domingo, 29 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Opiniões [Parte 2]


Pensar que Amor, Sublime Amor conseguiu levar dez estatuetas me deixa um pouco desconfortável. Não sei se é em função de eu não ser fã do musical, mas, não consigo ver tantos méritos nessa produção. A vitória arrasadora se torna ainda mais questionável quando o cultuado Julgamento em Nuremberg também estava na disputa.

Por um outro lado, foi gratificante ver a italiana Sophia Loren ser premiada por seu maravilhoso desempenho em Duas Mulheres. Além de fazer história (ela foi a primeira atriz de língua não-inglesa a ganhar reconhecimento nos prêmios de atuação da Academia), trouxe um dos desempenhos mais interessantes daquela época.

O que fica bem claro na cerimônia de 1962 é que a adoração exacerbada por Amor, Sublime Amor ofuscou muitos outros filmes. Além, claro, de Julgamento em Nuremberg, deixou de lado longas como Infâmia, A Doce Vida, Canhões de Navarone e Bonequinha de Luxo. Portanto, acredito que um maior equilíbrio era necessário entre os premiados.

Ou seja, Amor, Sublime Amor não só levou os prêmios principais, como também faturou estatuetas de atuações e consagrações no setor técnico. Muito para um filme que, ao meu ver, não era digno de tanto confete. A cerimônia de 1962, no final das contas, teve olhos para um filme só e não soube reconhecer tantos outros filmes excelentes que estavam na competição...


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Mais um mês chega ao fim, e com ele deixamos para trás outra edição do Oscar. O 34ª Academy Awards nos apresenta à grandes clássicos do cinema, filmes que continuam impressionando e emocionando muita gente.

Nesse mês a decisão a ser tomada foi mais fácil que nos anteriores. A grande dúvida dessa edição é se West Side Story (Amor, Sublime Amor) foi, realmente, o Melhor Filme de 1961? Óbvio que não. Dentre os cinco indicados temos um filme que supera todos os outros: Julgamento em Nuremberg, obrigatório em todos os sentidos.

Se o filme é tão bom assim, então, porque Jerome Robbins e Robert Wise saíram com todas essa estatuetas na noite de entrega do prêmio? Sabemos que a academia adora musicais, West Side Story é um dos mais famosos do cinema, então, aconteceu o que sempre acontece: o filme mais comentado acabou levando o prêmio. Sinceramente, não consigo acreditar nisso... Não que o musical seja tão ruim, só que Jugamento em Nuremberg é mais completo.

Dos prêmios que “Amor, sublime Amor” ganhou, diria que o de Melhor Atriz Coadjuvante é o mais merecido, Rita Moreno rouba a cena no filme. No caso de Ator Coadjuvante o prêmio deveria ser de um dos indicados pelo filme Desafio à Corrupção, que tem as atuações como ponto forte.

A disputa de Melhor Ator [Maximillian Schell, charles Boyer, paul Newman e Spencer Tracy] e Atriz [Sophia Loren, Audrey Hepburn, Geraldine Page, Piper Laurie e Natalie Wood] foi boa demais, não consigo nem ao menos me decidir se concordo ou não com o resultado.

Essa edição me surpreendeu, foi um prazer enorme conhecer certos filmes que foram indicados. Como esquecer do final de Infâmia, ou da simpatia de Geraldine Page em O Anjo de Pedra? Do visual de Fanny, e dos efeitos especiais de Os Canhões de Navarone? Tudo bem, pode até ser ruim se for comparado aos efeitos do cinema atual, mas, levando em consideração a época que foi filmado, ele impressiona muito (o filme foi o único indicado na categoria Melhores Efeitos Visuais).

Além de tudo isso ainda temos A Doce Vida e De Crápula a Herói, dois clássicos italiano que marcaram presença na 34ª edição do Oscar.

É isso, grandes filmes, grandes atuações, grandes surpresas. Essa edição seria perfeita se “Julgamento em Nuremberg” tivesse ganho o maior prêmio do cinema.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Opiniões [Parte 1]


Quem acompanha as entregas do Oscar sabe que todo ano há um filme que recebe grande destaque na cerimônia. Nas edições mais recentes, podemos exemplificar com os filmes “Quem Quer Ser um Milionário?”, de 2009, e “Guerra ao Terror”, de 2010. No ano de 1962, o grande filme da noite foi West Side Story, cujo título nacional é “Amor, Sublime Amor”. Ainda que esse tenha sido o grande vencedor, houve mais filmes que ficaram bem próximos em indicações, como “Julgamento em Nuremberg” e “Desafio à Corrupção”, que concorreram nas principais categorias, inclusive na disputa máxima.

Antes de começar a expor a minha opinião, gostaria de fazer uma pequena incursão pelos últimos anos do Academy Awards e, assim, traçar um paralelo com o ano que analisamos em agosto. Quando observamos os indicados e os vencedores dos últimos dez anos de prêmio – período, portanto, compreendido de 2001 a 2010 –, perceberemos que houve bastantes filmes do gênero musical que concorreram. Desde a “reinvenção” desse gênero, ocorrido em 2001, com o lançamento de Moulin Rouge, muitos produtores investiram pesadamente em filmes embasados pelas canções e coreografias, dentre os quais podemos citar Chicago, Dreamgirls, Nine, que concorreram em várias categorias (percebam: não estou me limitando à categoria principal). Acredito que a quantidade de filmes do gênero tenha aumentado ultimamente, estando cada vez mais notável a participação deles nas cerimônias. O parêntese que eu abri foi para expor um fato que eu acho muito curioso: nenhum musical conseguiu chegar à marca de 10 estatuetas conquistadas, tal como fizera Amor, Sublime Amor no ano de 1962.

Quero também apontar uma curiosidade: o ano que analisamos foi um dos que mais repetiu celebridades. Muitos artistas estiveram em mais de um filme, então, ao analisar os 17 filmes que concorreram nas oito categorias usuais, pudemos ver duas interpretações de uma mesma pessoa. Cito alguns casos: Audrey Hepburn esteve presente em Infâmia e em Bonequinha de Luxo, pelo qual foi indicada; Natalie Wood esteve em Amor, Sublime Amor, e em Clamor do Sexo, que lhe rendeu uma indicação; Warren Beatty, sem conquistar indicações, foi visto em Clamor do Sexo (co-protagonizando com a indicada Natalie Wood) e em Em Roma, na Primavera. Outros nomes de peso – de notável importância para o cinema – também estiveram presentes em filmes que nós conferimos: Bette Davis, Paul Newman, Vivien Leigh, Spencer Tracey, Sophia Loren.

