A categoria Best Actor in a Leading Hole marcou-se no ano de 1988 pela indicação dos seguintes atores: Jack Nicholson, Marcelo Mastroianni, Michael Douglas, Robin Williams e William Hurt, interpretando, respectivamente, um alcoólatra com remorso, um bon vivant conquistador, um milionário ganancioso, um radialista bem humorado e, por último, um âncora bonitão de telejornal.
Quanto a esses atores, vale comentar que desses nomes, apenas um deles era verdadeiramente estreante na lista de indicações da Academia: Robin Williams – que foi indicado pela sua atuação em “Bom Dia, Vietnã”. Mais tarde, viria a receber mais três indicações, sendo a sua última como coadjuvante pelo filme “Gênio Indomável”, que lhe haveria de dar o prêmio. Michael Douglas, que já havia conquistado uma estatueta pela produção do filme “Um Estranho no Ninho”, agora concorre pela primeira - e até hoje única - vez como ator, na única categoria a qual “Wall Street” concorreu.
Mastroianni, por sua vez, firmava-se já como um grande nome italiano reconhecido pelo cinema norte-americano e recebia a sua terceira e última indicação pelo filme “Olhos Negros”. À época da cerimônia, William Hurt, que concorreu por “Nos Bastidores da Notícia”, contava também com a sua terceira indicação, assim como Mastroianni. A diferença entre eles é que Hurt disputava pela terceira vez consecutiva na categoria, tendo ganhado no ano de 1986, por “O Beijo da Mulher-Aranha” e concorrido em 1987 por “Filhos do Silêncio”. Jack Nicholson concorria ao prêmio pela nona vez, já o tendo recebido duas vezes: nos anos de 1976, como lead actor, por “Um Estranho no Ninho”, e 1984, como supporting actor, por “Laços de Ternura”. Interessante apontar que, à época de sua indicação, Nicholson tornou-se o segundo ator, em empate com Spencer Tracy, mais indicado ao Oscar (ambos estavam atrás de Laurence Olivier, com 10 indicações).
Dos cinco atores, três deles – Williams, Mastroianni e Douglas – competiam na única categoria a que seus filmes competiram, numa demonstração de que a Academia considerava boas as suas atuações a ponto de elencá-las como a qualidade máxima dos filmes estrelados por esses atores. A surpresa ficou por conta da consagração de Michael Douglas como o vencedor do prêmio, decerto num dos melhores momentos de sua carreira. Vale notar que ele também estava noutro filme importante dessa edição do Oscar, “Atração Fatal”, que rendeu à sua parceira de cena uma indicação na categoria feminina de atuação. Assim, fechou-se a noite com Douglas recebendo seu segundo Oscar da carreira em sua primeira indicação em categoria de atuação.
por Luís Adriano de Lima
Uma entrega de prêmio que nos arranca um sorriso do rosto. O anúncio das cinco candidatas, já na cerimônia de premiação, mostra uma Cher de cara mais fechada, uma Meryl Streep já acostumada, uma Sally Kirkland engraçada, uma Glenn Close mais madura e uma Holly Hunter orgulhosa. Revendo o anúncio, quem consegue colocar os olhos em Cher, a vencedora, com a bela atitude de amizade expressa por Meryl Streep, que se felicita tanto pela amiga? Pela primeira vez, se vê um sorriso no rosto de Cher, desde o começo da cerimônia.
Bastante ovacionada, a cantora levou alguns segundos até que a plateia ficasse mais quieta, para que então pudesse discursar. "Esse prêmio representa 23 ou 24 anos do meu trabalho". Ela faz menção à importância do maquiador no filme, porque vemos em Feitiço da lua uma Cher bastante diferente daquela com qual estamos acostumados a ver brilhar no palco. Semanas antes do lançamento do filme nos Estados Unidos, o New York Times noticiava que entraria em cartaz uma história de italianos enamorados, com a Cher, e que seria bastante diferente de seus trabalhos até então, mas que as pessoas ainda teriam um toque da essência cheriana, o que se mostra presente com a transformação que ela sofre no salão de beleza. Não poderia faltar, por fim, uma homenagem a Streep que, segundo a cantora, foi com quem fez seu primeiro filme (Silkwood - O retrato de uma coragem [1983]).
