sexta-feira, 30 de março de 2012

A Academia e o Gênero Terror: Opiniões (Parte 3)



Quando o assunto é cinema, comigo, não tem “tempo ruim”. Esse mês foi muito satisfatório, pois pude ver filmes que há muito tempo já estavam em minha lista e de que até me sentia envergonhado de não tê-los visto, como: “Os Pássaros” (1963), “Drácula de Bram Stoker” (1992) e “O Sexto Sentido” (1999).

Antes de falar dos filmes que mais me agradaram, gostaria de falar um pouco sobre o gênero terror. Pelos filmes analisados, em diversas épocas, pode-se notar a amplitude que o terror tomou ao longo dos anos, ficando difícil classificar o gênero do filme visto, que, no decorrer da história, foi se confundindo com suspense, ficção científica, thriller e outros. Mas o que não podemos deixar de entender é que o terror de hoje não é o mesmo terror dos anos 30; do que as pessoas tinham medo em 1930, pode não ser motivo de tensão em 2012; por exemplo, é comum o homem sentir medo do desconhecido e de algo que nunca viu, então vocês imaginem as primeiras exibições de “O Médico e o Monstro” (1932)... Hoje, com tanta tecnologia, mesmo os efeitos sendo visualmente “verídicos”, a maioria do público sabe que há efeitos especiais, o que acaba de certa forma quebrando a relação do espectador com o medo que ele poderia sentir. Particularmente gosto muito de terror, mas acredito que o gênero precisa se reinventar. Quando se fala em filme de terror, ele fica logo associado a serial killers, carnificina, tortura... filmes com várias continuações que acabam cansando o espectador com tanta brutalidade. No gênero terror, quanto menos se repetir melhor.

Falarei um pouco dos filmes que mais me agradaram da nossa lista de março. A maior de todas as surpresas que tive nesse mês, sem dúvida, foi “O Médico e o Monstro”, muito bem feito, baseado no clássico da literatura escrito por Robert Louis Stevenson, conta com a grandiosa atuação de Frederic March, que é um grande filme que deve ser visto por todos os amantes do cinema. “A Tara Maldita” (1956), um thriller psicológico que traz a discussão sobre como pode nascer “o mal” em uma pessoa e a primeira criança da história do cinema a ser vilã com a belíssima atuação de Patty McCormack, impressionante. “O Exorcista” (1973), me arrisco a dizer, se trata do maior filme de terror do cinema, com um belíssimo roteiro e “efeitos especiais” interessantes, grandes atuações que levam o expectador a acreditar em tudo que é mostrado; o filme foi responsável por uma “nova onda” que apresenta crianças possuídas pelo demônio como foco principal em um filme. Outros títulos que não posso deixar de lembrar “A Profecia” (1976), o intrigante “Os Pássaros”, do grande Hitchcock , o suspense paranormal “O Sexto Sentido” e o magnífico visual de “Drácula de Bram Stoker”, dirigido por Coppola , contando também com a bela performance de Gary Oldman.

Por fim, o gênero terror tem uma gama de subdivisões que agradam aos “gregos e troianos”. Existe todo o tipo de público nesse gênero e o mais importante é que sentindo medo ou não é sempre bom contemplar um bom filme e nessa lista tem de sobra.

por Rafael Castro


Quando falamos de um gênero cinematográfico, principalmente o de terror, é uma confusão só. Hoje em dia está tudo tão bagunçado que me perco nisso. Muitas vezes vendem um filme como sendo de terror e na verdade ele se encaixa mais no gênero suspense. E isso já é normal hoje em dia.

“Terror é aquele que dá medo”. Mentira, muitos suspenses também causam medo. Um bom exemplo é o filme “O Sexto Sentido”, que é suspense e consegue botar medo no telespectador como muitos filmes de terror não conseguem. Por esse motivo e devido à nossa maratona desse mês, acho que desencanei bastante dessa coisa TERROR/SUSPENSE, pois, como já foi dito, é muita confuso. Não que não de para separar os gêneros, até porque isso é possível sim, afinal, cada um deles possui suas próprias características.

Em relação à presença do terror no Oscar, é fácil notar que a Academia não tem tanto costume de indicar filmes do gênero nas categorias principais. A maioria acaba recebendo alguma indicação a um prêmio técnico, como, por exemplo, Melhor Maquiagem. E isso é até normal, pois é fato que a Academia prefere mais os dramas que qualquer outro tipo gênero cinematográfico. O terror merece mais destaque nesse tipo de premiação? Acredito que, nesse caso, não é o gênero que importa, mas sim o filme em si.


Essa maratona foi bem interessante pra mim, porque não tenho muito costume de conferir filme de terror. Assim como a Academia, também prefiro os dramas. Quando criança, assistia a bastantes filmes de terror / trash, então ainda tenho que conhecer algumas coisas do gênero. E nesse mês tive essa oportunidade, conheci filmes como “A Profecia” (1976) e “O Bebê de Rosemary” (1969), a que nunca tinha assistido antes.

Foi legal por isso. E também porque saímos da rotina do blog e voltamos todo o mês para um único gênero, e isso sem sair da proposta inicial do UOPM.
por Thiago Paulo

quarta-feira, 28 de março de 2012

A Academia e o Gênero Terror: Opiniões (Parte 2)


A ACADEMIA E O TERROR: UMA RELAÇÃO DE DESAFETO
Ao longo do mês de março, fizemos um levantamento com conteúdo selecionado visando apresentar um pouco da relação entre a Academia e o gênero terror, que, como pudemos perceber não é das melhores, já que os membros da AMPAS – Academy of Motion Pictures Arts and Sciences – realmente não são simpáticos às causas do gênero horror e, parece, grosso modo, não gostarem muito de levar sustos. Mas, apesar da pesquisa que fizemos ter selecionado bons títulos de terror, ou que têm elementos de terror na sua trama, acredito que o grande problema da relação conflituosa reside no gênero em si.

Sou um profundo apreciador do gênero terror, mesmo que há muito tempo tenha deixado de me sentir amedrontado pelo que vejo e tenha, também há muito tempo, me sentido irritado pelas “novas” técnicas de impor medo: barulhos altos que não significam nada, escuridão intensa que tenta esconder do espectador qualquer coisa boba, objetos que surgem súbitos em cena acompanhados pelos estrondos do primeiro item. Aliás, acredito que seja exatamente nesses itens que estão o problema com a valorização dos filmes de terror.

