quinta-feira, 29 de julho de 2010

Oscar 1981 - Opiniões: Parte 2


Gente Como A Gente e O Homem Elefante são dois filmes pelos quais tenho um carinho especial. O primeiro assisti numa das madrugadas da Globo, há muito tempo. O outro também vi ainda criança, na Bandeirantes, na mesma época em que a emissora exibiu Carrie, A Estranha - creio que tenha sido alguma sessão de filmes oscarizados que a emissora passava na ocasião. Logicamente que considero Touro Indomável um grande filme, mas, contrariando a grande maioria, para mim, a disputa do Oscar/1981 se deu entre as produções de Redford e Lynch.

Na abertura do mês, nosso texto levantou algumas questões. A primeira foi sobre a superioridade de Raging Bull sobre Ordinary People. Acho que, no parágrafo anterior, deixei bem claro qual é minha opinião. Apesar de Touro Indomável ter todos os elementos de um grande filme - e ele realmente é um grande filme - , faltou, para mim, enquanto espectador, o algo mais que me faz eleger esse ou aquele filme como um dos meus preferidos. O mesmo não acontece com The Elephant Man - na minha opinião, a grande obra-prima de David Lynch. A trajetória sofrida de John Merrick, as atuações memoráveis de John Hurt, Anthony Hopkins e Anne Bancroft, o roteiro de Christopher De Vore, Eric Bergren e do próprio Lynch, já o transformaram num jovem clássico.

Apesar de tudo, no entanto, considero a vitória de Gente Como A Gente mais que merecida. Em todas as outras vezes que o assisti, o impacto foi o mesmo da primeira vez. O tema é espinhoso. Há filmes aos montes que falam da relação entre pais e filhos; Robert Redford, no entanto, em sua estreia, nos apresenta uma equação inusitada: a falta de amor de uma mãe para com o filho. Porque é isso que fica bem claro durante as duas horas de filme. Beth Jarret não parece fazer muito esforço para “simplesmente” amar Conrad. A atuação de Mary Tyler Moore, contida, na maior parte do tempo, é magistral e não me conformo dela ter perdido a estatueta para Sissi Spacek. O mesmo digo de Timothy Hutton - essa sim, uma vitória merecida - que transformou o atormentado Conrad no - infelizmente - seu único sucesso.

Gente Como A Gente não é um filme de grandes acontecimentos e viradas inesperadas. É um filme tenso, uma panela de pressão. Uma vez, um amigo me falou que o título fora mal escolhido, pois os Jarret nunca foram “gente como a gente”. Eram ricos, bem-sucedidos, bonitos. Ele não pegou o espírito da coisa. São gente como a gente, sim, com os dramas e infernos particulares que toda família carrega - seja ela pobre ou rica.

Resumindo: o Oscar de 1981 foi parar em boas mãos. Merecidamente.

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Essa edição de 1981 foi complicada, alguns filmes foram impossível de encontrar. Filmes importantes para o cinema, que nem ao menos podemos conferir.

Todo ano que avaliamos aparece um filme que me surpreende. Sabe aquele filme que você nunca ouviu falar e que, aparentemente, você não daria a mínima atenção. Pois é, nessa edição, o francês "Meu Tio da América" foi um que me surpreendeu muito. Logo de cara,o filme já chama atenção por ter concorrido na categoria Melhor Roteiro. Ele não teria que estar disputando o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro? Com certeza, porém, sua indicação em Melhor Roteiro é mais que merecida. Nunca assisti nada igual, Alains Resnais mistura ficção e documentário de uma forma que vai surpreendendo a cada cena.

Nesse ano, Gente como a Gente se saiu como grande vencedor na noite de entrega do prêmio. Gostei bastante do filme, afinal, sou grande fã de dramas familiares. Robert Redford dirigiu um excelente roteiro, que emociona bastante. Sem contar as interpretações, que realmente mereceram estar entre os indicados. Timothy Hutton, que ganhou o prêmio de Ator Coadjuvante, foi o que mais chamou minha atenção. Como muitos já comentaram, é uma pena que o ator não conseguiu se destacar mais em sua carreira. Fez vários outros filmes, mas nada como esse pelo qual ganhou um Oscar.

Entre os que disputaram a estatueta de Melhor Filme também temos Touro Indomável, que é um filme bastante cansativo. É claro, tem a espetacular atuação de Robert De Niro, que, na minha opinião, é a melhor coisa do filme. Concluindo, Touro indomável não conseguiu me ganhar, todos os personagens são irritantes... Fiquei até com vontade de parar no meio do filme.

Não posso esquecer de Tess- Uma Lição de Vida, filme de Roman Polanski que apresenta uma das tramas mais triste do cinema. O que mais chama atenção nesse filme é a direção de arte., que está impecável. Além, é óbvio, de Nastassa Kiski, que bem poderia estar entre as indicadas a Melhor Atriz.

Entre esses três clássicos do cinema, temos O Homem Elefante, que pra mim é o melhor filme dessa edição. Mesmo tendo gostado bastante de Gente como a Gente, meu favorito desse ano é a produção de David Lynch. Apesar disso, é possível entender o porquê de Gente como a Gente ter ganho a estatueta de Melhor Filme. Dentre os cinco filmes, é muito mais fácil se identificar com Ordinary People, afinal, toda família já passou por algum tipo de crise. Por isso, a escolha da academia é bastante válida.


2 comentários:

LuEs disse...

Rapazes, concordo totalmente com vocês.
Parece que nós três chegamos a um consenso em relação à escolha que a Academia fez no ano de 1981. Creio que nós conseguimos enxergar os motivos por trás das escolhas feitas e chegamos às mesmas conclusões.

Saulo S. disse...

Concordo contigo, "O homem elefante" é um dos melhores filmes que já vi! Roteiro, atuação, clima, tudo ao gosto fantástico do Lynch!

Abraço
volverumfilme.blogspot.com

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