terça-feira, 20 de abril de 2010

Oscar 1951 - O Terceiro Homem


Se houve uma categoria no Oscar de 1951 que não deixou dúvidas quanto à sua escolha, foi a de Melhor Fotografia, abocanhada pelo longa "O Terceiro Homem", dirigido por Carol Reed - também nomeado ao prêmio de Melhor Direção.

Ambientado na Viena pós-Segunda Guerra Mundial, o filme nos apresenta Holly Martins (Joseph Cotten), escritor americano que se dedica a criar histórias juvenis e que chega à cidade atrás de um velho amigo dos tempos de colégio, Harry Lime (Orson Welles), que o convidara para trabalhar consigo, e que acabara de morrer, em circunstâncias obscuras.

"The Third Man" - o título original - é um filme envolvente e cercado de mistérios. Reza a lenda que, na verdade, o longa foi uma espécie de filme secreto de Orson Welles. Injustiça com Reed. Na realidade, o filme foi criação de Reed (direção), Grahan Greene (romancista) e Alexander Korda (produtor). Reed e Korda encomendaram o argumento a Greene que, regado à muita bebida, criou a história de um homem que se finge de morto para não ser pego pela polícia.

Acontece que faltava um sócio americano no projeto e Reed procurou o lendário David O. Selzinick que topou injetar dinheiro no projeto - claro, não sem levar vantagem.

Welles foi o nome escolhido por Reed e Korda para encarnar "O Terceiro Homem". Selznick subiu nas tamancas. Para ele, Welles era "veneno de bilheteria" e tentou forçar a escalação de Cary Grant.

Reed ignorou as exigências de Selznick e dirigiu sua obra-prima com total liberdade. Entre elas, a escalação do eterno "Cidadão Kane".

Atenção para cenas antológicas como a sequência do encontro de Cotten e Welles e a corrida frenética pelos esgotos vienenses. Simplesmente magníficas.

PERFIL: ROBERT KRASKER

Um dos mestres da fotografia, Robert Krasker nasceu na Austrália e se mudou para a Inglaterra nos anos 30, atrás de uma oportunidade. A encontrou nos estúdios Korda Films.

Influenciado pelo cinema noir e pelo expressionismo alemão, trabalhou em mais de cinquenta filmes durante e carreira e levou o Oscar pela belíssima fotografia de "O Terceiro Homem".

CURIOSIDADES: Você sabia...

... que as cenas mais famosas do filme não foram fotografadas por Krasker e sim pelos seus assistentes, John Wilcox e Hans Schneeberger, ex-namorado da lendária Leni Riefenstahl?

... que durante a fuga nos esgotos, o vulto que se vê não é de Welles e sim do diretor-assistente Guy Hamilton (que mais tarde dirigiria 007 Contra Goldfinger), lançando mão de artifícios para que ficasse com a mesma atura de Welles?

... que Selznick mudou a voz em off que abre o filme na versão exibida nos Estados Unidos - e certamente a exibida no Brasil, em 1950 -, e que, graças à forças contratuais, Reed não pôde fazer nada? E que além disso, simplesmente 14 minutos foram limados do filme, sendo restaurados no DVD que foi relançado no final dos anos 90?

... que Anton Karas, compositor da trilha, era um mero músico freelancer que Reed convidou para musicar a trama? Segundo Charles Drazin, autor do livro "Em Busca do Terceiro Homem", seria algo como "Steven Spielberg convidar um músico que ele ouviu tocando acordeon na saída do metrô". E que Karas ficou rico graças à trilha, voltou para Viena, abriu um restaurante chamado "O Terceiro Homem" e nunca mais saiu de lá?

INDICAÇÕES:
  • Melhor Fotografia
  • Melhor Direção
Vídeos - Trailer / Cena
Por: Marcelo Antunes

Um comentário:

pseudo-autor disse...

Adorei seu blog. Sou apaixonado por filmes clássicos e sempre procuro na blogosfera material sobre esse tipo de cinematografia. O Terceiro Homem é uma pequena obra-prima irresistível. Recomendo aqui para seu espaço Sindicato dos Ladrões, Reds e A Noite do Iguana.

Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com

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