Parece que ao advento do barulho como sinônimo de algo sobrenatural é recente, mas já tem bastante tempo que isso acontece. E também, como característica quase intrínseca ao gênero, estão os aparatos tecnológicos, que quase sempre conferem ao filme mais notabilidade em relação a eles – em específico – do que em relação à obra como um todo. Basta perceber o modo como nos referimos a muitos filmes, chamando de bons seus aspectos sonoros, mas nos esquecendo da direção, do roteiro, das atuações – porque muitas vezes isso não é mesmo o mais importante na obra. E, não à toa, quando a Academia reconhece os filmes de terror, normalmente ela o faz nas categorias técnicas de maquiagem, som, edição, mas dificilmente os indica em categorias maiores – dos 12 filmes que selecionamos, apenas dois (“O Exorcista”, 1973, e “O Sexto Sentido”, 1999) foram indicados como Melhor Filme.

O gênero, para mim, é lindo – grandes filmes estão aí, muitos deles marcaram a minha infância e adolescência e até hoje eu tenho simpatia. O fato de a Academia não se lembrar deles com freqüência não os torna piores, mas também não critico a Academia, porque muitas vezes esses filmes realmente não se fazem grandes e se embasam em roteiros duvidosos, em interpretações que cedem a muitos clichês, em direções que não mostram nada verdadeiramente novo. Mas, de qualquer modo, me agrada bastante o gênero horror bem como certas indicações – merecidíssimas, aliás – que alguns filmes conquistam.

por Luís Adriano de Lima



Quando, finalmente, resolvi sentar e escrever minha opinião sobre o tema abordado pelo blog Um Oscar Por Mês durante o mês de março, logo me veio à cabeça o texto do Levi, que se dizia confuso em relação aos filmes: "O que realmente é terror? É disso que as pessoas falam quando se referem a filmes desse gênero? Porque, sendo sincero, achei os filmes fracos".

Decerto, outros que tenham a chance de conferir os mesmos títulos por nós elencados, talvez, tenham a mesma sensação. Fato é que muita gente ainda associa terror a jatos de sangue, gritos e grandes perseguições. Para mim, no entanto, terror é o que se vê em “O Exorcista” (1973) e “A Profecia” (1976), por exemplo. Filmes em que o que conta mais é a fotografia, a expressão facial dos atores e a trilha sonora, cuja função é pontuar a ação dramática e passar ao espectador medo, horror, dúvida, confusão e outras sensações que os amantes do gênero bem conhecem.

É bem verdade que há no meio dos nossos "escolhidos", filmes que passam longe do gênero.  Ben, “O Rato Assassino” (1983) é quase um "terror infantil".  Mesmo assim, achei a proposta válida.  Interessante analisar outros tipos de filmes que não sejam aqueles que, normalmente, a Academia costuma premiar. E que possamos, novamente, fazer esse exercício.  Que venham os próximos gêneros!

por Marcelo Antunes


segunda-feira, 26 de março de 2012

A Academia e o Gênero Terror: Opiniões (Parte 1)

The Silence of the Lambs - o único filme de terror a ter vencido um Oscar de Melhor Filme.

Não tenho muito que dizer do terror. Ele só existe porque não o conhecemos, caso contrário não seria aterrorizante. O terror serve como barreira, como controle cultural. Deve-se ter medo daquilo que não se conhece. O cinema, outra vez, sucumbiu à pressão da sociedade.

por Darlan Nascimento

Eu não nego, nem escondo, sou um ser extremamente medroso. Talvez por isso nunca tenha sido próximo do gênero terror, não conhecia nada pra falar a verdade. Devido a esse motivo fiquei realmente animado e ansioso pra o mês de março aqui no UOPM, pois era a uma boa oportunidade pra eu conhecer algo sobre o gênero que sempre evitava.

Sinceramente eu esperava mais, bem mais. Apesar de ter ficado com um pouquinho de medo em alguns filmes, reconheço que não é o terror que eu imaginava. Confesso que não tive coragem para assistir filmes como “O Exorcista” (1973) e “Poltergeist – O Fenômeno” (1982), mas ao fim de cada filme me perguntei: O que realmente é terror? É disso que as pessoas falam quando se referem a filmes desse gênero? Porque, sendo sincero, achei os filmes fracos.

Foi bem tarde, mas “Os Pássaros” (1963) foi o primeiro filme do Hitchcock a que eu assisti e, apesar de ter momentos que levantei do sofá e bati palmas, achei o filme – principalmente o final – meio fraco. Aliás, todos os filmes que vi posso dizer que foram fracos.

Definindo as análises dos filmes de Março em uma palavra: frustrante! Mas mês que vem minha empolgação já está altíssima para começar as outras análises.

por Levi Ventura

sábado, 24 de março de 2012

A Cela (2000)


"A Cela” (2000), dirigido pelo diretor indiano Tarsem Singh e roteirizado por Mark Protosevich, aborda a história de um assassino psicopata que trancafia suas vítimas num lugar isolado, o qual ele denomina a cela, dando título ao filme. O FBI procura esse criminoso e, quando por fim o captura, leva-o ao coma, ficando impossibilitado de dizer onde é o seu esconderijo, impedindo a polícia de salvar uma vítima que foi recentemente presa por ele. É aí que começa efetivamente a trama sombria do filme: uma terapeuta seguindo um novo método experimental de “invasão” de sonhos é contratada para conhecer a mente do assassino e, através das suas memórias e pensamentos, encontrar a localização da garota seqüestrada.

É interessante observar duas coisas nesse filme: primeiro, é a dicotomia entre o real e o onírico muito bem representada ora pela sobriedade das cores, ora pelo exagero delas – o mundo real é bastante opaco, revestido por uma coloração parda; já o mente do assassino é brilhosa e colorida, de características naturalmente não-correspondentes à realidade. Também, não se pode negar a habilidade de Singh, o diretor, em saber muito bem como usar as personagens obscuras da trama – aquelas figuras sem rosto, retorcidas, deformadas – que acrescentam tensão à trama e que causam um efeito similar àquele conquistado por Christophe Guns ao digirir “Silent Hill” (2006), ou seja, fazem com que o espectador se aproxime bastante da personagem protagonista, já que as reações dela são semelhantes às nossas ante os monstros com os quais se depara.

Os cenários transitam facilmente entre seu caráter realista e seu caráter fantasioso e a história tem potencial. Talvez o defeito do filme seja alguns problemas com os atores, já que nenhum deles – mesmo sendo seus personagens já bastantes impactantes – consegue realmente impressionar. Jennifer Lopez, em muitos momentos, impede um aprofundamento melhor de sua personagem, obrigado-a, às vezes, a ficar na superficialidade. Ademais, excesso de mudanças tornam o filme repetitivo, como se nem num mundo nem no outro as situações se resolvessem por inteiras. Mas a trama consegue manter o espectador interessado no que acontece e inclusive tem uma sequência que eu acho genial – Dra. Catherine Deane caminha por um corredor de mostruários e, então, um dos “monstros” em exibição ganha vida e começa a segui-la. Ainda que eu ache o figurino e a fotografia muito bons, a Academia apenou o nomeou para Melhor Maquiagem, que é, aliás, muito boa!

