quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Abertura: Oscar 1998 - 70º Academy Awards


A cada nova cerimônia do Academy Awards, parece haver um filme que se destaca demais em relação aos outros. Na septuagésima edição da entrega de prêmios, o grande filme da noite foi Titanic, obra dirigida por James Cameron. Embora haja outros filmes com qualidade semelhante, é inegável que a narrativa quase épica do drama repercutiu bem mais dentre os indicados – e inclusive fora dos circuitos cinematográficos, sendo, até o ano passado, a obra com a maior bilheteria dos cinemas.

Considerando todos os fatos que ocorreram na cerimônia, nós, membros do Um Oscar por Mês, decidimos nos fazer algumas perguntas – algumas, de caráter bem sério. Titanic ficou estigmatizado por dois grandes feitos: repetiu a façanha conquistada por All About Eve, de 1950, ao conquistar 14 indicações (são esses, portanto, os dois filmes que detêm o recorde de indicações); durante a premiação, vem o segundo feito: conquistou, tal como Bem-Hur o fizera 38 anos antes, 11 estatuetas, tornando-se, então, o segundo de três filmes a chegar a esse nível. Independentemente de gostar ou não da obra, a Academia lhe colocou num patamar no qual estão pouquíssimos filmes, haja vista que a obra sobre o “navio que nem Deus afunda” se mantém como detentor de dois recordes notáveis. Vale questionar: a obra é tão boa assim? Teria a Academia a sobrevalorizado, atribuindo-lhe características que não correspondem exatamente às expectativas dos espectadores?

A cerimônia de 1998 ficou marcada também por outros fatores. Como curiosidade, a vitória de Jack Nicholson e Helen Hunt, que competiram respectivamente como Melhor Ator e Melhor Atriz pelo filme Melhor é Impossível, fez com que esse filme ficasse marcado como o sétimo – e até agora último – filme a conceder tanto ao lead actor quanto à lead actress a estatueta dourada. Isso significa que há mais de uma década que uma obra não repete tal acontecimento. Tanto Jack Nicholson quanto Helen Hunt têm um histórico interessante nas premiações – enquanto ele já havia recebido muitas indicações e, inclusive, ganhado dois Oscar, ela fora indicada pela primeira vez, mas anteriormente havia conquistado indicações e prêmios no Globo de Ouro e no Emmy como Atriz Televisiva. Naquele ano, em especial, a atriz teve como concorrentes quatro inglesas; ao vencê-las, considerando que muitos discordam de sua vitória, ficou a dúvida: foi premiada pelo nacionalismo da Academia, que desejou premiar uma conterrânea, ou foi justa sua vitória?

Enumerar as curiosidades dessa cerimônia levaria tempo – e esse, de qualquer modo, não é o objetivo desse texto. Não posso, no entanto, me esquecer de comentar a respeito da participação do Brasil no Oscar (e esse fato de repetiria no ano seguinte). O filme O Que é Isso, Companheiro? conquistou uma indicação como Melhor Filme Estrangeiro, possibilitando ao Brasil concorrer pela quarta vez nessa categoria (estou desconsiderando Orfeu Negro, que foi uma co-produção brasileira e francesa, mas que rendeu apenas à França a estatueta).

Ao longo do mês, analisaremos os filmes concorrentes e, ao final dele, daremos a nossa opinião sobre os indicados e premiados. Responderemos, pois, se Titanic é mesmo tão bom assim, se Helen Hunt é melhor do que suas concorrentes, se Kim Basinger mereceu vencer a atriz mais velha a concorrer ao Oscar (Gloria Stuart, como a velha Rose, em Titanic) e também se o Brasil tinha chances naquela cerimônia. Não posso terminar esse texto sem lançar a pergunta venenosa: será que Ben Affleck realmente ajudou Matt Damon a escrever o roteiro de Gênio Indomável ou levou a estatueta pelo trabalho do amigo?



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