Sem mais delongas, vou agora à minha opinião. É inquestionável que dentre os filmes, os mais notáveis para a Academia foram Amor, Sublime Amor, Desafio à Corrupção e Julgamento em Nuremberg, já que esses estiveram na categoria principal e também nas categorias importantes, como atuações, roteiro e direção. Fanny, cujo visual é muito interessante, decerto não estava no páreo e não concorria com os outros filmes e nessa mesma posição se encontrava o filme Os Canhões de Navarone, encurtando a lista de cinco indicados para apenas três, já que dois deles corriam fora da disputa, sem grandes chances de receber a estatueta. Retomando o meu segundo parágrafo, aproveitando para fechar o parêntese que abri acima e explicar minha opinião sobre o grande vencedor da noite, creio a pouca freqüência com que esses filmes musicais apareciam nas edições fizesse com que, ao conferiram Amor, Sublime Amor, vissem nele um tom a mais do que o filme realmente tem. Talvez eles tenham se impressionado com um ar enevoado de novidade e isso pode ter feito com que indicassem e premiassem o filme num nível exacerbado. Não sei se todos concordam comigo, mas a novidade que o filme apresenta – se é que apresenta –, não é suficiente para colocá-lo num patamar tão mais alto que os seus concorrentes, haja vista que Julgamento em Nuremberg, por exemplo, é perceptivelmente superior. Desafio à Corrupção está ao lado de Amor, Sublime Amor: ele igualmente provoca a ilusão de que é um grande filme. Não o é, no entanto – não para mim. O filme decerto vale pela presença marcante de Paul Newman e conceder-lhe a indicação foi justo, mas o filme, como um todo, não faz jus às nove indicações que recebeu.

As categorias de atuação foram marcadas também pelos atores dos filmes Desafio à Corrupção, que rendeu a quatro atores posições na lista dos indicados, e Julgamento em Nuremberg, que distribuiu cinco atores nas quatro categorias destinadas aos intérpretes. Sophia Loren, escolhida como a melhor atriz da noite, destacou-se em relação a concorrentes fortes, como Geraldine Page e Audrey Hepburn – e tenho a impressão de que sua atuação lhe foi mesmo capaz de colocá-la acima das outras. O mesmo digo de Maximilian Schell, que rouba a cena em Julgamento em Nuremberg – nem mesmo o já querido Spencer Tracey pôde lhe tirar o prêmio das mãos. Rita Moreno, a melhor atriz coadjuvante, surpreendeu-me e, tal como a Academia, a ela daria o prêmio daquela categoria. O melhor ator coadjuvante, porém, não me agradou. A indicação pode ter sido válida, mas o prêmio estaria bem melhor se tivesse vindo com o nome de Montgomery Clift escrito nele.

Não fico em dúvida ao afirmar: o grande filme da noite era Julgamento em Nuremberg. Preteri-lo em função de Amor, Sublime Amor é um erro grosseiro e blasfematório, principalmente quando penso que um filme tão bom recebeu apenas dois prêmios enquanto outro saiu com a marca assustadora de 10 estatuetas. Lembremo-nos disso: os três filmes que mais ganharam prêmios possuem 11 estatuetas. Perguntemo-nos: Amor, Sublime Amor seria quase tão bom quanto Ben-Hur, Titanic e O Senhor dos Anéis? Enfim, penso que o musical mais prestigiado pela Academia é inquestionavelmente sobrevalorizado e a ele daria, no máximo dois prêmios: Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Fotografia (Colorida).

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Final de julho e, como ocorre todo santo mês, "a pergunta que não quer calar" nos assaltava: “Qual edição do Oscar será dessa vez?” Já havíamos passeado praticamente por todas as décadas - 1942, 1951, 1977, 1981, 1999, 2006 -, menos os anos 30 - desconsiderando a primeira premiação, em 1929, que contemplou produções realizadas entre os anos de 27 e 28 - e os anos 60. Foi quando o Luís teve a ideia de nos debruçarmos sobre 1962, pois, segundo ele, “foi um grande ano, com títulos que sempre quis ver”.

O grande ganhador do 34º Academy Awards atende pelo nome, em bom Português, de “Amor, Sublime Amor”. O musical de Robert Wise concorreu em 11 categorias, conquistando 10 estatuetas, incluindo Melhor Filme e Direção.

A minha história com West Side Story é curiosa. Assisti o filme, pela primeira vez, numas férias de fim de ano, lá pelos 15 anos, numa daquelas madrugadas da Globo. Na ocasião, confesso, gostei bastante do que vi. Desde então, nunca mais havia tido contato com a obra, até que, alguns Natais passados, presentearam-me com um DVD do filme. Com a lembrança que tinha da história - de praticamente 15 anos “atrás” - corri para revê-lo. Não bastou muito tempo para comprovar que o nosso gosto depura com o tempo - ou não: dez minutos foram suficientes para cair nos braços de Morfeu. O número musical de abertura, praticamente sem música alguma, é longo e chato. Para mim, ali, pouco se salva. Embora goste muito da Natalie Wood, sua atuação é pequena se comprada com seu desempenho em Clamor do Sexo, outro filme concorrente daquele ano. Richardo Beymer, particularmente, só me agradou em O Diário de Anne Frank. Penso que tenha sido uma péssima escolha. E Rita Moreno... ah, sim! Rita Moreno é o grande nome de “Amor, Sublime Amor” - mas confesso que ficaria em dúvida em premiá-la com o Oscar.

O mais gozado nisso tudo é pensar que sou grande fã de outro musical de Wise, também ganhador de Melhor Filme e Direção, três anos depois: “A Noviça Rebelde”. Creio que essa minha identificação se dê por conta da história que, na minha opinião, é muito mais envolvente e pelas canções de Rogers e Hammerstein.

Esse chove-não-molha todo é para afirmar que, embora a Academia tenha laureado West Side Story como o grande filme daquele ano, para mim, essa posição é ocupada por Julgamento em Nuremberg. O filme de Stanley Kramer, que é apontado até hoje como um dos grandes filmes de tribunal de todos os tempos, tem atuações memoráveis - Maximillian Schell, arrebatador; Montgomery Clift, perfeito e uma Judy Garland que me deixa em dúvida se o prêmio realmente devia ter ficado com a Rita - e apesar das três horas de duração, não cansa - mérito do roteiro “redondo” de Abby Mann.