INDICAÇÃO:
- Melhor Maquiagem: Michele Burke e Edouard F. Henriques

por Luís Adriano de Lima

sexta-feira, 23 de março de 2012

O Sexto Sentido (1999)



De terror ele não tem nada. “O Sexto Sentido” (1999) é um convite à autorreflexão. A virada do século e a solidificação de determinados princípios da pós-modernidade fizeram o ser humano voltar seus olhos a sua própria existência. Nesse sentido, a sociedade ignora o peculiaríssimo fato irreal (no sentido de "criado gratuitamente pelo homem e que causa problema") dos traumas psicológicos. O sistema que tão bem nos acolhe nos tolhe a cada dia, e nem sempre é possível segurar a barra. Cole (Haley Joel Osment), de nove anos, diz ver gente morta, tendo, portanto, seis sentidos. Malcolm (Bruce Willis) é o médico responsável pela criança. A questão crucial da trama é que o doutor está já morto, devido a um tiro desferido por um paciente posteriormente suicida que também via pessoas mortas.

À medida que os dois se aproximam, Cole vai conseguindo lidar melhor com sua psiquê. Percebe que as pessoas que vê não querem prejudicá-lo. Revela-se, aí, a triste história da garota lentamente intoxicada pela mãe até a morte. Por fim, a troca: com o casamento a ponto de explodir, Malcolm recebe de Cole o conselho de que conversasse com a esposa enquanto ela dormia!

Tratar de um tema tão delicado não foi bem visto aos olhos da Academia, que não concedeu nenhuma estatueta pelas seis indicações do filme, incluindo Melhor Filme. Além disso, foram duas indicações de atuação: a Haley Joel Osment e a Toni Collette (que representou Lynn, mãe de Cole), ambos como coadjuvantes. Apesar da minha pessoal opinião de que o filme nada tem de terror, “O Sexto Sentido” ganhou, em 2000, um prêmio de Melhor Filme de Horror. Ora, quem concedeu o prêmio foi a Academia de Filmes de Sci-Fi, Fantasia e Horror!


INDICAÇÕES:
1. Melhor Filme: Frank Marshall, Kathleen Kennedy e Barry Mendel
2. Melhor Diretor: M. Night Shyamalan
3. Melhor Ator Coadjuvante: Haley Osment
4. Melhor Atriz Coadjuvante: Toni Collette
5. Melhor Edição: Andrew Mondshein
6. Melhor Roteiro Original: M. Night Shyamalan


HALEY JOEL OSMENT
Nasceu em 1988 em Los Angeles, na Califórnia. Estreou no cinema num filme premiadíssimo: Forrest Gump, o contador de histórias (1994), que venceu em 6 das 13 categorias que disputou na Academia, incluindo a vitória de Melhor Ator para Tom Hanks e de Melhor Filme. O auge da carreira se deu em 2000 com a indicação para Melhor Ator Coadjuvante tanto no Oscar quanto no Globo de Ouro. 2000 e 2001 celebraram o sucesso do adolescente, e surgiram, nessa época, dois filmes famosos com sua imagem: o dramático A corrente do bem (2000) e A. I. (2001), um belo retrato de um ser tecnologicamente avançado desejoso de ser simplesmente humano. Com o passar dos anos, a imagem de Osment foi perdendo espaço no cenário cinematográfico. Sua última indicação a um prêmio internacional foi oito anos atrás pelos filmes Mogli 2 (2002) e Lições para toda vida (2003). Ao lado de Macaulay Culkin, é tido como um dos maiores nomes infantis do cinema do fim do século XX.

por Darlan Nascimento

quinta-feira, 22 de março de 2012

Drácula de Bram Stoker (1992)



Não é de hoje que os vampiros estão na moda. Desde sempre eles marcam presença nas telonas do cinema. O grande diferencial nisso tudo é que antes os filmes não eram tão voltados ao público adolescentes, ou seja, eles eram o mais fiel possível à mitologia vampiresca. O tema ainda não estava tão banalizado, tanto que até mesmo diretores consagrados acabaram se envolvendo em projetos vampirescos, como é o caso do mestre Francis Ford Coppola e o seu sombrio “Drácula de Bram Stoker”, que recebeu várias indicações ao Oscar em 1993.

O filme é uma adaptação de Drácula, romance escrito por Bram Stoker em 1897, que é considerado um dos contos mais influentes do gênero.  Um clássico da literatura que, além deste filme, recebeu várias adaptações, inclusive para o teatro.

Estrelado por Gary Oldman, Keanu Reeves, Winona Ryder, Antony Hopkins e Monica Bellucci; “Drácula de Bram Stoker” nos transporta para o século XV e, em meio a um clima gótico, conta a história de Vlad Tepes, um príncipe guerreiro romeno, que após a morte da esposa renega a Igreja. Assim, perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado, descobre que a noiva deste é a reencarnação da sua amada. Deste modo, deixa-o preso com suas "noivas" e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana, no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos.

Todas as indicações que o filme recebeu no Oscar foram merecidas, principalmente as de Maquiagem (vide imagem) e Figuro. Porém, mesmo assim, ainda acho que o filme merecia um pouco mais de destaque na cerimônia, com pelo menos uma indicação para Gary Oldman. O ator britânico entrega nessa obra uma das melhores atuações de sua carreira.

Enfim, Drácula de Bram Stoker é um dos filmes de vampiros que realmente faz jus ao tema, apresentando um personagem que causa medo, que, a meu ver, é fundamental em um filme do gênero.

INDICAÇÕES (3 vitórias):
1. Melhor Figurino: Eiko Ishioka (venceu)
2. Melhores Efeitos Sonoros: Tom C. McCarthy e David E. Stone (venceu)
3. Melhor Direção de Arte: Thomas E. Sanders e Garrett Lewis
4. Melhor Maquiagem: Greg Cannon, Michele Burke e Matthew W. Mungle (venceu)
 
 
Por Thiago Paulo

segunda-feira, 19 de março de 2012

Poltergesit (1982)


O filme é dirigido por Tobe Hooper (criador do grande clássico de horror “O Massacre da Serra Elétrica”, de 1974) e tem roteiro e produção de Steven Spielberg. Em uma pequena cidade americana a família Freeling tem seu sossego ameaçado quando a filha caçula, Carol Anne, começa a falar com a televisão. Depois, estranhos acontecimentos se tornam rotineiros na casa, como móveis se mexendo e uma árvore atacando os moradores. Tudo isso não passou de um aviso para o que estaria por vir: em uma noite de tempestade, Carol Anne some repentinamente, levando a família Freeling ao confronto com forças sobrenaturais.

