"A Cela” (2000), dirigido pelo diretor indiano Tarsem Singh
e roteirizado por Mark Protosevich, aborda a história de um assassino psicopata
que trancafia suas vítimas num lugar isolado, o qual ele denomina a cela, dando
título ao filme. O FBI procura esse criminoso e, quando por fim o captura,
leva-o ao coma, ficando impossibilitado de dizer onde é o seu esconderijo,
impedindo a polícia de salvar uma vítima que foi recentemente presa por ele. É
aí que começa efetivamente a trama sombria do filme: uma terapeuta seguindo um
novo método experimental de “invasão” de sonhos é contratada para conhecer a
mente do assassino e, através das suas memórias e pensamentos, encontrar a
localização da garota seqüestrada.
É interessante observar duas coisas nesse filme: primeiro,
é a dicotomia entre o real e o onírico muito bem representada ora pela
sobriedade das cores, ora pelo exagero delas – o mundo real é bastante opaco,
revestido por uma coloração parda; já o mente do assassino é brilhosa e
colorida, de características naturalmente não-correspondentes à realidade. Também,
não se pode negar a habilidade de Singh, o diretor, em saber muito bem como
usar as personagens obscuras da trama – aquelas figuras sem rosto, retorcidas,
deformadas – que acrescentam tensão à trama e que causam um efeito similar àquele
conquistado por Christophe Guns ao digirir “Silent Hill” (2006), ou seja, fazem
com que o espectador se aproxime bastante da personagem protagonista, já que as
reações dela são semelhantes às nossas ante os monstros com os quais se depara.
Os cenários transitam facilmente entre seu caráter
realista e seu caráter fantasioso e a história tem potencial. Talvez o defeito
do filme seja alguns problemas com os atores, já que nenhum deles – mesmo sendo
seus personagens já bastantes impactantes – consegue realmente impressionar. Jennifer
Lopez, em muitos momentos, impede um aprofundamento melhor de sua personagem,
obrigado-a, às vezes, a ficar na superficialidade. Ademais, excesso de mudanças
tornam o filme repetitivo, como se nem num mundo nem no outro as situações se
resolvessem por inteiras. Mas a trama consegue manter o espectador interessado
no que acontece e inclusive tem uma sequência que eu acho genial – Dra. Catherine
Deane caminha por um corredor de mostruários e, então, um dos “monstros” em
exibição ganha vida e começa a segui-la. Ainda que eu ache o figurino e a
fotografia muito bons, a Academia apenou o nomeou para Melhor Maquiagem, que é,
aliás, muito boa!
INDICAÇÃO:
- Melhor Maquiagem: Michele Burke e Edouard F. Henriques
por Luís Adriano de
Lima
Um comentário:
Ainda não assisti, mas parece ser um suspense intrigante.
http://cinelupinha.blogspot.com.br/
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