Mil novecentos e noventa e nove decididamente é um ano complicado. Considerando todos os filmes importantes que foram nomeados antes dessa cerimônia e todos aqueles que seriam nomeados depois dela, soa um pouco estranho que a Academia tenha mesmo feito as escolhas que fez. Justiça não é uma termo que os votantes da Academia têm em mente quando fazem as suas opções. Desse modo, houve uma estupenda surpresa para mim: Shakespeare Apaixonado foi o grande vencedor da noite, com direito a alguns dos melhores prêmios e várias indicações.
Na verdade, creio que todo o problema se concenta em dois filmes: o que já citei e Central do Brasil. Nós brasileiros temos profundo orgulho dessa obra - tanto os que gostam como os que não gostam dela -, já que ela fez com que chegássemos muito próximos de ganhar um Oscar. Muitos até citarão Cidade de Deus como um contra-argumento para a minha afirmação, mas devemos nos lembrar de que no ano de 2004, o longa-metragem de Fernando Meirelles concorreu com o terceiro volume de O Senhor dos Anéis, de forma que definitivamente impossiblitava o Brasil de ganhar qualquer prêmio. Assim, Central do Brasil foi mesmo o filme que possiblitou que o Brasil conquistasse o seu primeiro, não apenas em uma, mas em duas categorias!
Nomear Shakespeare Apaixonado em 13 categorias é completo absurdo, na minha opinião. Este é um filme do qual gosto: o tom é correto, as interpretações são boas, a direção estável, a fotografia muito bonita. Porém, é um filme sem estruturas para concorrer a tantos prêmios. Eu no máximo o indicaria a duas estatuetas - fotografia e direção de arte - e talvez nem ao menos o premiasse. Mesmo soando estranho para mim, essas indicações e premiações foram compreensíveis: até o momento em que Paltrow venceu suas concorrentes. Dentre as cinco, ela ficaria em quarta posição, apenas a frente de Meryl Streep (porque esta foi indicada sem qualquer motivo). A favorita, sem dúvida, era a nossa dama Fernanda Montenegro, na mais intensa atuação dentre as indicadas. Judi Dench também levou o seu prêmio por causa da influência do filme e não pelo seu desempenho em cena - ainda que correta, sua partipação não lhe renderia grande destaque se não fosse o alvoroço que o filme causou.
Indicado a Melhor Filme e a Melhor Filme Estrangeiro, A Vida é Bela tomou-nos das mãos o segundo Oscar a que fomos indicados. Realmente uma pena, já que eu considero Central do Brasil um dos melhores filmes nacionais e definitivamente não veio depois dele nenhum canditado ideal que pudesse fazer jus ao recebimento do prêmio. E para compeltar, Robert Benigni ainda levou o prêmio de Melhor Ator, disputando com candidatos fortes, como Edward Norton, num desempenho excelente - e muitos consideram sua vitória outro ponto questionável dessa cerimônia.
Finalizo dizendo que o grande problema dessa cerimônia é a supervalorização de Shakespeare Apaixonado, o que fez com que a Academia acabasse o premiando em excesso, ignorando outros concorrentes bem mais dignos de receber o prêmio. Assim, os prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Atuação Feminina (principal e secundária) - entre outros -, foram errôneos e, no caso de Paltrow, ofensivo - ela ainda não sabia atuar naquela época. E talvez ainda não tenha aprendido.
Por: Luís Adriano
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Quando escolhemos 99 como o ano da próxima edição do Oscar que "trabalharíamos", devo confessar que foi muito mais por escolha dos rapazes do que minha. Particularmente, me sinto mais atraído pelas premiações antigas. Escrevendo sobre 1942, aprendi muita coisa sobre filmes, diretores e astros da áurea era de Hollywood. Além disso, 99 ainda estava muito recente em minha memória - ao contrário dos garotos, já que sou o mais velho do grupo (embora pareça ser o mais novo).