O diferencial do filme está no roteiro, no qual podemos notar o estilo bem peculiar do Spielberg, mostrando que a pacata cidade nunca mais será a mesma após os tais acontecimentos. E o próprio fenômeno poltergeist diferencia o filme dos demais dentre o gênero, visto que até então os grandes sucessos de filmes de terror estavam ligados a demônios e psicopatas assassinos. Outro ponto importante é que talvez todo o “mal” tenha sido provocado por um homem que só pensava em beneficio próprio e no dinheiro claro, uma grande crítica ao mundo capitalista e a sociedade da época.

Os efeitos especiais também foram muito importantes para o grande sucesso da película. A equipe da Industrial Light & Magic foram os responsáveis por dar veracidade a todos acontecimentos sobrenaturais do filme. Particularmente falando, gostei muito dos efeitos especiais, mas como não vi o filme na época, sei o quanto é difícil para os expectadores de hoje assimilarem visualmente efeitos com chroma key e ataques de bonecos. Para sentir a verdadeira essência do filme o expectador tem que ficar livre desses preconceitos tecnológicos e perceber a fraqueza do homem quando confrontado com assuntos dos quais ele não compreende. Um dos grandes clássicos do cinema no gênero terror.

INDICAÇÕES:
1. Melhores Efeitos Sonoros: Stephen Hunter Flick e Richard L. Anderson
2. Melhores Efeitos Visuais: Richard Edlund, Michael Wood e Bruce Nicholson
3. Melhor Trilha Sonora Original: Jerry Goldsmith

por Rafael Castro

sábado, 17 de março de 2012

A Profecia (1976)



Filmes sobre exorcismo e crianças diabólicas não faltam. Só nessa lista de filmes de terror com indicações ao Oscar temos uns três exemplos. Esse tema ainda leva muitas pessoas ao cinema e por isso continua marcando presença, e não importa se o filme vele o ingresso ou não. Quando falamos sobre o tema, o primeiro filme que nos vem em mente é “O Exorcista” (1973). Porém temos outros títulos que também são importantes, como é o caso de “A Profecia”, lançado em 1976 e que até hoje consegue assustar quem assiste.

Dirigido por Richard Donner (“Os Goonies”, 1985), o filme conta a história do casal Kathy (Lee Remick) e Robert Thron (Gregory Peck). Quando o bebê de Kathy nasce morto, Robert decide protegê-la da verdade e substitui seu filho por um órfão, desconhecendo as origens satânicas da criança. O horror se inicia no quinto aniversário de Damien, quando sua babá comete um dramático suicídio. Logo a seguir, um padre que tentava avisar o pai de Damien é morto em um estranho acidente. Aos poucos, Robert percebe que seu filho é o Anticristo e percebe que precisa matar o menino para impedir que uma terrível profecia se cumpra.

“A Profecia” recebeu uma indicação na 49° edição do Oscar por sua trilha sonora, que, composta por Jerry Goldsmith , é um dos grandes destaques do longa. As canções, líricas e compostas por um coral, são fundamentais para causar medo e tensão durante a exibição do filme. Portanto, indicação e prêmio mais do que merecido. (OUVIR TRILHA SONORA)

Outro grande destaque é a atuação de Gregory Peck, que impressiona, principalmente na cena na qual o personagem descobre que sua esposa Kathy morreu. Não sou fã do ator, mas nessa cena ele realmente conseguiu me emocionar.  Um pouco antes dessa cena, temos a seqüência do cemitério, que, em minha opinião, é a melhor de todo o filme. O que chama atenção é o cuidado que a direção de arte teve com o cenário, que junto com o clima tenso nos deixa apreensivos pelo que pode acontecer aos personagens naquele momento.

Como já foi dito antes, este é um tema que faz sucesso. Por isso o filme “A Profecia” teve várias continuação, e ainda um remake lançado em 2006. Com todas essas opções, o ideal é filtrar e ver só o que realmente fez e faz alguma diferença, como é o caso dessa primeira versão do filme.
INDICAÇÃO:
-Melhor Trilha Sonora: Jerry Goldsmith
por Thiago Paulo 

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Exorcista (1973)


The Exorcist é um filme sobre o mistério da fé. O filme tem 39 anos e continua atual. Acredito que isso se deva, em grande parte, à marca que deixa em quem o assiste. É uma história que pode, talvez, levá-los a questionar seus valores. Ou até sua própria sanidade. O filme promove, com força e realidade, uma discussão acerca da presença de forças espirituais no universo, tanto do bem quanto do mal.” Essas palavras são do diretor do filme, William Friedkin, que resume muito bem o que você vai encontrar nessa obra. Gostaria de falar que este clássico se trata de um dos mais importantes filmes de terror da história do cinema, ajudando a criar uma nova tendência de horror nas telonas.

A história do filme é baseada em um livro homônimo escrito por William Peter Blatty que traz como referência relatos de um exorcismo que aconteceu nos Estados Unidos em 1949. Chris MacNeil, vivida nas telas por Ellen Burstyn,  uma famosa atriz divorciada vai morar em Georgetown junto com sua amável filha Regan (Linda Blair). Quando estranhos acontecimentos começam a se torna rotineiros e Regan começa a despertar sintomas que não condizem com de uma pessoa saudável, Chris aciona a medicina e a psiquiatria para tentar resolver a situação. Visto que os métodos foram em vão, ela é alertada a procurar a Igreja Católica, e na figura do incrédulo Padre Karras (Jason Miller) e do experiente padre Merrin (Max von Sydow), é iniciada uma batalha do bem contra o mal.

O filme tem três diferenciais: o roteiro, a direção (toda equipe técnico-artística) e as atuações – principalmente a de Linda Blair. Primeiramente, o roteiro, foi uma grande aposta da Warner Bros que comprou os direitos para produzir a história de Blatty. A trama do filme foi a primeira de muitas que viriam, anos depois, mostrando uma criança possuída pelo demônio, o que levou os expectadores a diversas emoções e sensações diante de cenas tão chocantes. O drama do padre Karras também é um ponto interessante, pois mostra que até os homens “escolhidos por Deus” – que deveriam guiar os demais através dos dez mandamentos –, sofrem com os dramas da vida e com a perda da fé. A medicina que por muitas vezes é tida como a “toda poderosa” nada pode fazer para livrar Regan dos inexplicáveis sintomas. A construção da personagem Regan também é interessante e o espectador simpatiza com a sua causa, como quando ela passa por baterias de exames que não levam a lugar nenhum. Contudo, contemplam de forma perplexa uma Regan-Demônio sem “papas na língua” e atitudes um tanto inadmissíveis na sociedade. Vale ressaltar a coragem de Linda Blair em aceitar o papel, recusado por varias outras atrizes.