A vitória como Melhor Atriz no Oscar de 1988 foi a única estatueta da californiana Cher, que tinha 41 anos à época do lançamento do filme. Apesar disso, ela já tinha sido indicada a um prêmio: Melhor Atriz Coadjuvante por Silkwood - O retrato de uma coragem (1983), que teve Meryl Streep como atriz principal. Glenn Close, por sua vez, recebeu cinco indicações como atriz no Oscar (3 como coadjuvante, 2 como principal), mas não ganhou nenhuma vez. É curioso ver que todas essas indicações aconteceram nos anos 80, época auge da carreira de Glenn. A novata Holly Hunter seria indicada pela primeira vez por Nos bastidores da notícia. Depois disso, seria indicada mais 3 vezes (1 vez como principal, 2 como coadjuvante), ganhando uma delas (O piano [1993]). Meryl Streep já tinha ganho dois prêmios: Melhor Atriz em 1983 por A escolha de Sofia e Melhor Atriz Coadjuvante por Kramer vs. Kramer (1980). Sally Kirkland teve, neste ano, sua única indicação à Academia. Apesar disso, recebeu, também por Anna, o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama.
Até a premiação de 1988, vejamos como estava a "familiaridade" das atrizes indicadas com o prêmio de Melhor Atriz (não contabilizo aqui o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante): Meryl Streep, natural de Nova Jérsei (EUA) e com 38 anos à época, já tinha sido indicada 4 vezes e ganho 1. As outras nunca tinham sido indicadas a esse prêmio. Glenn Close (nascida em Connecticut, com 41 anos) e Cher (californiana de 41 anos), entretanto, já tinham sido indicadas a Melhor Atriz Coadjuvante 3 e 1 vezes, respectivamente. Holly Hunter (da Geórgia, EUA, com 30 anos) e Sally Kirkland (novaiorquina de 46 anos) nunca tinham sido indicadas ao Oscar.
Como se nota, todas são estreantes, salvo Meryl, que já nem parece mostrar se importar por não ter ganho. Depois de Ironweed, pelo qual a atriz concorreu em 1988, foram mais oito indicações a Melhor Atriz e uma a Melhor Atriz Coadjuvante, sem nenhuma vitória... Os jornais de 12 de abril de 1988 todos noticiavam a vitória da cantora e atriz, que recebia, no Estado natal, a maior premiação cinematográfica de sua carreira. De qualquer forma, temos que refletir... uma estrela despontava no mundo, e vejam que Believe, porta-voz de Cher, só surgiu dez anos depois! Na época, ela fazia sucesso com as músicas mais pesadas e tristes, do tipo Heart of stone, lançado dois meses após a cerimônia do Oscar. Assim, podemos entender melhor a arte de Cher no fim da década de 80.
por Darlan Xavier Nascimento
O Oscar de Melhor Ator Coadjuvante teve grandes nomes concorrendo à estatueta naquela noite no Dorothy Chandler Pavillion. São eles Albert Brooks (como Aaron Altman em “Nos Bastidores da Notícia”), Morgan Freeman (como Fast Black em “Armação Perigosa”), Sean Connery (como Jim Malone em “Os Intocáveis”), Vincent Gardenia (como Cosmo Castorini em “Feitiço da Lua”) e Denzel Washington (como Steve Biko em “Um Grito de Liberdade”).
Apesar da qualidade dos atores, o único no grupo a já ter sido indicado foi Vincent Gardenia em 1974, por sua atuação em “A Última Batalha de um Jogador”; desta forma todos os outros que concorreram ao prêmio eram estreantes. Morgan Freeman viria a ser indicado mais três vezes (duas como ator principal por “Conduzindo Miss Daisy” e “Um Sonho de Liberdade”), consagrando-se com a vitória em 2005 por “Menina de Ouro” (como ator coadjuvante).