1962 ainda me revelou boas surpresas como Fanny - uma das fotografias mais bonitas que já vi - e A Balada do Soldado, indicado na categoria Melhor Filme Estrangeiro, que, aliás, recomendo entusiasticamente. Isso para não falar de outras obras como Infâmia e Os Canhões de Navarone... mas é melhor parar por aqui, antes que nossa meia dúzia de leitores vá embora e não volte nunca mais.



terça-feira, 24 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Bonequinha de Luxo / Duas Mulheres


Truman Capote é um autor que rendeu ao cinema alguns filmes importantes. Foram baseados nas obras dele, por exemplo, os filme A Sangue Frio e Bonequinha de Luxo e, mais tarde, a própria vida do escritor se tornou uma obra cinematográfica em 2005 (Capote, estrelado por Philip Seymour Hoffman). O seu livro Breakfast at Tiffany's, de 1958, foi adaptado para as telas em 1961 e teve no elenco, como protagonista, Audrey Hepburn, que concebeu uma das personagens mais carismáticas do último século.

Holly Golightly é uma garota que é paga pelos homens para "ir ao toalete". Ela vive confortavelmente num apartamento bem mobiliado, tem contatos com figuras importantes da high society e promove festas intensas para convidas ilustres. Conhece Fred Varjak, um rapaz que é sustentado pela amante e por quem Holly se sente atraída. A partir de então, eles passam por uma série de desencontros e problemas até serem capazes de se assumir apaixonados.

Do projeto inicial até a realização do filme, muitos fatores foram modificados. A começar pela atriz principal, que seria Marilyn Monroe e, depois, Kim Novak. A contratação de Audrey Hepburn resultou também na troca de diretor, já que a atriz - então com o segundo maior caché oferecido a uma mulher - exigiu isso. A obra literária foi bem modificada, sofrendo transformações para se adaptar à Hepburn e também para que pudesse ser vendido facilmente como uma comédia romântica. Assim, alusões à homossexualidade de Varjak e à bissexualidade de Holly foram omitidas. A Academia se encantou pela atuação de Hepburn e a indicou na categoria Melhor Atriz; indicou também Moon River, como melhor canção original, sendo que a música foi escrita especialmente para Audrey, que não tinha preparo de canto à época.

Bonequinha de Luxo é um filme considerado clássico no cinema. A atualidade retoma o ano de 1961 quando Breakfast at Tiffany's é citado, explicita ou implicitamente: em Direito de Amar, filme de 2010, um personagem lê o romance de Capote; em Um Olhar do Paraíso, também de 2010, uma personagem faz questão que a chamem de Holly; em 2006, uma modelo repetiu o trajeto feito por Holly, que caminha pela cidade em direção à loja Tiffany's. Independentemente do gosto de quem o vê, o filme decerto é revelante para o cinema e marcou-se na história.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Atriz (Audrey Hepburn)
  • Melhor Canção Original ("Moon River")


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Cesira (Sophia Loren) é viúva e dona de uma loja em Roma. Ela vive sozinha com a filha Rosetta (Eleonora Brown) e está enfrentando as dificuldades da Segunda Guerra Mundial. Quando a sua loja e sua vizinhança são vítimas de bombardeios e tiroteios, Cesira decide abandonar o lugar e voltar para Ciociaria, lugar de origem de sua família. No caminho, Cesira e Rosetta enfrentam as dificuldades de uma guerra, ao mesmo tempo em que tentam deixar acesa a chama da esperança.

Sophia Loren foi a primeira atriz estrangeira (leia-se de língua não-inglesa) que venceu o Oscar de melhor atriz. Loren, por sinal, também conquistou a Palma de Ouro em Cannes e o BAFTA por seu desempenho em Duas Mulheres. Coroação mais do que merecida para uma atuação repleta de sutilezas e, também, de muita vitalidade. Dá gosto ver a transitoriedade da personagem ao longo do filme. Primeiro, uma mãe vivaz e radiante. Depois, uma mulher corajosa e que precisa enfrentar as dificuldades da vida. Logo, um ser humano incrédulo e quase sem esperança com os acontecimentos da guerra.

Por mais que Duas Mulheres tenha méritos (que, inclusive, se expandem até o setor narrativo), a grande força da história está centrada no maravilhoso desempenho de Sophia Loren. A italiana une beleza e talento em uma composição impecável. Ela está sempre no ponto certo – seja na hora de ser sucinta ou nos momentos em que necessita explodir em lágrimas. Loren também é beneficiada pelas boas deixas do roteiro, que enfatizam bastante a força e a coragem das mulheres.

Duas Mulheres, então, pode até ser ambientado em plena Segunda Guerra Mundial, mas está longe de ser uma produção calcada em questões diplomáticas ou políticas. Esses assuntos existem, mas são quase como um pano de fundo. Duas Mulheres é mais um retrato humanizado das conseqüências da guerra e como vidas podem ser alteradas por acontecimentos como esse. É um filme bem conduzido e que, mesmo que não seja grandioso, encontra no acumulo de sutilezas o seu principal atrativo. Teve apenas uma menção no Oscar (a de atriz). Certamente merecia algo a mais.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Atriz (Sophia Loren)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Os Canhões de Navarone


Antes de começar essa maratona, não fazia ideia que a academia gostasse tanto de filmes de guerra. É um gênero que quase não fica de fora dessa premiação. Em 1962, o representante do gênero entre os indicados foi Os Canhões de Navarone.

The Guns of navarone recebeu, ao todo, sete indicações ao Academy Awards: Melhor Filme, Diretor, Montagem, Trilha Sonora, Som, Roteiro Adaptado e Melhor Efeitos Especiais; a única que ganhou.

Dirigido por John Lee Thompson, o drama se passa durante a Segunda Guerra e narra a trajetória de um grupo de aliados e sua missão; destruir os canhões alemães que se encontram n na ilha grega Navarone.

O filme conta com um super elenco estrelado por Gregory Peck, David Niven e Anthony Quinn. O roteiro foi adaptado por Carl Foreman de um livro escrito por Alistair MacLean, que, apesar de apresentar praticamente a mesma trama, recebeu várias mudanças, principalmente em relação aos personagens. Um bom exemplo disso é o personagem de Anthony Quayle (Roy Franklin), que foi criado especialmente para o filme.

Na época de seu lançamento, o sucesso de Os Canhões de Navarone foi tanto que o autor do livro escreveu uma continuação. Em 1978 essa continuação também ganhou as telas, mas com um elenco totalmente diferente. Comando 10 de Navarone (título dessa sequência) não foi tão bem recebido pela crítica e pelo público como o primeiro filme.


PERFIL: John Lee Thompson
John Lee Thompson nasceu Bristol, Inglaterra, e começou sua carreira nos palcos. Em 1975 foi contratado pela British International Pictures [para trabalhar como roteirista] e trabalhou como treinador de diálogo para Alfred Hitchcock.