A direção de William Friedkin conduz muito bem a narrativa do filme. Prólogos apresentam os protagonistas, vivendo suas vidas normalmente sem saber que o futuro os aguardavam em um leito habitado pelo demônio. Não posso deixar de citar a bela fotografia com o contraste entre claro e escuro, utilizando de belas sombras na composição das cenas, criando quadros belíssimos, como a chegada do padre Merrin à residência, a mesma da capa do filme. Tecnicamente falando, a equipe de efeitos especiais se superou, fazendo um trabalho grandioso. Se até hoje muitos expectadores se assustam com a “veracidade” das cenas, o que dirá nos anos 70 ver uma menina girando a cabeça em 360º ou descer escadas de uma forma bem peculiar. Todos esses aparatos serviram para compor todo o clima de suspense e medo que o filme transmite.

No Oscar de 1974 foi o filme com mais indicações: concorreu em 10 categorias e levou dois – Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. Foi o primeiro filme de terror a ser indicado como Melhor Filme da academia, se tornando referência para tantos outros do gênero terror, se tornando umas das maiores bilheterias da história do cinema. Finalizo com outra citação do diretor do filme que reflete também o meu sentimento para com esse magnífico clássico da sétima arte: “Sempre achei que um filme deve ser, antes de tudo, uma experiência emocional. Deve fazer rir, ou chorar, ou sentir medo. Mas deve também inspirar e provocar... estimular a reflexão”.

INDICAÇÕES (2 vitórias):
1. Melhor filme: William Peter Blatty
2. Melhor Diretor: William Friedkin
3. Melhor Atriz: Ellen Burstyn
4. Melhor Ator Coadjuvante: Jason Miller
5. Melhor Atriz Coadjuvante: Linda Blair
6. Melhor Roteiro Adaptado: William Peter Blatty (venceu)
7. Melhor Fotografia: Owen Roizman
8. Melhor Som: Robert Knudson e Christopher Newman (venceu)
9. Melhor Direção de Arte: Bill Malley e Jerry Wunderlich
10. Melhor Edição: John C. Broderick, Bud S. Smith, Norman Gray e Evan A. Lottman

por Rafael Castro

terça-feira, 13 de março de 2012

Ben - O Rato Assassino (1972)

Para quem gosta de terror e em especial para filmes com animais assassinos, este aqui é um prato cheio. Esse tipo de filme é conhecido como eco-horror, denominação que classifica os filmes de terror que tem roteiros baseados em animais que sofreram alguma mutação ou qualquer tipo de “evento” que os fizeram se transformar em criaturas assassinas em busca de carne humana.  Citarei alguns famosos que com certeza você já deve ter visto ou ouvido falar como: “Os Pássaros”, de 1963, que faz parte da nossa lista de filmes do mês; “Tubarão” (1975) e “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros” (1993), ambos filmes de Spielberg; além de “Piranha” (1978) e “Anaconda” (1997). Mas, em se tratando de eco-horror, os títulos mais imprevisíveis e surpreendentes são os menos conhecidos, filmes com baratas, babuínos, caranguejos gigantes, coelhos gigantes, lesmas, ratos, fazem o espectador morrer de medo ou de rir vendo algum desses monstros em ação.
O filme é dirigido por Phil Karlson (diretor do primeiro filme de Marilyn Monroe) e conta a história de um garoto solitário que tem um grave problema no coração e que acaba se tornando amigo de Ben, um rato. A peculiaridade fica por conta de que Bem é líder de um exército de ratos que faz vítimas em grandes números e a polícia intensifica as investigações para encontrar o esconderijo dos roedores. O filme tem um tom melancólico e triste, devido a música tema “Ben”, criada por Michael Jackson, que representa a amizade entre o rato e o garoto. A música rendeu a única indicação da película para o Oscar de 1973 para Melhor Canção Original. “Ben- o Rato Assassino”, na verdade, é uma seqüência de “Calafrio” (1971), dirigido por Daniel Mann e que mostra como foi criado o exército de ratos. 
Primeiramente gostaria de exaltar a importância e a coragem que há nessas produções de baixo orçamento ou filmes trash. É evidente que em muitos filmes B não se vê a mesma qualidade ou o mesmo cuidado técnico-artístico que podemos contemplar em produções feitas e patrocinadas por grandes estúdios, que contam ainda com atores-celebridades e maior divulgação do trabalho. O mais interessante nesse tipo de produção é a criatividade e a ousadia para criar filmes  com assuntos muitas vezes “absurdos”, mas que acabam virando uma espécie de “folclore cinematográfico”, atraindo uma legião de fãs que adoram esse tipo de filme.  
Sobre o filme em questão, não me agradou muito, primeiro que não tenho fobia por ratos, o que já me deixa um tanto resistente ao assunto; segundo que, para época, era difícil passar a veracidade de um ataque animal de forma convincente. Tanto é que a única coisa que chamou a atenção da Academia foi a canção de Michael Jackson. Mas, se você tem medo de ratos e gosta de um filme de terror trash, talvez ele te agrade.
INDICAÇÃO:- Melhor Canção Original: Walter Scharf e Don Black.
por Rafael de Castro

domingo, 11 de março de 2012

O Bebê de Rosemary (1968)


Adaptado do romance escrito por Ira Levin em 1967 e dirigido pelo premiado e polemico Roman Polansky (“Tess - Uma Lição de Vida”, 1980), “O Bebê de Rosemary” é considerado um clássico do gênero terror.

Na história conhecemos o casal Rosemary Woodhouse (vivida por Mia Farrow) e Guy Woodhouse (John Cassavetes), que estão em busca de um apartamento para chamar de lar e assim realizar o sonho de ter um filho. Eles conseguem um belo lugar e logo se tornam amigos de um casal de idosos que moram ao lado e, que, aparentemente são pessoas normais. Nisso, Rosemary finalmente consegue engravidar, e acaba recebendo todo apoio desses vizinhos, que até indicam o médico ideal. Porém, o que era pra ser um sonho acaba virando um pesadelo, pois sua concepção tem um propósito muito maior.

