A ACADEMIA E O
TERROR: UMA RELAÇÃO DE DESAFETO
Ao longo do mês de março, fizemos um levantamento com
conteúdo selecionado visando apresentar um pouco da relação entre a Academia e
o gênero terror, que, como pudemos perceber não é das melhores, já que os membros
da AMPAS – Academy of Motion Pictures
Arts and Sciences – realmente não são simpáticos às causas do gênero horror
e, parece, grosso modo, não gostarem muito de levar sustos. Mas, apesar da
pesquisa que fizemos ter selecionado bons títulos de terror, ou que têm
elementos de terror na sua trama, acredito que o grande problema da relação
conflituosa reside no gênero em si.
Sou um profundo apreciador do gênero terror, mesmo que há
muito tempo tenha deixado de me sentir amedrontado pelo que vejo e tenha, também
há muito tempo, me sentido irritado pelas “novas” técnicas de impor medo:
barulhos altos que não significam nada, escuridão intensa que tenta esconder do
espectador qualquer coisa boba, objetos que surgem súbitos em cena acompanhados
pelos estrondos do primeiro item. Aliás, acredito que seja exatamente nesses
itens que estão o problema com a valorização dos filmes de terror.
Parece que ao advento do barulho como sinônimo de algo
sobrenatural é recente, mas já tem bastante tempo que isso acontece. E também,
como característica quase intrínseca ao gênero, estão os aparatos tecnológicos,
que quase sempre conferem ao filme mais notabilidade em relação a eles – em
específico – do que em relação à obra como um todo. Basta perceber o modo como
nos referimos a muitos filmes, chamando de bons seus aspectos sonoros, mas nos
esquecendo da direção, do roteiro, das atuações – porque muitas vezes isso não
é mesmo o mais importante na obra. E, não à toa, quando a Academia reconhece os
filmes de terror, normalmente ela o faz nas categorias técnicas de maquiagem,
som, edição, mas dificilmente os indica em categorias maiores – dos 12 filmes
que selecionamos, apenas dois (“O Exorcista”, 1973, e “O Sexto Sentido”, 1999)
foram indicados como Melhor Filme.
O gênero, para mim, é lindo – grandes filmes estão aí,
muitos deles marcaram a minha infância e adolescência e até hoje eu tenho
simpatia. O fato de a Academia não se lembrar deles com freqüência não os torna
piores, mas também não critico a Academia, porque muitas vezes esses filmes
realmente não se fazem grandes e se embasam em roteiros duvidosos, em
interpretações que cedem a muitos clichês, em direções que não mostram nada
verdadeiramente novo. Mas, de qualquer modo, me agrada bastante o gênero horror
bem como certas indicações – merecidíssimas, aliás – que alguns filmes
conquistam.
por Luís Adriano de
Lima
Quando, finalmente, resolvi sentar e escrever minha
opinião sobre o tema abordado pelo blog Um Oscar Por Mês durante o mês de março, logo me veio à
cabeça o texto do Levi, que se dizia confuso em relação aos filmes: "O que realmente é terror? É disso que as pessoas falam quando se referem a filmes desse gênero? Porque, sendo sincero, achei os filmes fracos".
Decerto, outros que tenham a chance de conferir os mesmos títulos por nós elencados, talvez, tenham a mesma sensação. Fato é que muita gente ainda associa terror a jatos de sangue, gritos e grandes perseguições. Para mim, no entanto, terror é o que se vê em “O Exorcista” (1973) e “A Profecia” (1976), por exemplo. Filmes em que o que conta
mais é a fotografia, a expressão facial dos atores e a trilha sonora, cuja função é pontuar a ação dramática e passar ao espectador medo, horror, dúvida, confusão e outras sensações que os amantes do gênero bem conhecem.
É bem verdade que há no meio dos nossos "escolhidos", filmes que passam longe do gênero. Ben, “O Rato Assassino” (1983) é quase um "terror infantil". Mesmo assim, achei a proposta válida. Interessante analisar outros tipos de filmes que não sejam aqueles que, normalmente, a Academia costuma premiar. E que possamos, novamente, fazer esse exercício. Que venham os próximos gêneros!
por Marcelo Antunes
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