quinta-feira, 15 de março de 2012

O Exorcista (1973)


The Exorcist é um filme sobre o mistério da fé. O filme tem 39 anos e continua atual. Acredito que isso se deva, em grande parte, à marca que deixa em quem o assiste. É uma história que pode, talvez, levá-los a questionar seus valores. Ou até sua própria sanidade. O filme promove, com força e realidade, uma discussão acerca da presença de forças espirituais no universo, tanto do bem quanto do mal.” Essas palavras são do diretor do filme, William Friedkin, que resume muito bem o que você vai encontrar nessa obra. Gostaria de falar que este clássico se trata de um dos mais importantes filmes de terror da história do cinema, ajudando a criar uma nova tendência de horror nas telonas.

A história do filme é baseada em um livro homônimo escrito por William Peter Blatty que traz como referência relatos de um exorcismo que aconteceu nos Estados Unidos em 1949. Chris MacNeil, vivida nas telas por Ellen Burstyn,  uma famosa atriz divorciada vai morar em Georgetown junto com sua amável filha Regan (Linda Blair). Quando estranhos acontecimentos começam a se torna rotineiros e Regan começa a despertar sintomas que não condizem com de uma pessoa saudável, Chris aciona a medicina e a psiquiatria para tentar resolver a situação. Visto que os métodos foram em vão, ela é alertada a procurar a Igreja Católica, e na figura do incrédulo Padre Karras (Jason Miller) e do experiente padre Merrin (Max von Sydow), é iniciada uma batalha do bem contra o mal.

O filme tem três diferenciais: o roteiro, a direção (toda equipe técnico-artística) e as atuações – principalmente a de Linda Blair. Primeiramente, o roteiro, foi uma grande aposta da Warner Bros que comprou os direitos para produzir a história de Blatty. A trama do filme foi a primeira de muitas que viriam, anos depois, mostrando uma criança possuída pelo demônio, o que levou os expectadores a diversas emoções e sensações diante de cenas tão chocantes. O drama do padre Karras também é um ponto interessante, pois mostra que até os homens “escolhidos por Deus” – que deveriam guiar os demais através dos dez mandamentos –, sofrem com os dramas da vida e com a perda da fé. A medicina que por muitas vezes é tida como a “toda poderosa” nada pode fazer para livrar Regan dos inexplicáveis sintomas. A construção da personagem Regan também é interessante e o espectador simpatiza com a sua causa, como quando ela passa por baterias de exames que não levam a lugar nenhum. Contudo, contemplam de forma perplexa uma Regan-Demônio sem “papas na língua” e atitudes um tanto inadmissíveis na sociedade. Vale ressaltar a coragem de Linda Blair em aceitar o papel, recusado por varias outras atrizes.


A direção de William Friedkin conduz muito bem a narrativa do filme. Prólogos apresentam os protagonistas, vivendo suas vidas normalmente sem saber que o futuro os aguardavam em um leito habitado pelo demônio. Não posso deixar de citar a bela fotografia com o contraste entre claro e escuro, utilizando de belas sombras na composição das cenas, criando quadros belíssimos, como a chegada do padre Merrin à residência, a mesma da capa do filme. Tecnicamente falando, a equipe de efeitos especiais se superou, fazendo um trabalho grandioso. Se até hoje muitos expectadores se assustam com a “veracidade” das cenas, o que dirá nos anos 70 ver uma menina girando a cabeça em 360º ou descer escadas de uma forma bem peculiar. Todos esses aparatos serviram para compor todo o clima de suspense e medo que o filme transmite.

No Oscar de 1974 foi o filme com mais indicações: concorreu em 10 categorias e levou dois – Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. Foi o primeiro filme de terror a ser indicado como Melhor Filme da academia, se tornando referência para tantos outros do gênero terror, se tornando umas das maiores bilheterias da história do cinema. Finalizo com outra citação do diretor do filme que reflete também o meu sentimento para com esse magnífico clássico da sétima arte: “Sempre achei que um filme deve ser, antes de tudo, uma experiência emocional. Deve fazer rir, ou chorar, ou sentir medo. Mas deve também inspirar e provocar... estimular a reflexão”.

INDICAÇÕES (2 vitórias):
1. Melhor filme: William Peter Blatty
2. Melhor Diretor: William Friedkin
3. Melhor Atriz: Ellen Burstyn
4. Melhor Ator Coadjuvante: Jason Miller
5. Melhor Atriz Coadjuvante: Linda Blair
6. Melhor Roteiro Adaptado: William Peter Blatty (venceu)
7. Melhor Fotografia: Owen Roizman
8. Melhor Som: Robert Knudson e Christopher Newman (venceu)
9. Melhor Direção de Arte: Bill Malley e Jerry Wunderlich
10. Melhor Edição: John C. Broderick, Bud S. Smith, Norman Gray e Evan A. Lottman

por Rafael Castro

4 comentários:

Valéria Sotão disse...

Boa resenha, Rafael; sobre um ótimo filme. O livro é genial, melhor ainda.

Luís disse...

Dois elogios aqui: ao filme, que é mesmo muito interessante, um obra a qual precisamos nos apegar para compreender bastante da dialética bem x mal, e ao texto do Rafael, acredito que seja o mais detalhado e mais maduro dele.

Parabéns!

Rafael disse...

obrigado gente...pelos elogios! É uma responsabilidade muito grande falar sobre um classio tao importante do cinema...mas com a ajuda da galera do UOPM fica mais facil...vamo que vamo!

Satanas 666 disse...

eu vou dar um tiro de revolver na cabeça de todo mundo

diHITT - Notícias