A trama pode até parecer um tanto quanto clichê, afinal, quem nunca ouviu falar em algum filme ou em alguma lenda urbana envolvendo o nascimento de um bebê demoníaco?!  Todo mundo já ouviu esse tipo de história antes, isso é fato.  Mas, como todo mundo já sabe, nesse caso isso nem importa, porque O Bebê de Rosemary é um filme fundamental.

Além de outros prêmios, Rosemary's Baby recebeu duas indicações ao Oscar de 1969, de Melhor Atriz Coadjuvante para Ruth Gordon (ganhou essa) e Melhor Roteiro Adaptado para o próprio diretor.

INDICAÇÕES (1 vitória):
- Melhor Atriz Coadjuvante: Ruth Gordon (venceu)
- Melhor Roteiro Adaptado: Roman Polanski

por Thiago Paulo

sexta-feira, 9 de março de 2012

Os Pássaros (1963)


O que um pássaro já fez contra você? Talvez tenha defecado enquanto você passeava com sua roupa nova pela rua? Quem sabe tenha roubado seu lanche num piquenique no parque? Mas o que você diria de ser atacado por centena deles sem motivo aparente? E ainda mais, se a sua cidade ficasse infestada e sofresse ataques constantes de milhares deles?

É isso que ocorre em “Os Pássaros” (1963), do aclamado Alfred Hitchcock. O filme acompanha a socialite Melanie Daniels (Tippi Hedren) que vai de San Francisco até o pequeno povoado de Bodega Bay para dar o troco em uma brincadeira que o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) pregou nela. Assim ela conhece a família de Mitch e a pequena cidade.

Ela foi convencida por Mitch a permanecer na cidade durante o fim de semana, mas foi o momento errado que ela escolheu para ficar. Pássaros começaram a infestar a cidade e atacar moradores. A princípio alguns não queriam acreditar na revolta dos animais até serem eles mesmos atacados, deixando assim uma deixa para toda a excelente seqüência da conversa no bar, em que Melanie e Mitch tentavam explicar que o ataque dos pássaros era real, e o ataque que seguiu provando a todos que o que ouviram no bar era verdade.

Aliás uma das coisas que enriquecem o filme são as excelentes seqüências. Sem falar é claro de excelentes atuações, dentre as quais destaco a de Jessica Tandy que interpretou Lydia, a mãe de Mitch, e a excelente direção que me fez em alguns momentos levantar do sofá e bater palmas lentas. Confesso, porém, que fiquei frustrado com o final: embora tenha me deixado um pouco tenso, esperava mais.

INDICAÇÃO:
- Melhores Efeitos Visuais: Ub Iwerks

por Levi Ventura

quinta-feira, 8 de março de 2012

A Tara Maldita (1956)


Cabelos claros e lisos arrumados em tranças, vestido florido, jeito feminino e inocente. Essa é Rhoda Penmark (Patty McCormack), filha de Christine (Nancy Kelly) e Kenneth (William Hopper). Por trás desse tímido estereótipo, esconde-se uma das grandes tragédias à humanidade, esconde-se um crime trapaceiro. “A Tara Maldita” (1956) discute a moral e a infância em uma família abastada. É possível que a mãe Christine mantenha o padrão familiar, segurando a barra de ser a única a saber das atitudes da filha? A cena da revelação é bastante pesada, já que fica mais claro o deplorável caráter de uma menina vivida por uma atriz de apenas onze anos.

Entretanto, não se trata apenas de um mero caso de psicopatia. É uma abordagem bastante específica do comportamento humano: a menina, em busca de mais atenção, rompe o limiar do aceitável. A princípio, o crime mais bárbaro foi por causa de uma medalha. O roteiro de John Lee Mahin e Maxwell Anderson questiona: os crimes são atos da índole (aquela que já nasce conosco) ou seguem o pensamento de Rousseau, em que a sociedade corrompe o homem?

Apesar da brutalidade exposta, Rhoda consegue reaver o afeto e a bênção da mãe. A cada cena, nos deparamos com uma intransponível intriga. Ao final, o grande colapso: a mãe doente e a filha num ambiente hostil e fúnebre que é punida, no local da grande ferida de sua vida.

O filme concorreu a quatro estatuetas no Oscar, mas não ganhou nenhuma. Das quatro, três foram indicações de atuação para mulheres. Eileen Hackert ganhou o Globo de Ouro de 1957 como Melhor Atriz Coadjuvante, pelo papel de Hortense Daigle.


INDICAÇÕES:
1. Melhor Atriz: Nancy Kelly
2. Melhor Atriz Coadjuvante: Eileen Heckart
3. Melhor Atriz Coadjuvante: Patty McCormack
4. Melhor Fotografia: Harold Hosson

por Darlan Nasimento

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Retrato de Dorian Gray (1945)


É interessante notar como um simples e firme comentário, opinião ou idéia que escutamos pode acabar influenciando nosso modo de pensar e agir. É assim que se pode ver o início da história de Dorian Gray.

O jovem e rico Dorian Gray (Hurd Hatfield), de mais ou menos 22 anos, posava para o retrato que seu amigo Basil (Lowell Gilmore) estava pintando dele. Em uma das tardes em que Dorian posava conheceu o Lord Henry (George Sanders), que expressou suas fortes idéias que incentivavam Dorian a aproveitar plenamente a sua juventude, já que ser jovem se tratava de algo passageiro. O jovem Gray foi tocado de tal forma pelo que escutou que chegou ao ponto de dizer que daria até a sua alma para que ele continuasse jovem e o quadro envelhecesse no lugar dele.

O que ele não esperava é que seu desejo fosse atendido. Embora não tenha sido dito explicitamente no filme como isso ocorreu, é citado e exibido com freqüência a estátua de um gato/deus egípcio, que está também no retrato e que estava presente quando Dorian fez o pedido.

Dorian se apaixonou pela cantora Sybil Vane(Angela Lansbury) e estava decidido a casar-se com ela. Porém, mais uma vez, deu ouvidos às idéias do Lord Henry o que o levou a encerrar seu relacionamento com Sybil de uma forma áspera e o levou também a ficar desacreditado do amor. Foi aí que ele percebeu a mudança que ocorreu na expressão de seu retrato e se deu conta que seu pedido tinha sido atendido de forma ainda mais profunda, sua alma estava no retrato, a idade, os seus pecados, seu interior, tudo passaria a ser gravado no quadro.

Dorian passou então a viver pelos desejos e prazeres. Logo pessoas começaram a comentar e criar histórias sobre ele e o mesmo ainda jovem começou a perceber que talvez não tivesse tanta vantagem em ficar eternamente jovem. Boas atuações, boa direção, fazem de O Retrato de Dorian Gray um bom filme pra se incluir na lista de filmes a ver.

INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Atriz Coadjuvante: Angela Lansbury
2. Melhor Fotografia PB: Harry Stradling Sr. (venceu)
3. Melhor Direção de Arte PB: Cedric Gibbons, Hans Peters, John Bonar, Hugh Hunt e Edwin B. Willis

por Levi Ventura

terça-feira, 6 de março de 2012

O Médico e o Monstro (1931)


Sou suspeito para falar sobre esse filme. Por ser estudante de Letras, o acaso me impele a dar mais crédito ao livro do que ao filme. Robert Louis Stevenson, escritor escocês, publicou em 1866 seu maior sucesso literário, O médico e o monstro (The strange case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde). A tradução traz mais evidentemente o conteúdo da história. Dr. Jekyll é um cientista à procura de provas que comprovem a existência do bem e do mal. Na falta de uma cobaia, ele faz testes em si próprio, acarretando ataques ocasionais de personalidade, em que ele se transforma no malévolo Mr. Hyde, sangrento e horroroso.

A grande conclusão desse experimento científico é que o mal, muitas vezes, não pode ser controlado. A partir do filme, atribui-se o apelido de "Jekyll & Hyde" a uma pessoa que se comporta diferentemente em diferentes situações.
Em 1931, Rouben Mamoulian dirigiu a produção de uma adaptação da obra literária. A Fredric March ficou atribuído o pesadíssimo cargo de viver a criatura de dupla personalidade. Miriam Hopkins fez as vezes da mocinha, como não podia faltar.

O trabalho ao menos foi reconhecido: March recebeu o Oscar de Melhor Ator. Nesse ano em particular houve um empate, e então também levou uma estatueta Wallace Beery, por The champ. Ainda houve outras duas indicações de menor importância. March recebeu, além disso, o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza, na Itália.


INDICAÇÕES:
1. Melhor Ator: Fredric March

2. Melhor Fotografia: Karl Struss
3. Melhor Roteiro Adaptado: Percy Heath e Samuel Hoffenstein

por Darlan Nascimento

segunda-feira, 5 de março de 2012

Gênero terror: o medo como estética de entretenimento


O cinema, desde que surgiu e foi gradualmente agregando novas estéticas artísticas, inevitavelmente abriu espaço para as mais diversas emoções: desde o alívio quando o casal de um romance finalmente supera as adversidades, como em An Affair to Remember (1957) e termina junto até a tensão de observar inerte ao desespero de pessoas presas num local que decerto as levará à morte, como em The Towering Inferno (1974). Mas muito antes disso – de qualquer um dos filmes citados –, datado do começo do século XX, inúmeras outras sensações já haviam sido expostas nas películas e, ainda mais anteriormente, a literatura já as havia dado ao seu público, permitindo que eles rissem de uma situação histriônica, chorassem a morte de uma personagem, se encantassem com a atmosfera de alegria presente numa narrativa e, também, fez muitos leitores sentirem medo.

Há, primeiramente, que se ignorar o pressuposto de que o medo é um sentimento infantil e que a estética do horror seja, dado a sua natureza assombrosa, voltada para o público adulto. Precisamos nos lembrar de que o medo evoca a compreensão de que algo ou alguém pode nos atingir e nos afetar negativamente, mostrando assim que, mesmo que mais sobressalente em crianças, a capacidade de abstraí-lo e correlacioná-lo a algo concreto requer bastante maturidade. Depois, é necessário compreender que o horror enquanto estética advém da verossimilhança, ou seja, da comparação com elementos reais, de modo que haja, na vida real, algo que se assemelhe àquilo que é visto em filmes e livros, independentemente do público para o qual sejam voltados. Como se vê nos contos de fadas, a benevolência e a maldade, o bom e o mau, o certo e o errado – todos advindos de padrões morais e éticos –, representam a máxima dicotomia da vida: ou dá certo ou não dá. Em seu livro Psicologia dos contos de fadas (1980), BETTELHEIM afirma que “nos contos de fadas, o mal é tão onipresente quanto a virtude” e acrescenta que “bem e mal são onipresentes na vida e as propensões para ambos estão presente em todo homem” (p. 15).


Assim, já eliminamos o pensamento de que sentir medo é uma característica infantil e acrescentamos a afirmação com base ontológica que o ser humano vive a dualidade de ser bom ou ser mal. E, aproveitando o ensejo, talvez Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1931) seja um bom exemplo de ilustração para representar essa problemática proposta, ainda que represente essa bifurcação entre o correto e o errôneo de modo bastante alegórico, qual o faz The Picture of Dorian Gray (1945): ambas as obras discorrem acerca de homens que vivem dupla vida, uma enquanto figuras sociais representativas e modelares, outra enquanto criaturas sociopáticas e indesejáveis. Aproveitando os exemplos, cabe agora dizer que a estética do horror não faz uso de um elemento puro e uno, mas decerto busca provocar o terror em quem lê um conteúdo literário ou assiste a uma produção cinematográfica – assim, como todos os gêneros narrativos, pode-se dizer que o gênero terror é bastante híbrido, principalmente por causa do intercruzamento que tem havido entre os diversos gêneros cinematográficos. Ficção científica e o terror podem se unir numa trama como Alien (1979), na qual astronautas se vêem cercados numa nave por uma criatura alienígena que potencialmente os devorará; The Exorcist (1973) une o terror de uma possessão demoníaca ao drama de uma família incrédula que se vê destruída pelo que não consegue compreender. Num trabalho oralmente apresentado na Universidade Federal Fluminense no ano de 2001, o professor doutor Eurico de Lima Figueiredo afirmou que as classificações genéricas são apenas um método de enxugar do modo mais eficiente a atmosfera do filme e que a classificação “retém algo de artificial perante a complexidade da realidade que pretendem entender e nomear” – isto é: o horror pode estar presente em películas de quaisquer gêneros.

Ainda que esse texto não se proponha analisar diacronicamente o gênero, torna-se inevitável não apontar algumas estéticas fundamentais à consolidação dele nem se pode ignorar títulos que percorreram a vida do cinema do horror e que mostraram  - e ainda mostram - que há público para assistir a essa estética fílmica. As doutrinas cinematográficas que embasam o gênero são praticamente tão velhas quanto ele próprio, uma vez que o terror se apropriou, além de suas próprias bases, da pintura e da literatura – a primeira visual, a segunda mentalmente imagética – para compor o filme, que é notadamente muito mais visual que qualquer uma das artes citadas. Que fique a ressalva, a tempo, de que a afirmação apenas se refere ao fato de que os filmes apresentam um número maior de imagens e que eles inevitavelmente “impõem” uma definição modelar ao espectador: aquele que lê Frankenstein (1818), de Mary Shelley, possui mais liberdade para imaginar o personagem à sua própria maneira do que aquele que assiste à obra cinematográfica, uma vez que o filme já lhe apresenta a figura pronta, cabendo ao espectador não imaginá-lo, mas acompanhar o desenvolver da trama.