As questões que tentaremos responder nesse mês foram sugeridas pelo Luís e são as seguintes: Shakespeare Apaixonado realmente mereceu o prêmio? Será ele um filme supervalorizado? Gwyneth Paltrow estava mesmo mais intensa que a nossa Fernandona? O Brasil poderia ter conquistado não apenas um, mas dois Oscar?
Shakespeare In Love é um bom filme, não nego, mas só. Não entendo o grande número de categorias a qual foi indicado. A estatueta deveria mesmo ter ficado com O Resgate do Soldado Ryan ou Além da Linha Vermelha, mas sabe-se lá cargas d'água, o filme de John Madden ficou com o prêmio.
Não considero Paltrow uma boa atriz, apesar de já tê-la visto em bons momentos como... - hnm, deixe-me ver... hnm... deixa pra lá! -, por isso, definitivamente, o Oscar não devia ter parado na sua estante. Senti vergonha por ela, juro. Qualquer uma das indicadas deveria ter ficado com o "careca", principalmente Fernanda que deu show na pele da malandra e mal humorada Dora. Definitivamente, a Academia perdeu a chance de fazer história deixando de premiá-la (Fernanda era a primeira latino-americana a receber a indicação).
O mesmo se aplica em relação a Central do Brasil que perdeu a parada para a A Vida É Bela. Mas sinceramente, acho bobagem colocar lenha nessa fogueira. Evidente que, como brasileiro, preferia que o Oscar viesse pra cá, mas ambos eram merecedores do prêmio. A Vida é Bela é um belo filme (sem trocadilhos) - com seus acertos e erros - tanto quanto Central - que também tem seus acertos e erros.
Pensando bem, relembrar 99 foi não tão ruim assim, afinal não é todo dia que (quase) podemos gritar: "Ahahuhu, o Oscar é nosso! Ahahuhu..."
Por: Marcelo Antunes
4 comentários:
GOstei bastante do texto, e sempre achei que não mereceu. Teve filmes melhores.
Verball
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uau! não sabia q nós, por um quase, não ganhamos um oscar uma vez na vida :/
rsrs
Shakespeare, nunca assistir esse filme. Tô esperando q a professora de literatura o recomende em sala de aula.
HAUHAUHUHAUHAU
Mas me disseram q era bonzinho, não lá essas coisas, mas bonzinho.
XOXO !
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Bom post!
Então, eu concordo na questão geral: é um filme supervalorizado, isso é fato. Mas, eu gosto e acho que o filme tem seus grandes méritos.
Realmente, levar esses Oscars todos foram exagero, mas é comum, né? afinal, os Velhinhos-da-Academia são rígidos e contraditórios em muitos quesitos...
Sei lá por que motivo Shakespeare teve esse êxito todo no Oscar...é um filme bom, apenas e que merecia só as indicações. Mas, preciso expressar: eu acho Paltrow boa atriz e este é um dos seus melhores momentos.
E, de maneira alguma, eu acho que a Fernanda Montenegro merecia ser laureada. Só por que é atriz daqui de nosso Brasil tenho que apoiar tudo? Pelo contrário: Central do Brasil é bobo, básico e não tem nada de excepcional - ao contrário dos intensos O Quatrilho, Abril despedaçado e tantos outros bons filmes brazucas.
Eu acho que Paltrow e Blanchett eram as melhores, mas sabe de uma coisa? tantas atrizes melhores por aí, naquele ano, que nem me espanta esses erros constantes da Academia...e foi-se o tempo que eu vibrava e vivia em função do Oscar, pra mim não é nada...
Os grandes filmes jamais foram reconhecidos ali. E tenho dito.
Nossa! Estou me sentindo uma ignorante agora!Ja terminei o ensino medio e nunca se quer havia ouvido falar desse filme que segundo o Luis é um dos maiores orgulho do nosso cinema.Na primeira oportunidade vou a uma locadora corrigir essa falha para poder enfim compartilhar desse orgulho brasileiro.=D
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