Após o fim da Segunda Guerra, onde foi operador de telefone móvel para a Royal Air Force, teve sua primeira oportunidade de dirigir um filme. Muther Without Crime foi lançado, mas o sucesso mesmo só veio com seu segundo filme de Yellow Balloon.

Isso em seu país, porque só conquistou sua lugar em Hollywood quando substituiu Alexander Mackendrick na direção de Os Canhões de Navarone. Com o sucesso do filme, logo dirigiu seu segundo filme americano, Circulo do Medo, onde, mais uma vez, conduziu Gregory Pack. Esse filme ganhou um remake "Cabo do Medo" dirigido por Martin Scorsese em 1991.

Seus primeiros filmes foram seus maiores sucessos, mas, além deles, também dirigiu alguns filmes bastante conhecidos: Olho do Diabo, Os Reis do Sol e as continuações de "Planeta dos Macacos" são alguns deles.

Em toda sua carreira recebeu apenas uma indicação ao Oscar, nesse ano que estamos avaliando. O diretor morreu em 30 de agosto de 2002 com 88 anos de idade.

CURIOSIDADES...

- Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, faz uma referência ao filme quando o personagem Jules (Samuel L. Jackson) diz: Every time my fingers touch brain, I'm Superfly T.N.T., I'm the Guns of the Navarone!

- David Niven ficou muito doente depois de fazer uma cena onde ficava dentro da água, ele teve que ficar várias semanas internado em um Hospital.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:

  • Melhor Filme
  • Melhor Diretor
  • Melhor Montagem
  • Melhor Trilha Sonora
  • Melhor Som
  • Melhor Roteiro Adaptado
  • Melhor Efeitos Especiais


sábado, 21 de agosto de 2010

Oscar 1962 - A Marca do Cárcere / A Doce Vida



Federico Fellini é um dos diretores mais cultuados do cinema italiano e mundial. Em 1960 ele dirigiu o drama A Doce Vida, que foi indicado em quatro categorias na 34ª Edição do Oscar.

O filme traz Marcello Mastroianni como Marcello Rubini, um jornalista que vive cercado de celebridades. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, frequenta festas, conhece os tipos mais estranhos e descobre um novo sentido para a vida.

Considerado como a obra-prima do diretor e um dos filmes mais importantes do cinema, La Dolce Vita apresenta uma narrativa bem diferente; podemos dizer que a história é dividida em sete episódios e um prólogo. Por esse motivo, diria que um filme do tipo “ame” ou “odeie”.

A Doce Vida saiu com apenas uma estatueta na noite de entrega do Oscar, a de melhor Figurino. Mas, além dessas quatro indicações, também foi reconhecido em outros festivais de cinema, inclusive em Cannes, onde saiu com a Palme de Ouro de Melhor Filme.


INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Figurino
  • Melhor Diretor
  • Melhor Roteiro Original
  • Melhor Direção de Arte
Por: Thiago Paulo

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“A Marca do Cárcere” conta a história de Jim Fuller (Stuart Whitman), um homem de 33 anos que acaba de sair da prisão após cumprir pena de de três anos sob a acusação de ter molestado sexualmente uma criança. Tentando retomar sua vida, Jim arranja emprego em uma empresa e se apaixona pela secretária do patrão. No entanto, a paz de Jim muda quando chega a notícia de que uma criança foi atacada.

Além disso, um jornalista começa a investigar o caso e descobre que Jim tem passado tempo demais com a filha da namorada. Baseado em um romance de Charles E. Israel, “A Marca do Cárcere” recebeu indicação ao Oscar de melhor ator para Stuart Whitman. O papel havia sido oferecido anteriormente a Richard Burton, que recusou a proposta.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Ator (Stuart Whitman)


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Julgamento em Nuremberg


Judgment at Nuremberg, um dos cinco concorrentes na categoria principal dos Academy Awards, em 1962, é apontado, até hoje, como um dos grandes filmes de tribunal de todos os tempos. Nomeado em outras dez categorias, incluindo Direção e duas vezes Melhor Ator (Spencer Tracy e Maximilian Schell)  - e levando duas estatuetas para a casa -, o longa de Stanley Kramer nos apresenta uma história baseada em fatos verídicos, especialmente o caso Katzenberger, um dos julgamentos dos Processos de Guerra de Nuremberg. O roteiro ficou a cargo de Abby Mann, criador da série televisiva Kojak.

Três anos depois do término da Segunda Grande Guerra, Dan Haywood (Spencer Tracy), um juiz aposentado do Maine, é escolhido para chefiar o julgamento de quatro juízes alemães acusados de crimes de guerra. Um deles é Ernst Janning, ex-Ministro da Justiça, interpretado por Burt Lancaster.

Com um elenco estelar, encabeçado por Tracy, o filme conta ainda com Judy Garland, Marlene Dietrich e Richard Widmark. Atenção especial para a atuação de Montgomery Clift e Garland - indicados na categoria coadjuvantes e preteridos por George Shakiris e Rita Moreno, de Amor, Sublime Amor.

PERFIL: Maximilian Schell

Maximilian Schell é um ator, diretor e produtor austríaco, filho de um dramaturgo e de uma atriz, e que estreou no cinema alemão em meados da década de 1950.

Em 1958, estreia em Hollywood, com o filme Os Deuses Vencidos. Quatro anos depois ganha o Oscar de Melhor Ator por sua atuação como Hans Rolfe, o advogado de defesa no filme  Julgamento em Nuremberg.

Na década de 80, roda o documentário Marlene, sobre a vida da diva Marlene Dietrich, sua colega de elenco em Judgment at Nuremberg, conquistando vários prêmios.

CURIOSIDADES: Você sabia...

... que o filme marcou a estreia do eterno Capitão Kirk, William Shatner, na tela grande?

... que a história já havia sido apresentada, em 1959, na forma de novela, interpretada por Claude Rains e Paul Lukas?

... que o filme teve um remake, nos anos 2000, estrelado por Alec Baldwin e Brian Cox?

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Roteiro Adaptado
  • Melhor Ator - Maximilian Schell
  • Melhor Filme* Melhor Direção
  • Melhor Edição* Melhor Figurino
  • Melhor Fotografia* Melhor Direção de Arte
  • Melhor Ator - Spencer Tracy
  • Melhor Ator Coadjuvante - Montgomery Clift
  • Melhor Atriz Coadjuvante - Judy Garland

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Oscar 1962 - De Crápula a Herói / Em Roma, na Primavera



Il General della Rovere (ou De Crápula a Herói, título aqui no Brasil) é um dos dois filmes Italiano indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original em 1962 (o outro é A Doce Vida, de Federico Fellini).

