Assassinato em
Gosford Park (Gosford Park, 2001)
Direção: Robert Altman
Roteiro: Julian Fellowes
Elenco: Maggie Smith, Camilla Rutherford, James
Wilby, Kristin Scott Thomas, Helen Mirren, Ryan Phillipe, Clive Owen, Emily
Watson, Alan Bates
“Assassinato em Gosford Park” (2001) é um dos últimos
filmes do famoso diretor Robert Altman, responsável por trazer às telas títulos
referenciais como “M.A.S.H.” (1970), “Nashville” (1975) e “Short Cuts – Cenas
da Vida” (1993). O título que ele dirigiu no começo da década passada, mais
especificamente o que dá base a esse texto, inegavelmente remete a algum livro
da famosa escrito Agatha Christie, cuja bibliografia inclui vários textos
acerca da elite decadente que cria crimes para encobrir atos mal pensados. E,
de certo modo, pode-se dizer que Gosford
Park – nome do casarão no qual os personagens estão ao longo do filme – é
realmente o palco de uma encenação perigosa.
Basicamente, temos duas histórias que se constroem à
medida que o filme avança. Primeiro conhecemos as tramas intrínsecas à vida da
aristocracia inglesa do começo da década de 1930 – os personagens, a convite do
anfitrião William McCordle, que, durante um evento importante em sua mansão
acaba assassinado. E é justamente aí que começa a segunda narrativa, que
paralelamente ao registro da pintura aristocrática que os personagens vivem,
mostra também as investigações e os conflitos advindos do crime na mansão.
Acredito que vale a pena comentar o fato de que, além de uma
associação direta com a autora inglesa, o elenco chama bastante atenção. Não se
trata de um filme com nomes de peso ou de um filme com muitos atores; trata-se
na verdade de um filme com muitos atores cujos nomes têm bastante peso na
indústria cultural cinematográfica. Maggie Smith e Alan Bates são atores que
estiveram presentes nas décadas de 60 e 70 e que, já no início do novo milênio,
desfrutam de uma posição mais prestigiada, mantendo em suas técnicas de
interpretação o mesmo frescor de anos antes, quando, por exemplo, integravam o
elenco de “A Primavera de Uma Solteirona” (1969) e “Mulheres Apaixonadas”
(1970), respectivamente.
A destreza de Altman levou seu filme a muitas indicações,
inclusive à indicação na categoria principal. O roteiro, que registra bem a
pompa e os dramas pessoais da classe aristocrática britânica, também se
destacou, chegando à vitória. A recriação temporal, a direção de arte, os
figurinos, e, sobretudo, a interpretação de Maggie Smith, tornam essa obra
interessante de ser vista, ainda que eu deva advertir os incautos que,
diferentemente do que o título sugere, o filme tem enfoque nas relações
interpessoais a partir do momento do assassinato, não necessariamente no crime
cometido. Assim, o lugar, Gosford Park, conforme
o original, é mais relevante à trama do que o “assassinato” presente no título
nacional.
Indubitavelmente essa atriz britânica é mais conhecida do
grande público por ter atualmente vivido a personagem Minerva McGonagall, a
professora de Transfiguração da série Harry Potter, tendo aparecido em todos os
filmes baseados nos romances escritos por J. K. Rowling. Todavia, sua carreira
artística – tanto no cinema quanto nos palcos teatrais – já existe há bastante
tempo e atriz tem em sua estante seis BAFTA, dois Oscar, dois Globos de Ouro,
dois Emmy, um Laurence Olivier Award,
dois SAG Awards e um Tony, provando a
sua potência interpretativa em praticamente todas as áreas do entretenimento
(cinema, teatro e televisão).
Nascida em 28 de dezembro de 1934 em Londres, a atriz
estudou na Oxford High School e
começou a sua carreira aos 18 anos, em 1952, nos palcos londrinos. Não tarou
para que fizesse seu primeiro filme, que veio em 1956, e também outras peças de
destaque surgiram, incluindo “Otelo”, no qual ela interpretou Desdêmona,
personagem que repetiria em 1965 nos cinemas e que a levaria à sua primeira
indicada ao Oscar. Seu grande momento, no entanto, veio em 1970, quando subiu
ao palco para receber seu primeiro Academy
Award, pelo filme “A Primavera de uma Solteirona” (1969).
A atriz, que faz parte da Ordem do Império Britânico –
usando, assim, o título Dame em
frente ao seu nome –, foi indicada outras quatro vezes aos Oscar, sendo também
vencedora no ano de 1978, pelo filme “Califórnia Suíte” (1977), no qual ela
interpreta, ironicamente, uma atriz que perde
o Oscar. Maggie Smith é respeitada por seus colegas, principalmente pela sua
excelência como profissional, permanecendo ainda hoje, aos 77 anos, bastante
ativa e atuando ainda em filmes e em peças teatrais. Sua última aparição no
Oscar como indicada foi no ano de 2002, quando foi nominada como Melhor Atriz
Coadjuvante pelo filme resenhado nessa texto.
CURIOSIDADES DO
FILME:
- Nas cenas em grupo, Robert Altman filmava os atores com
duas câmeras, cuidando para que uma não estivesse no campo de imagem da outra,
de modo que os atores não precisassem atuar para uma delas e que agissem mais
naturalmente sem a preocupação de saber para onde deveriam olhar, já que
estavam sendo filmados de mais de um ângulo;
- Não existe cena no filme em que a câmera esteja parada;
sempre há um movimento, mesmo que devagar e sutil;
- Como os empregados são igualmente importantes para a
trama, em toda cena há um empregado
fazendo alguma coisa e todos os intérpretes da classe serviçal não usaram
maquiagem para o filme;
- Gosford Park, o nome da mansão, nunca é mencionada no
filme.
INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Filme: Robert Altman, Bob Balaban e David Levy
2. Melhor Diretor: Robert Altman
3. Melhor Atriz Coadjuvante: Maggie Smith
4. Melhor Atriz Coadjuvante: Helen Mirren
5. Melhor Roteiro Original: Julian Fellowes (venceu)
6. Melhor Figurino: Jenny Beavan
7. Melhor Direção de Arte: Stephen Altman e Anna Pinnock
por Luís Adriano de
Lima
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