Denzel Washington voltaria a mostrar seu talento à Academia por mais quatro vezes: como ator coadjuvante venceria sua primeira estatueta por “Tempo de Gloria” em 1989; como ator principal recebeu três indicações ao Oscar, por “Malcolm X” (1992), “Hurricane - O Furacão” (2000) e “Dia de Treinamento” (2002) ganhando por esse último.
Apesar da vitória merecida Sean Connery, não voltaria a disputar um Oscar por nenhuma categoria, assim como Albert Brooks. Assim, 1988 fica marcado por ser o único ano que ambos concorreram ao prêmio, e também pela gloriosa vitória desse grande ator escocês ícone do cinema, que, já no anúncio de seu nome, se ouvia aplausos calorosos evidenciando uma vitória já esperada.
por Rafael Castro
Olympia Dukakis – Feitiço da Lua
Ann Sothern – Baleias de Agosto
Anne Ramsey – Jogue Mamãe do Trem
Anne Archer – Atração Fatal
Norma Aleandro – Gaby – Uma História Verdadeira
Em 1988, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante, tivemos dois grupos: de um lado, três filmes que tiveram apenas uma indicação: falamos de “Baleias de Agosto”, “Jogue Mamãe do Trem” e “Gaby – Uma História Verdadeira”. Do outro lado, temos dois grandes campeões de indicações naquele ano: “Feitiço da Lua” e “Atração Fatal”.
Todas as atrizes indicadas jamais haviam sido indicadas antes, apesar de uma delas - Ann Sothern - ser extremamente conhecida pela sua intensa carreira cinematográfica, que vai da década de 1920 à década de 1980 (sendo The Whales of August o seu último filme), e muitos cinéfilos inclusive consideram a sua indicação como um reconhecimento tardio à sua carreira, assim como se supõe ter acontecido com Lauren Bacall (“O Espelho Tem Duas Faces”), em 1997, e Ruby Dee (“O Gângster Americano”), em 2008.
Tiro o chapéu para Ann Sothern, Anne Ramsey e Norma Aleandro por que, mesmo que os filmes no qual trabalharam não tenham sido indicados, elas conseguiram se destacar o suficiente para serem indicadas.
A vencedora da categoria foi Olympia Dukakis (“Feitiço da Lua”) e o seu prêmio marcou a oitava de dez vezes, ao longo de 76 edições, nas quais se premiaram a atriz e a atriz coadjuvante do mesmo filme (as vezes posteriores, até o momento, aconteceriam com os filmes “O Piano” e “Shakespeare Apaixonado”, respectivamente em 1994 e em 1999). São 76 edições porque a categoria de melhor atriz/ator coadjuvante só surgiu em 1936, quando já se haviam premiado sete atrizes. Outra curiosidade nesse ano na categoria é que a argentina Norma Aleandro, se tornou a primeira sul-americana a competir ao Oscar. Sua indicação mesmo tendo sido a primeira, não aconteceu em sua língua materna, uma vez que a primeira sul-americana a competir a Oscar atuando numa língua não-inglesa e, mais especificamente, na língua materna foi Fernanda Montenegro.
por Levi Ventura
Um comentário:
Inegável que house grandes atuações nessa temporada e que muitos nomes estão aí na lista verdadeiramente por merecer. Já outros, como habitual: sempre há indicações misteriosas, não fazem jus à posição que ocuparam como nominados.
Quanto aos atores das duas categorias, posso dizer, sem revelar muito, que participam de grandes filmes, alguns memoráveis, como "Wall Street" e "Os Intocáveis", duas grandes produções.
Quanto às atrizes, também das duas categorias, destaque para os filmes "Anna", "Feitiço da Lua" e "Atração Fatal", faltando a meu ver uma indicação a Diane Wiest como atriz coadjuvante por "A Era do Rádio", o melhor filme de 1987!
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