Baseado em um conto e dirigido por Roberto Rossellini (Roma, Cidade Aberta), De Crápula a Herói conta a história de Emanuele Bertone (Vittorio De Sica), um golpista que, após ser preso, é contratado por um grupo nazista para se infiltrar entre os presos que fazem parte da resistência italiana. Para conseguir informações desses presos ele precisa fingir ser o “General della Rovere” líder do grupo.

Além dessa indicação ao Oscar, De Crápula a Herói também ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza.

INDICAÇÃO:
  • Melhor Roteiro Original (Sergio Amidei, Diego Fabbri e Indro Montanelli)

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The Roman Spring for Mrs. Stone foi dirigido por Jose Quintero, diretor panamense de teatro, e tem como autores do roteiro o famoso escritor Gavin Lambert e Jan Read. A história aborda a chegada da atriz Karen Stone em Roma, depois que o seu marido sofre um ataque cardíaco fatal. Ao expandir os seus contatos sociais, Karen conhece Paolo, um italiano que trabalha como gigolô. Os dois se envolvem num relacionamento intenso, com conseqüências notáveis.

No filme, constam nomes importantes do cinema, como, por exemplo, Vivien Leigh, que, àquela época, já havia conquistado dois prêmios da Academia – curiosamente, concorreu apenas duas vezes, nos anos de 1940 e 1952. Warren Beatty, que estreou em Clamor do Sexo, filme que também concorreu na cerimônia de 1962, também está presente em “Em Roma, na Primavera”. A Academia, no entanto, sentiu-se tocada pela atuação de Lotte Lenya, atriz australiana que era também cantora. Pelo papel da condessa que introduz Paolo a Karen Stone, Lenya recebeu a sua única indicação ao Oscar, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante.

INDICAÇÃO:
  • Melhor Atriz Coadjuvante (Lotte Lenya)

domingo, 15 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Amor, Sublime Amor


West Side Story - Amor, Sublime Amor, no Brasil - foi o grande vencedor da 34ª edição dos Academy Awards. O filme dirigido por Robert Wise e Jerome Robbins (que também é o coreógrafo) foi inspirado numa peça teatral da Broadway. Romeu e Julieta, uma das obras shakesperianas mais famosas, serviu como base para a elaboração da peça e, por consequência, serviu como história para a obra cinematográfica.

A história do lado oeste, numa tradução literal do título original, conta a história dos constantes confrontos entre duas guangues rivais. Os Jets, de origem anglo-saxônica, e o Sharks, de origem latina, disputam uma área do distrito de Manhattan. Durante um baile, porém, Tony, um Jet, se apaixona por Maria, uma Shark, que lhe retribui o sentimento. Os dois, então têm que lidar com a dificuldade de se relacionar sendo que não pertencem a um mesmo grupo social.

Esse musical é considerado um dos maiores do gênero pela Academia, que lhe indicou em 11 categorias e lhe concedeu 10 estatuetas, tornando-o, então, o maior vencedor dentre os musicais já indicados. O filme foi distribuído pela United Artists, que também foi a responsável pela distribuição de Dama por Um Dia (que também concorreu nessa edição do Oscar), é uma obra bastante longa: duas horas e meia de músicas, danças e das atuações premiadas de Rita Moreno e George Chakiris. Amor, Sublime Amor conseguiu remar contra a maré do momento: muitos não acreditavam no poder dos musicais, tanto é que outro filme que concorreu no mesmo ano teve suas cenas musicais removidas a fim de afastar-se do gênero musical.

PERFIL: Rita Moreno

Essa atriz porto-riquenha nasceu com o nome Rosa Dolores Alverio e se mudou para os Estados Unidos ao cinco anos, depois que a mãe se divorciou. O sobrenome "Moreno" foi adquirido do padrasto, com quem sua mãe se casou pouco depois de chegar no novo país. Nessa mesma época, Rita começou a fazer aulas de dança e atuação, o que a ajudou a tornar-se dubladora aos 11 anos de idade. Aos 13 anos, estreou na Broadway e chamou a atenção de alguns olheiros. Mais tarde participou de algumas outras peças de teatro, mas nenhuma lhe possibilitou alçar voos grandes.

O grande reconhecimento surgiu quando ela conquistou a personagem Anita no filme-musical adaptado da Broadway West Side Story. Sua interpretação foi tida pela crítica como tão intensa que no ano seguinte a atriz hispânica conquistou duas indicações em duas importantes cerimônias - o Oscar e o Globo de Ouro. E ambos os circuitos de prêmios lhe concederam as suas estatuetas pela performance da atriz. Rita, no entanto, não se destacou apenas como atriz de cinema. Fez no sucesso com trabalhos televisos - e conquistou um Emmy -, atuou na área musical, como cantora - e com isso ganhou um Grammy -, e, no teatro, destacou-se com boas interpretações - uma delas lhe rendeu um Tony Award. Considerando os seus prêmios, Rita Moreno foi a primeira mulher a conquistar os quatro prêmios máximos do entretenimento: cinema, música, teatro e televisão, nessa ordem. E é, até hoje, a única hispânica a conseguir isso.

Aos 78 anos, Rita Moreno não está aposentada. Esporadicamente, ela aparece na mídia, alternando os seus trabalhos entre teatro e televisão. Provavelmente a sua última aparição marcante na TV foi no polêmico Oz, onde ela interpretou uma freira psicóloga. Recentemente participou de Law & Order e, no teatro, interpretou uma mãe dominadora que conta mentiras a respeito do seu passado. Como se pode ver, uma atriz versátil e bastante ativa.

CURIOSIDADES:

- Para criar tensão entre os atores do filme (na esperança de que isso se refletisse no comportamento deles em cena), aos intérpretes dos Jets foram dados roteiros bem organizados e limpos e camarins cômodos; aos intérpretes dos Sharks, porém, foram dados roteiros sujos e às vezes ilegíveis e camarins desconfortáveis;

- Apenas seis atores da versão teatral estão presentes na obra cinematográfica. Todos os outros foram considerados "velhos demais para interpretar adolescentes";

- Os nomes pensados para os personagens Tony e Maria eram Elvis Presley e Audrey Hepburn.

