quinta-feira, 29 de abril de 2010

Opiniões Oscar 1951 - A Malvada ou Crepúsculo dos Deuses?



Não é novidade para ninguém que Bette Davis é a minha atriz preferida e que 1951 era o ano que eu mais esperava "analisar" desde a criação do blog. Na realidade, quando o Um Oscar Por Mês foi concebido, numa conversa com o Thiago no Google Wave, esse foi o primeiro ano que me veio à cabeça. Realiza: All About Eve e Sunset Boulevard concorrendo à estatueta de Melhor Filme; Bette e Gloria Swanson disputando o prêmio de Melhor Atriz... e, para completar o embrólio, o Oscar vai parar nas mãos de uma terceira, cuja vitória, até hoje, é questionada por muita gente. Esse foi ou não um grande ano?

Minha paixão por Davis começou aos 10 anos, quando li, no jornal, a sinopse de A Malvada, que estaria sendo exibido, aquela noite, na TV Cultura. Naquele tempo a emissora não era transmitida aqui no Rio e nem havia TV a cabo. Tive que me contentar até a Globo resolver exibí-lo em uma de suas madrugadas - o que não tardou a acontecer. A partir daquele dia, passei a ver e colecionar tudo relacionado à ela. Lembro do dia de sua morte com perfeição, embora fosse ainda bem moleque. Trocando em miúdos: Bette Davis é Bette Davis, mas ela que me perdoe... Se tivesse que escolher entre as três - ela, Swanson e Judy Holliday - para levar o prêmio daquele ano, minha escolha seria...

...Gloria Swanson!

Mas porquê?

Embora Bette estivesse perfeita como a temperamental estrela Margo Channing, jamais consegui encontrar adjetivos para a Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses. Aquele foi o grande momento, o retorno triunfal de Gloria Swanson, que não fazia um filme há quase uma década. Embora o filme inteiro seja um show de interpretação, bastaria a cena final em que, desvairada, a atriz "encarna" a Salomé - "Estou pronta para o meu close, Mr. De Mille" - para me convencer que aquela não foi só a grande interpretação daquele ano, mas uma das maiores de toda a história do cinema. Repito: Bette estava afiadíssima, não dando oportunidade de ser ofuscada por Anne Baxter - que também concorreu ao prêmio -; Judy era a própria loura "nada" burra Billie Dawn... só que Gloria Swanson foi além: matou a cobra e mostrou o pau! Sinceramente? Poderia ter rolado um empate, como em 69, com Barbra Streisand e Katharine Hebpurn. Mas a Academia, numa saia justa danada, preferiu contemplar uma terceira! Viagem, né? Ou não.

Agora vamos ao Melhor Filme: A Malvada ou Crepúsculo dos Deuses? Ó, dúvida cruel! Sunset Boulevard é fundamental, como o Thiago citou em seu texto. Cheio de referências ao próprio cinema, com coadjuvantes de peso como Cecil B. De Mille e Buster Keaton, levou mais que merecidamente os prêmios de Melhor Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora. Mas All About Eve é o filme! Não podia ser diferente: personagens inesquecíveis, diálogos memoráveis, Bette Davis em sua melhor forma e até uma pontinha de Marilyn Monroe, pra variar! Não teve para ninguém! Um filme eterno! Tão eterno que Gilberto Braga, 53 anos depois, o usou como inspiração para a sua "Celebridade"! Afinal, como esquecer Bette Davis mandando o recado: "Apertem os cintos, que esta vai ser uma noite agitada!"?

Falei e disse.

Por: Marcelo Antunes

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Além da pergunta do título das opiniões desse mês, temos mais uma: Juddy Holliday realmente mereceu levar o prêmio de Melhor Atriz? Para mim essa pergunta é mais fácil de se responder que a primeira. Gostei muito de Nascida Ontem e da atuação de Judy, mas após conferir A Costela de Adão percebi que ela não muda muito de um filme para o outro, apenas a caracterização. Por isso, o prêmio seria muito mais merecido se fosse entregue para Bette Davis ou Gloria Swanson; que como dito no post de abertura apresentam duas interpretações memoráveis. Mas e ai, porque Judy Holliday saiu como vitoriosa então? Ao meu ver, Emma Dawn (personagem da atriz em Nascida Ontem) conquistou não só o público, como também os membros da acadêmia. Mesmo com aquela voz irritante, é impossível não gostar da personagem.

No caso de Bette Davis e Gloria Swanson é diferente, porque suas personagens são completamente o oposto de Emma Dawn. Se tivessem levado em consideração as atuações, com certeza o prêmio teria ido para uma dessas duas. Davis e Swanson estão incríveis em cada uma das cenas!

Já perceberam que não consigo escolher uma, ? E não tem como mesmo, para fazer isso teria que escolher qual delas é minha preferida e não qual é a melhor atriz. E nesse caso seria Bette Davis.

Agora, qual deveria ter ganho o prêmio de Melhor Filme? Os dois são filmes fantásticos, indispensáveis para qualquer cinéfilo ver. Obras-primas do cinema! Quem já viu Crepúsculo dos Deuses e A Malvada sabe que são filmes bem parecidos. Além de cada um fazer uma grande homenagem ao cinema e ao teatro, também apresentam uma narrativa bastante parecida. Os dois começam por uma das cenas finais e usam uma narração em off para contar sua histórias. Já comentei por aqui que adoro filmes com esse tipo de narrativa, então, só por isso, os dois filmes já me conquistaram.

Sem dúvida este ano apresentou uma das maiores disputas pela estatueta de Melhor Filme, Escolher um deles não é uma tarefa fácil. Se for para pensar como um todo, A Malvada foi o que gostei mais. O filme não é só de Bette Davis, mas também de ótimos coadjuvantes, diálogos fantásticos e muito mais. Então, A Malvada é minha escolha desse mês.

Espero que não tenha ficado muito confuso. Até a próxima!

Por Thiago Paulo

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