Muitos consideram The
Last Emperor a obra-prima de Bernardo Bertoulucci, diretor que trouxe às
telas inúmeros outros títulos interessantes, como Ultimo Tango a Parigi (1972) e The
Dreamers (2003), que, tanto num quanto no outro, mostram pessoas confinadas num
ambiente e entregando-se totalmente aos seus desejos sexuais - mesmo que
incomuns. Já “O Último Imperador” se foca mais num período histórico do que na
análise ontológica, e sua trama percorre a vida de Pu Yi, que nasceu para ser imperador
na Cidade Proibida, que foi o local de residência do imperador e de seus
agregados - parentes e serviçais - durante o período de quase cinco séculos. O
garoto, que em 1908 foi condecorado imperador, vê todo o seu poder se
desmanchar quando a China se torna um país de governo presidencialista.
A figura de Pu Yi é fundamental à trama e seus dramas
pessoais são abordados, mas, como disse, por não se tratar de uma abordagem
ontológica, a personagem acaba mais inserida naquele panorama histórico, que
dissecado ao longo das duas horas e meia de filme. A produção pomposa e os
aspectos técnicos muito bem cuidados fizeram com que “O Último Imperador” carregasse
consigo a distinção de, juntamente com “Gigi” (19858), ter sido indicado a 9
prêmios naquela cerimônia e, curisamente, ganhasse todos eles, tornando-se
assim o que podemos chamar de “verdadeiro vencedor da noite”. Vale aqui
ressaltar que outro feito assim só aconteceria em 2003 quando o terceiro volume
de “O Senhor dos Anéis” conquistou as 11 estatuetas a que concorreu.
A narrativa fragmentada, que mistura passado e presente,
evitando assim a linearidade do narrar, serve como elemento para causar
interesse no espectador. Sabemos que o garoto foi imperador e também sabemos
que, anos mais tarde, quando a China já havia se tornado a República Popular da
China, ele acabou se tornando prisioneiro. É aí que percebemos o que eu já
havia dito: a intenção aqui é conectar esses dois pontos da vida do personagem usando
para isso a história do país e todas as modificações que vieram com as mudanças
de governo e de perspectivas populares. O resultado desse esforço foram as
várias indicações e, sobretudo - com evidência aqui -, todos os prêmios ganhos.
PERFIL : BERNADO
BERTOLUCCI
Bernardo Bertolucci nasceu na Itália, na cidade de Parma,
em 1940 (hoje tem 71 anos). Na universidade, como hobby, fazia poesias, o que
acabou fazendo com que ele se destacasse na produção literária, ainda que não
tenha publicações nessa área. Seu envolvimento com cinema começou efetivamente quando
trabalho em 1961 como assistente de direção no filme Accattone, de Píer Paolo Pasolini, mas talvez tenha sido no ano de
1967 que ele obteve maior destaque: escreveu o roteiro de “Era Uma Vez no
Oeste”, filme que foi dirigido por Sérgio Leone.
A Academia começou a reconhecer Bertolucci a partir da
década de 1970, quando, no ano de 1971 indicaram-no pelo seu trabalho como
roteirista pelo filme “o Conformista”, este já gravado nos Estados Unidos. No
ano seguinte, 1972, escandalizaria a todos com a sua obra “O Último Tango em
Paris”, que reuniu Marlon Brando e Maria Schneider em cenas picantes numa obra
de abordagem psicológica muito intensa. A Academia então concedeu a Bertolucci
sua segunda indicação ao prêmio e primeira como diretor no ano de 1974 (vale
aqui apontar que o filme somente estreou nos EUA em 1973, não o tornando
elegível, portanto, para aquele ano). Seria comente catorze anos depois, em
1988, que o diretor seria altamente reconhecido pelo seu trabalho
cinematográfico “O Último Imperador”, produção escandalosamente grande de duas
horas e meia, um épico cujo estilo encantou os membros da Academia e
fizeram-nos indicar a película para 9 estatuetas - achando pouco, premiaram o
filme nas nove categorias em que concorreu, concedendo a Bertolucci a honra de
ser o melhor diretor e, ainda, ter seu filme como o melhor filme, recebendo
ainda, o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado.
Seguiram trabalhos notáveis, sendo os de maior destaque “O
Céu que Nos Protege”, de 1990, com Debra Winger e John Malkovich, e “Os
Sonhadores”, de 2003, sendo este até o momento o seu último filme e, talvez, um
dos mais populares do diretor, que trabalhou com um elenco jovem e fez com que
seu filme repercutisse bastante devido à alta sensualidade presente nele.
Atualmente, está trabalhando no filme de Io
e te, que deverá ser lançado em 2013.
CURIOSIDADES:
- O governo chinês autorizou que o filme fosse gravado
dentro da Cidade Proibida, fazendo dele o primeiro filme de caráter
não-documentário a ter locações naquele ambiente;
- Tornou-se o primeiro filme desde 1949 a ter total
cooperação do governo chinês para a sua realização;
- 19.000 figurantes aparecem ao longo do filme;
- A segurança em torno da Cidade Proibida era tão grande
que, quando Peter O’Toole esqueceu sua identificação, não o deixaram entrar
para as gravações.
- Como carros não são permitidos na Cidade Proibida, o
elenco tinha que se locomover usando bicicletas ou ir a pé de um local para o
outro;
- Trata-se do filme de abertura da “trilogia do oriente”.
É procedido por “O Céu que Nos Protege” e “O Pequeno Buda”;
- O verdadeiro guarda da prisão Yuan Jin, responsável pela
reabilitação de Pu Yi, aparece na cena em que o último imperador recebe a
absolvição.
VITÓRIAS (9 prêmios
de 9 indicações):
1. Melhor Filme - Jeremy Thomas
2. Melhor Diretor - Bernardo Bertolucci
3. Melhor Roteiro Adaptado - Bernardo Bertolucci e Mark
Peploe
4. Melhor Direção de Arte - Ferdinando Scarfiotti, Bruno
Ceasi e Osvaldo Desideri
5. Melhor Fotografia - Vittorio Storano
6. Melhor Figurino - James Achenson
7. Melhor Montagem - Gabriella Cristiani
8. Melhor Som - Bill Rowe e Ivan Sharrock
9. Melhor Trilha Sonora - Ryûichi Sakamoto, David Byrne e
Cong Su
por Luís Adriano de Lima
Um comentário:
Típico filme que eu conheço apenas de nome, mas como eu gosto do Bertolucci... Preciso ver!
Postar um comentário