- Há referências ao filme Amor, Sublime Amor num dos episódios de Ugly Betty, chamado "East Side Story" - numa paródia em relação ao título original.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Filme
  • Melhor Diretor (Robert Wise e Jerome Robbins)
  • Melhor Ator Coadjuvante (George Chakiris)
  • Melhor Atriz Coadjuvante (Rita Moreno)
  • Melhor Fotografia Colorida
  • Melhor Roteiro Adaptado *
  • Melhor Figurino Colorido
  • Melhor Direção de Arte
  • Melhor Trilha Sonora
  • Melhor Edição
  • Melhor Som
* a única categoria em que o filme não venceu.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Infâmia / Volta meu Amor


Infâmia é um longa-metragem de 1961 que conta a história de duas amigas, Karen (Audrey Hepburn) e Martha (Shirley MacLaine), que comandam uma escola para meninas. Quando uma das problemáticas alunas é repreendida pelas professoras, Karen e Martha são acusadas por essa garota de manterem um relacionamento homossexual às escondidas. A partir dessa mentira, a vida de ambas as professoras começa a se degradar – primeiro, a decadência profissional e, depois, a desmoralização de suas próprias imagens como pessoas de uma sociedade conservadora.

Baseado em uma peça teatral, Infâmia foi indicado aos Oscar de melhor atriz coadjuvante (Fay Bainter), direção de arte, fotografia, figurino e som. Dirigido por William Wyler, o filme tem justamente nessa origem teatral a sua maior força. Fica bem claro que os diálogos e as interpretações são as principais engrenagens da história. Se, mais recentemente, Desejo e Reparação foi um belo exemplo de filme que lida com o poder da palavra e da mentira, Infâmia foi um marco na época que foi lançado, principalmente por mexer no tabu da homossexualidade.

Mesmo que não seja um filme de grandes aspectos, encontramos aqui aquela típica situação em que os atores, junto com o ótimo texto, compensam qualquer coisa. Se Audrey Hepburn passa toda a sutileza de uma delicada figura, Shirley MacLaine tem mais veracidade como a personagem que é permeada por dúvidas, mas também por algumas certezas.

No meio de tantos jogos de palavras e de acusações, as personagens de Infâmia conseguem elevar o filme para um patamar acima. MacLaine e Hepburn traduzem muito bem toda a situação das personagens e, além de tudo, conseguem causar simpatia para os espectadores. Infâmia, portanto, é um filme que faz jus a sua origem teatral e que se apóia totalmente nesse estilo para construir sua trama. Quem aprecia essa estrutura, certamente ficará satisfeito.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter)
  • Melhor Fotografia Preto e Branco ( Franz Planer )
  • Melhor Figurino ( Jeakins Dorothy )
  • Melhor Direção de Arte ( Fernando Carrere e Edward G. Boyle )
  • Melhor Som (Gordon E. Sawyer)

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Sabe aquela típica comédia americana, daquelas que valem a pena assistir, num sábado chuvoso? Pois é. Isso é “Volta, Meu Amor” (Lover Come Back), longa dirigido por Delbert Mann e indicado, em 1962, ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

Jerry Webster e Carol Templeton são publicitários e trabalham em agências rivais. Lançando mão de métodos pouco convencionais, Jerry consegue sempre as melhores contas. Indignada com isso, Carol decide levar o arqui-inimigo ao Conselho de Ética Publicitária.

Esse é apenas o começo de uma das mais deliciosas comédias estreladas pelo trio Rock Hudson, Doris Day e Tony Randall - que levou o Golden Globe, pelo seu desempenho como Peter Ramsey, patrão de Jerry - recheada de grandes momentos. Atenção para a fotografia de Arthur Arling e para o desempenho de Doris Day.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Roteiro Original (Stanley Shapiro e Paul Henning)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Desafio à Corrupção


Desafio à Corrupção conta a história de Eddie Felson (Paul Newman), um jovem que adora jogar sinuca. Sonhando em superar seus limites, ele decide desafiar um grande jogador para se tornar reconhecido. Nos jogos de sinuca retratados, encontramos um espelho dos personagens – desde seus sonhos até os seus medos. Ainda nessa história, Eddie encontra Sarah (Piper Laurie), uma mulher solteira e desamparada.

Mesmo que não pudesse rivalizar com os dois grandes filmes do Oscar naquele ano (Amor, Sublime Amor e Julgamento em Nuremberg), Desafio à Corrupção foi um dos longas mais importantes daquela cerimônia do Oscar. Até hoje lembrado como um dos papéis mais significativos do já falecido Paul Newman, o longa saiu vitorioso nas categorias de melhor fotografia e direção de arte em preto e branco.

O filme, no final das contas, possui vários pontos interessantes, principalmente no que se refere aos atores. Além das duas estatuetas que levou, Desafio à Corrupção ainda concorreu nas categorias de melhor filme, diretor, ator (Paul Newman), atriz (Piper Laurie), ator coadjuvante (Jackie Gleason e George C. Scott) e roteiro adaptado.

25 anos após o lançamento de Desafio à Corrupção, o filme teve uma continuação. A Cor do Dinheiro foi dirigido por Martin Scorsese e mostrava Eddie ensinando tudo o que aprendeu na sinuca para um jovem (Tom Cruise), que promete ser uma estrela nesse ramo. A seqüência deu o Oscar de melhor ator para Newman, que não havia vencido por Desafio à Corrupção.

PERFIL: Paul Newman

Nascido em 1925 e falecido há apenas dois anos (aos 83 anos de idade), Paul Newman foi um grande nome da indústria cinematográfica, onde teve participação como ator e também diretor.

Antes de entrar para o cinema, Paul Newman cursou um ano de universidade, tendo escolhido o curso de Economia, o qual abandonou em pouco tempo. Serviu como operador de rádio quando os Estados Unidos entraram em guerra e, com o fim dela, em 1945, passou por mais dois cursos universitários: Administração e Literatura Inglesa. Não concluiu nenhum dos dois. Pelos dois anos seguintes, dedicou-se à dramaturgia, pela qual se apaixonou.

Durante a década de 1950, envolveu-se em grandes produções. No início dessa década, embora muitos considerem que seu talento estivesse sendo desperdiçado, Newman atuou em produções teatrais na Broadway e também conheceu a sua esposa, Joanne Woodward. Em 1953, inscreveu-se no Actors Studio, onde também se escreveram outros grandes do cinema: Lee Remick, James Dean, Marlon Brando, Geraldine Page, etc. Também nesse ano conheceu Sidney Lumet, que o dirigiria muitos anos depois, no filme O Veredito, de 1982. Ainda na década de 50, Newman foi trocado por outros atores muitas vezes – exemplos: em Férias do Amor, foi substituído por Willian Holden; em Sindicato de Ladrões, foi substituído por Marlon Brando. No final da década, no entanto, - no ano de 1958 -, estava no elenco de Gato em Teto de Zinco Quente (e curiosamente não era pretensão dos produtores que ele encabeçasse o elenco do filme). Por esse filme, recebeu a sua primeira indicação ao Academy Awards.

