quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Oscar 1988 - O Último Imperador


Muitos consideram The Last Emperor a obra-prima de Bernardo Bertoulucci, diretor que trouxe às telas inúmeros outros títulos interessantes, como Ultimo Tango a Parigi (1972) e The Dreamers (2003), que, tanto num quanto no outro, mostram pessoas confinadas num ambiente e entregando-se totalmente aos seus desejos sexuais - mesmo que incomuns. Já “O Último Imperador” se foca mais num período histórico do que na análise ontológica, e sua trama percorre a vida de Pu Yi, que nasceu para ser imperador na Cidade Proibida, que foi o local de residência do imperador e de seus agregados - parentes e serviçais - durante o período de quase cinco séculos. O garoto, que em 1908 foi condecorado imperador, vê todo o seu poder se desmanchar quando a China se torna um país de governo presidencialista.

A figura de Pu Yi é fundamental à trama e seus dramas pessoais são abordados, mas, como disse, por não se tratar de uma abordagem ontológica, a personagem acaba mais inserida naquele panorama histórico, que dissecado ao longo das duas horas e meia de filme. A produção pomposa e os aspectos técnicos muito bem cuidados fizeram com que “O Último Imperador” carregasse consigo a distinção de, juntamente com “Gigi” (19858), ter sido indicado a 9 prêmios naquela cerimônia e, curisamente, ganhasse todos eles, tornando-se assim o que podemos chamar de “verdadeiro vencedor da noite”. Vale aqui ressaltar que outro feito assim só aconteceria em 2003 quando o terceiro volume de “O Senhor dos Anéis” conquistou as 11 estatuetas a que concorreu.

A narrativa fragmentada, que mistura passado e presente, evitando assim a linearidade do narrar, serve como elemento para causar interesse no espectador. Sabemos que o garoto foi imperador e também sabemos que, anos mais tarde, quando a China já havia se tornado a República Popular da China, ele acabou se tornando prisioneiro. É aí que percebemos o que eu já havia dito: a intenção aqui é conectar esses dois pontos da vida do personagem usando para isso a história do país e todas as modificações que vieram com as mudanças de governo e de perspectivas populares. O resultado desse esforço foram as várias indicações e, sobretudo - com evidência aqui -, todos os prêmios ganhos.

PERFIL : BERNADO BERTOLUCCI
Bernardo Bertolucci nasceu na Itália, na cidade de Parma, em 1940 (hoje tem 71 anos). Na universidade, como hobby, fazia poesias, o que acabou fazendo com que ele se destacasse na produção literária, ainda que não tenha publicações nessa área. Seu envolvimento com cinema começou efetivamente quando trabalho em 1961 como assistente de direção no filme Accattone, de Píer Paolo Pasolini, mas talvez tenha sido no ano de 1967 que ele obteve maior destaque: escreveu o roteiro de “Era Uma Vez no Oeste”, filme que foi dirigido por Sérgio Leone.

A Academia começou a reconhecer Bertolucci a partir da década de 1970, quando, no ano de 1971 indicaram-no pelo seu trabalho como roteirista pelo filme “o Conformista”, este já gravado nos Estados Unidos. No ano seguinte, 1972, escandalizaria a todos com a sua obra “O Último Tango em Paris”, que reuniu Marlon Brando e Maria Schneider em cenas picantes numa obra de abordagem psicológica muito intensa. A Academia então concedeu a Bertolucci sua segunda indicação ao prêmio e primeira como diretor no ano de 1974 (vale aqui apontar que o filme somente estreou nos EUA em 1973, não o tornando elegível, portanto, para aquele ano). Seria comente catorze anos depois, em 1988, que o diretor seria altamente reconhecido pelo seu trabalho cinematográfico “O Último Imperador”, produção escandalosamente grande de duas horas e meia, um épico cujo estilo encantou os membros da Academia e fizeram-nos indicar a película para 9 estatuetas - achando pouco, premiaram o filme nas nove categorias em que concorreu, concedendo a Bertolucci a honra de ser o melhor diretor e, ainda, ter seu filme como o melhor filme, recebendo ainda, o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado.

Seguiram trabalhos notáveis, sendo os de maior destaque “O Céu que Nos Protege”, de 1990, com Debra Winger e John Malkovich, e “Os Sonhadores”, de 2003, sendo este até o momento o seu último filme e, talvez, um dos mais populares do diretor, que trabalhou com um elenco jovem e fez com que seu filme repercutisse bastante devido à alta sensualidade presente nele. Atualmente, está trabalhando no filme de Io e te, que deverá ser lançado em 2013.

CURIOSIDADES:
- O governo chinês autorizou que o filme fosse gravado dentro da Cidade Proibida, fazendo dele o primeiro filme de caráter não-documentário a ter locações naquele ambiente;

- Tornou-se o primeiro filme desde 1949 a ter total cooperação do governo chinês para a sua realização;

- 19.000 figurantes aparecem ao longo do filme;

- A segurança em torno da Cidade Proibida era tão grande que, quando Peter O’Toole esqueceu sua identificação, não o deixaram entrar para as gravações.

- Como carros não são permitidos na Cidade Proibida, o elenco tinha que se locomover usando bicicletas ou ir a pé de um local para o outro;

- Trata-se do filme de abertura da “trilogia do oriente”. É procedido por “O Céu que Nos Protege” e “O Pequeno Buda”;

- O verdadeiro guarda da prisão Yuan Jin, responsável pela reabilitação de Pu Yi, aparece na cena em que o último imperador recebe a absolvição.

VITÓRIAS (9 prêmios de 9 indicações):
1. Melhor Filme - Jeremy Thomas
2. Melhor Diretor - Bernardo Bertolucci
3. Melhor Roteiro Adaptado - Bernardo Bertolucci e Mark Peploe
4. Melhor Direção de Arte - Ferdinando Scarfiotti, Bruno Ceasi e Osvaldo Desideri
5. Melhor Fotografia - Vittorio Storano
6. Melhor Figurino - James Achenson
7. Melhor Montagem - Gabriella Cristiani
8. Melhor Som - Bill Rowe e Ivan Sharrock
9. Melhor Trilha Sonora - Ryûichi Sakamoto, David Byrne e Cong Su

por Luís Adriano de Lima

Um comentário:

Alan Raspante disse...

Típico filme que eu conheço apenas de nome, mas como eu gosto do Bertolucci... Preciso ver!

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