanizar os indígenas, que foram brutalmente massacrados nesse período americano. Em 1870, para se ter ideia, o conflito já durava 10 anos! O próprio título faz alusão às atitudes pacifistas dos índios: ao apresentar a flecha quebrada, os índios simbolizavam a cessão dos disparos, mostrando assim que haviam parado de combater. Acontecido há menos de 100 anos, os combates intensos eram fresco ainda na memória do país e talvez por esse motivo o filme tenha cativado ainda mais os membros da Academia, que acharam justo nomeá-lo com três indicações, sendo que uma delas era voltada exatamente para o roteiro.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Ator Coadjuvante - Jeff Chandler
  • Melhor Roteiro Original - Albert Maltz
  • Melhor Fotografia - Ernest Palmer
Por: Luís Adriano

sábado, 3 de abril de 2010

Oscar 1951 - Nobre Rebelde


John Sturges, o homem dos westerns violentos, ágeis e ásperos como Conspiração do Silêncio, Sem Lei e sem Alma, Duelo na Cidade Fantasma, Duelo de Titãs, Sete Homens e um Destino e o clássico da ação Fugindo do Inferno dirigiu essa produção indicada ao Oscar em duas categorias em 1951.

Porém tudo isso veio depois desse drama biográfico sobre a vida do jurista, médico, escritor e poeta americano Oliver Wendell Holmes, vivido pelo veterano ator Louis Callhern (de alguns grandes filmes como Notorious, O Segredo das Jóias, A Vida de Emile Zola, Os Últimos Dias de Pompéia, Diabo a Quatro entre muitos outros). Por sua interpretação segura e delicada do famoso personagem histórico ele recebeu sua indicação ao Oscar.

A produção artística do filme também vai bem, tendo inclusive seu figurino também indicado a premiação.

Um filme que hoje foi praticamente esquecido, o que é uma pena, pois a atuação de Callhern é uma das mais interessantes de toda a década de 50, além de ser interessante acompanhar John Sturges antes de seus inúmeros westerns consagrados.

Alguns podem reclamar (e com razão) que o filme simplesmente ignora os “primeiros” 60 anos da vida de Holmes, focando-se a partir do momento em que o jurista encerra sua carreira na Suprema Corte Federal Americana e parte para seus últimos anos como escritor.

Realmente seria muito interessante acompanhar toda a vida do personagem, mas o que o filme quer mostrar é a figura humana por trás do “mito” e com o incrível auxílio da atriz Ann Harding (que interpreta a mulher de Holmes, Fanny) consegue expor um casal e um personagem interessante e cativante.

Por: Alexandre Landucci

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Abril - 23ª Edição do Oscar (1951)

 Bette Davis em "A Malvada"

UM OSCAR POR MÊS - o nome do blog já diz tudo. Mensalmente, uma edição dos Academy Awards é "discutida". Primeiro foi 1942, depois 1999.  Em março, optamos por analisar filmes vencedores do Oscar de um passado relativamente "recente" - e fechamos com 77.  Abril chegou e com ele o dilema:  "com qual ano ficamos?".  Depois de alguma discussão, ficou acertado que  a 23ª edição - apresentada em 1951 e que premiou filmes exibidos em 1950 - seria o nosso foco.

Definitivamente, aquele foi um bom ano.  Entre os cinco indicados à categoria de Melhor Filme, dois são reconhecidos como grandes clássicos do cinema:  A Malvada (All About Eve), de Joseph L. Mankiewicz, e Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard), de Billy Wilder.  Duas obras-primas com temas semelhantes - tanto Margo quanto Norma eram atrizes.  Na disputa, A Malvada saiu na frente e até hoje muita gente pergunta se o prêmio não devia ter ido para Crepúsculo dosDeuses.

No quesito melhor atriz, outra polêmica histórica.  Judy Holliday leva a estatueta pela comédia Nascida Ontem (Born Yesterday), desbancando Bette Davis e Gloria Swanson - e suas interpretações memoráveis.   Se Judy  - e o seu papel de loura "nada" burra - mereceu o prêmio, é algo que veremos durante o mês.

Pronto, o convite está feito.  Contamos com você nessa viagem.   Nossa primeira parada é "Nobre Rebelde", produção da Metro-Goldwin-Mayer dirigida por  John Sturges e que valeu uma indicação de melhor ator a Louis Calhern.  Portanto, apertem os cintos e bon voyage!

Por: Marcelo Antunes
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