A partir de então, Paul Newman foi “descoberto”: oportunidades se abriram para o ator, que cada vez mais mostrou sua capacidade na carreira como intérprete. Vale ressaltar que a década de 60 é considerada a mais intensa da carreira de Paul Newman: Fast Eddie Felson, de Desafio à Corrupção, Butch Cassidy, no filme homônimo, e Hud, do filme O Indomado, são considerados os personagens mais marcantes desse ator. E por esses filmes o ator recebeu indicações ao Oscar, todas as vezes como ator em papel principal. Seguiram-se grandes filmes e mais seis indicações, sendo que a última foi a única como ator secundário. Vale ressaltar que, pelo filme A Cor do Dinheiro, de 1986, Paul Newman foi indicado por interpretar o mesmo personagem vivido no filme comentado acima, Desafio à Corrupção. E isso faz dele um dos pouquíssimos intérpretes que conseguiram a façanha de receber mais de uma indicação pelo mesmo personagem em filmes diferentes.

Desde sua estréia no cinema até o ano de 2006, quando participou do seu último filme – no qual, aliás, apenas ouvimos sua voz, já que ele atua como dublador -, Paul Newman fez muitos filmes e se destacou como um dos melhores atores da sua geração.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Filme
  • Melhor Diretor
  • Melhor Ator (Paul Newman)
  • Melhor Atriz (Piper Laurie)
  • Melhor Ator Coadjuvante (Jackie Gleason)
  • Melhor Ator Coadjuvante (George C. Scott)
  • Melhor Roteiro Adaptado
  • Melhor Direção de Arte
  • Melhor Fotografia


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Clamor do Sexo / Dama por Um Dia


 "Só fazemos essas coisas para satisfazer os nossos maridos, para reprodução. A mulher não sente tanta vontade quanto o homem.”


Em 1961, o premiado diretor Elia Kazan dirigiu Clamor do Sexo (Splendor in the Grass), drama indicado nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Roteiro Original - levando o “careca” por essa nomeação.

O filme narra a história de amor entre dois jovens - Bud Stamper (Warren Beaty) e Deanie Loomis (Natalie Wood) - moradores do Kansas, na década de 1920. Bud é herdeiro de uma grande companhia petrolífera, enquanto Deanie é filha de um doceiro. Apaixonados, os dois tem de lidar com o fato de sentirem o que há de mais comum entre homens e mulheres: atração sexual. Estamos, no entanto, no início do século passado, e essas questões estavam longe de serem consideradas corriqueiras. A frase do início do texto - dita à Deanie por sua mãe - ilustra bem a situação de nossas personagens.

Destaque para a grande interpretação de Natalie Wood que, curiosamente, também protagonizou o grande campeão do Oscar daquele ano - Amor, Sublime Amor. Reza a lenda que esse também foi o primeiro filme americano a apresentar um beijo francês.

INDICAÇÕES / PRÊMIOS:
  • Melhor Atriz (natalie Wood)
  • Melhor Roteiro Original

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Pocketful of Miracles é um filme estadunidense distribuído pelos estúdios United Artists. Produzido e dirigido por Frank Capra – vale comentar que este foi o seu último filme -, Dama por um Dia pode ser chamado de “adaptação da adaptação”. O roteiro de Hal Kanter e Harry Tungend foi inspirado por “Lady for a Day”, de Robert Rinski – este, por sua vez, adaptou um pequeno texto de Damon Runyon.

Annie das Maçãs é uma mulher pobre, que vive nas ruas vendendo maçãs. Dave Dude, um gângster, sempre compra as frutas que Annie vende e crê que elas lhe dão sorte. Fingindo ser uma figura importante da sociedade, Annie se corresponde com a filha, que mora na Europa desde que nasceu. Tudo começa a ficar desesperador quando Louise, a filha de Annie, anuncia que se casará com um conde e que o trará para conhecer a mãe. Com o auxílio de Dave Dude e Queenie, ex-namorada de Dave, Annie passa por um processo de embelezamento, vivendo um conto de fadas.

Este filme marcou não apenas o encerramento da carreira de Frank Capra – cujas realizações incluem “A Felicidade Não se Compra”, “A Mulher Faz o Homem” e “Aconteceu Naquela Noite” -, mas também registrou o debute de Ann-Margaret, que mais tarde seria indicada ao Academy Awards, aos prêmios Golden Globe, ao Grammy e também ao Emmy Awards. O ator veterano Thomas Mitchell, que faleceu no ano seguinte.

Contando com grandes nomes – os de maior destaque decerto são o do diretor e o da atriz principal -, Dama por Um Dia concorreu em três categorias: Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Figurino e Melhor Canção Original.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Canção Original (Pocketful of Miracles);
  • Melhor Ator Coadjuvante (Peter Falk);
  • Melhor Figurino;

sábado, 7 de agosto de 2010

Oscar 1962 - Fanny


Dirigido por Josh Logan, Fanny foi um dos concorrentes ao prêmio de Melhor Filme no Oscar de 1962. O filme se passa em Marselha e logo nos apresenta a Marius (Horst Buchholz), um jovem que trabalha para o seu próprio pai e sonha em fazer uma viagem pelo mar.

Ele consegue uma vaga em uma embarcação e na noite em que vai partir para essa viagem, acaba declarando sua paixão por Fanny (Leslie Caron), uma garota com quem cresceu e que também é apaixonada por ele.

Eles passam a noite juntos, mas seus pais descobrem e logo começam a planejar o casamento. Porém, Marius, em dúvida, precisa escolher entre uma vida no mar ou uma vida ao lado da mulher que ama.

O roteiro é assinado por Julius J. Epstein, e foi baseado em livro lançado em 1954. Antes dessa adaptação para o cinema, a história foi adaptada para os palcos e virou um musical. Jack Warner, que tinha os direitos do livro, optou por tirar as músicas porque, na época, os musicais não estavam tão em alta (Detalhe: "Amos, Sublime, Amor" ganhou o Oscar de Melhor Filme).

O que mais chama atenção em Fanny é a belíssima fotografia, que faz Marselha parecer o paraíso. A julgar pelo título, o filme pode até não chamar tanta atenção, mas, se assistir, poderá até se surpreender.

PERFIL: Charles Boyer

Charles Boyer nasceu em 28 de Agosto de 1899 e morreu em 26 de Agosto de 1978. Francês, fez mais de 80 filmes e atuou ao lado de grandes musas do cinema. Como exemplo, podemos citar A Porta de Ouro (atuou ao lado de Olivia de Havilland), Tudo Isto e o Céu Também (atuou ao lado de Bette Davis) e À Meia Luz, onde atuou ao lado de Ingrid Bergman.