Como já citado, o cinema de terror se apropriou de vanguardas para se fortalecer. Apenas a realidade, no seu máximo verossímil, não era suficiente para impor ao espectador a estranheza causada por um filme como Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (1922), obra alemã que fez uso do expressionismo a fim de fazer “a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional” (MONTEIRO, 2007, s/p). Ainda discorrendo mais sobre a relação do real e do fantasioso, o autor afirma que a “deformação das figuras dos expressionistas mostra claramente os impulsos libertários do movimento que submeteu o real às leis da imaginação, com pinturas de atmosfera apocalíptica e anarquista” (idem). E transpondo o significado de “anarquismo” para a natureza das artes, fica evidente que o expressionismo buscava desestruturar, através do horror, o arquétipo de cinema que havia até então: o exaustivo retrato da vida real.


Qual é o propósito, afinal, do gênero e como ele atinge o público? Decerto angustiar a platéia. NOGUEIRA (2010) diz que, quanto ao gênero, “o seu apelo e o seu fascínio para o espectador, provêm, ironicamente, da incomodidade e do desconforto que provoca neste”. É importante que saibamos que não apenas o incômodo, tampouco o medo em si, mas inúmeras sensações e emoções são correlatas a essa vertente cinematográfica: o asco em Cannibal Holocaust (1980), a angústia em Rosemary’s Baby (1969), a claustrofobia em The Shining (1980), a desolação em Night of the Living Dead (1968) e, trazendo mais próximo de nossa época, a inércia em Dark Water (2005) e a incompreensão em Paranormal Activity (2009). Todos esses filmes inevitavelmente se encarregam de perturbar o espectador, colocando-o lado a lado com a possibilidade de que aquilo na tela possa, afinal, se aproximar dele de algum modo e assim o colocar na mesma situação que a do personagem a que ele assiste.
E todas essas sensações dependem de uma via bilateral: tanto o filme deve se mostrar capaz de levar sua mensagem ao espectador quanto o espectador deve estar aberto ao que virá. Uma produção composta por aspectos artísticos fortes é capaz de revirar o estômago do público: um bom trabalho de maquiagem que transforma um rosto angelical em algo diabólico; um bom trabalho de som que consiga condicionar o espectador a seguir a cadência de tensão do filme; direção perspicaz, capaz de truques para intensificar a tensão, como a opção por filmar de ângulos diversos, diminuindo ou aumentando o personagem em relação à visão do espectador. E cabe à platéia selecionar quais filmes quer ver: de nada adiante ir ao cinema assistir a uma película de terror sobre zumbis se o que lhe dá verdadeiramente medo são os fantasmas ou os extraterrestres.

Há quem torça o nariz para os filmes de terror: “não são tão bons quanto os dramas”, “só tem sangue nisso”, dentre inúmeras outras afirmações descabidas, principalmente porque é bobagem, no caso da primeira assertiva, ignorar o drama psicológico que circunvizinha os personagens, e, no caso da segunda, esperar que o filme em questão desrespeite a sua própria proposta (por exemplo, é injustificável fazer tal reclamação de uma obra como Nightmare on Elm Street, de 1984, cujo enfoque é justamente no seu caráter sanguinário). E, aproveitando o último filme citado, é improvável não admirar a produção dos filmes de horror, principalmente porque eles, quais os contos de fada, colocam no nosso imaginário inúmeras figuras que nos perseguirão por toda a vida – sempre nos lembraremos de Jason (Friday the 13th, 1980), o assassino mascarado do Lago Cristal e do seu persistente ciúme pelo acampamento; também traremos conosco o terror intrínseco à personagem de Anthony Hopkins em The Silence of the Lambs (1991) e, ao ver sua imagem, seremos sempre como Clarice Starling, a olhá-lo com olhos desafiadores e, ao mesmo tempo, apavorados; tampouco creio que haja quem possa se esquecer dos fantasmas que perseguiram Nicole Kidman em The Others (2001) e, muito antes dela, dos espíritos trevosos que perturbaram a vida de Deborah Kerr, em The Innocents (1963). E o mal, em sua forma mais dilaceradora, não se verifica apenas em assassinos seriais e casas mal assombradas – ele também se apossa de crianças – mesmo as mais dóceis – e as transforma no elixir do terror que vimos em Rhoda Pennmark, Damien, Henry Evans e Samara, respectivamente dos filmes The Bad Seed (1956), The Omen (1976), The Good Son (1993) e The Ring (2002).

Como todos os outros gêneros, o terror não se limita aos adultos tampouco faz com que os humanos sejam os protagonistas. Com caráter bastante democrático, o elemento a causar o terror pode ser uma pessoa (Sleepaway Camp, 1983), um sonho (The Cell, 2000), um fenômeno da natureza (The Fog, 1980), um veículo de transporte (Christine, 1983), um lugar (The Pet Semetary, 1989) ou, pasmem, até mesmo um objeto (The Refrigerator, 1991). E, como todo gênero, tem suas exemplares que merecem ser conferidos (REC, 2007) e aqueles dos quais devemos passar longe (5ive Girls, 2006). E, sobretudo, não podemos ignorar o fato de que, como qualquer outro gênero, o terror é fundamental para a análise não apenas do cinema enquanto objeto artístico e, conseqüentemente, sociológico (já que traz consigo o reflexo de uma sociedade), mas talvez do próprio homem, que viu na produção cinematográfica um instrumento para registrar aquilo que é presente em nossas vidas: o medo.



Referências bibliográficas:
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene aetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

FIGUEIREDO, Eurico de Lima. Cinema, terror e ideologia. In: < http://www.achegas.net/numero/um/eurico_f.htm>, acesso em 02 de março de 2012.

MONTEIRO, Pedro. O Expressionismo recriando conceitos e valores. In: < http://www.overmundo.com.br/overblog/o-expressionismo-recriando-conceitos-e-valores>, acesso em 02 de março de 2012.

MOURA, Edgar. 50 anos luz, câmera e ação. São Paulo: SENAC São Paulo, 2001.

NOGUEIRA, Luiz. Manuais de cinema II: os géneros cinematográficos. – s.n.t.

XAVIER, Ismael (org.). A experiência do cinema. Coleção arte e cultura, v. nº 5. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilme, 1983.
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