Ele fez muitos filmes franceses, e só foi pra Hollywood quando assinou um contrato com MGM em 1929. De início fez apenas papéis secundários, mas logo conseguiu se destacar e fez seu primeiro papel principal: no musical Caravan, de 1934.

Outros filmes que fazem parte da filmografia de Charles Boyer e que podemos citar são: Coração em Ruinas, Cassino Royale, A Volta ao Mundo em 80 Dias, Desejos Proibidos, Como Roubar Um Milhão de Dólares e muitos outros.

O Ator, que descobriu sua paixão pelo cinema e pelo teatro aos 11 anos de idade, recebeu indicações ao Oscar pelos filmes: Conqueste (1937), Algies (1938), Gaslight (1944) e Fanny (1962)... Não ganhou em nehuma delas, mas foi premiado com um Oscar honorário em 1943.

Charles cometeu suicídio dois dia depois da morte da esposa, que morreu de câncer.

CURIOSIDADES...

Fanny seria interpretada por Audrey Hepburn, mas a atriz teve que recusar o papel devido outros compromissos.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Filme
  • Melhor Ator (Charles Boyer)
  • Melhor Trilha Sonora (Harold Roma)
  • Melhor Fotografia (Jack Cardiff)
  • Melhor Edição (William H. Reynolds)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Oscar 1962 - O Anjo de Pedra / A Balada do Soldado


Dirigido por Peter Glenville (Becket, o Favorito do Rei), O Anjo de Pedra foi indicado em quatro categorias do Oscar de 1962: Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Direção de Arte e Melhor Canção.

O filme apresenta uma trama bem simples: Lançado 16 de Novembro de 1961, conta a história de Alma Winermiller (Geraldine Page), uma mulher reservada que nutre uma grande paixão por seu vizinho desde a infância. Quando ele, John Buchanan Jr. (Laurence Harvey), volta à cidade após se formar, acaba despertando essa antiga ligação entre os dois.

O roteiro de Summer and Smoke - nome original - foi adaptado de uma peça do famoso dramaturgo Tennesee Willians. A peça estreou na Broadway em 1948, e além desse filme, também ganhou uma adaptação para TV.

Também fazem parte do elenco Rita Moreno , Una Merkel , John McIntire , Thomas Gomez , Pamela Tiffin , Malcolm Atterbury , Lee Patrick e Earl Holliman.

INDICAÇÕES:
  • Melhor Atriz - Geraldine Page
  • Melhor Atriz Coadjuvante - Una Merkel
  • Direção de Arte
  • Melhor Canção
Por: Thiago Paulo

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Experimente juntar, num só filme, uma singela história de amor, a direção de um dos mais populares cineastas soviéticos, uma belíssima fotografia e uma heróina de extrema beleza. Realizou? Isso tudo é “A Balada do Soldado”, produção soviética de 1959, dirigida por Grigori Chukhrai, indicada ao Oscar de Melhor Roteiro Original, (Chukrai e Valentin Ezhov) em 1962.

Alyosha Skvortsov (Vladimir Ivashov) é um soldado do exército vermelho que, após destruir dois tanques inimigos, ganha uma folga para visitar a família. Durante sua viagem, cruza com algumas pessoas, como um soldado mutilado que teme a rejeição da mulher, além de Shura (Zhanna Prokhorenko), que conhece no vagão de trem que viaja como clandestino e por quem se apaixona perdidamente.

Relançado há algum tempo em DVD, numa cópia restaurada, Ballada o soldate (russo:Баллада о солдате), conquistou o The British Academy of Film and Television Arts de Melhor Filme, também em 62, além da Palma de Ouro e do Prêmio David.

INDICAÇÃO:
  • Melhor Roteiro Original


domingo, 1 de agosto de 2010

Abertura: Oscar 1962 - 34º Academy Awards

Jerome Robbins e Robert Wise (diretores de Amor, Sublime, Amor)

Depois de analisar as cerimônias dos anos de 1942, 1951, 1977, 1981, 1999, 2006, o “Um Oscar Por Mês” decide se dedicar a década de 60, uma década do Oscar que ainda não havia sido analisada pelos membros desse blog. O ano escolhido foi o de 1962, que teve como grande vencedor o musical Amor, Sublime Amor, de Robert Wise e Jerome Robbins.

Todos nós sabemos que o clássico musical é muito querido por diversas pessoas, mas, também, existe uma certa parcela de público que questiona a vitória do longa-metragem na categoria principal. Afinal, existia um outro cultuado filme que estava concorrendo aquele ano, Julgamento em Nuremberg.

O musical levou a melhor, e ganhou em dez categorias, enquanto o filme de tribunal faturou apenas duas estatuetas (mas conseguiu garantir uma importante vitória de roteiro sobre Amor, Sublime Amor). Ainda podemos encontrar, na lista desse ano, outros clássicos como Bonequinha de Luxo, A Doce Vida e Os Canhões de Navarone.

Nessa cerimônia, tivemos dois momentos históricos para o Oscar. Era a primeira vez que uma dupla de diretores ganhava na categoria de direção (o caso mais recente, onde esse feito voltou a se repetir, foi com Joel e Ethan Coen por Onde Os Fracos Não Têm Vez). No setor de atuações, tivemos ainda a primeira atriz a vencer a estatueta por um filme que não era falado em inglês. Sophia Loren, que não estava presente na festa, conseguiu o feito por seu desempenho em Duas Mulheres. A única atriz que conseguiu repetir esse feito foi Marion Cotillard, por Piaf – Um Hino Ao Amor.

Portanto, o Oscar de 1962 está repleto de filmes cultuados e de qualidade. Sem falar, claro, que existem produções para todos os gostos. Fico, então, muito grato por ter sido convidado a fazer parte dessa jornada do “Um Oscar Por Mês”. Posso dizer que a minha estreia aqui na equipe começou com um Oscar muito interessante.

Eu sou Matheus Pannebecker, do blog Cinema e Argumento. Sou cinéfilo de carteirinha desde que descobri em "As Confissões de Schmidt" o meu filme favorito - e também foi o primeiro que conseguiu me levar às lágrimas. Escrevo na internet faz quatro anos e também acompanho inúmeros seriados, sendo "Six Feet Under" o meu favorito de todos os tempos. Atualmente, cursto o quarto semestre da faculdade de jornalismo e também possuo um programa de rádio semanal sobre cinema. Sou um cinéfilo bem cabeça aberta e a única coisa que não permito é falar mal de Meryl Streep. Espero poder contribuir para essa ideia muito original que é trabalhada aqui. no "Um Oscar Por Mês". Bons filmes a todos e que comecem as análises sobre essa cerimônia!


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