quarta-feira, 4 de abril de 2012

Oscar 2002 - Assassinato em Gosford Park

  
Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, 2001)
Direção: Robert Altman
Roteiro: Julian Fellowes
Elenco: Maggie Smith, Camilla Rutherford, James Wilby, Kristin Scott Thomas, Helen Mirren, Ryan Phillipe, Clive Owen, Emily Watson, Alan Bates

“Assassinato em Gosford Park” (2001) é um dos últimos filmes do famoso diretor Robert Altman, responsável por trazer às telas títulos referenciais como “M.A.S.H.” (1970), “Nashville” (1975) e “Short Cuts – Cenas da Vida” (1993). O título que ele dirigiu no começo da década passada, mais especificamente o que dá base a esse texto, inegavelmente remete a algum livro da famosa escrito Agatha Christie, cuja bibliografia inclui vários textos acerca da elite decadente que cria crimes para encobrir atos mal pensados. E, de certo modo, pode-se dizer que Gosford Park – nome do casarão no qual os personagens estão ao longo do filme – é realmente o palco de uma encenação perigosa.

Basicamente, temos duas histórias que se constroem à medida que o filme avança. Primeiro conhecemos as tramas intrínsecas à vida da aristocracia inglesa do começo da década de 1930 – os personagens, a convite do anfitrião William McCordle, que, durante um evento importante em sua mansão acaba assassinado. E é justamente aí que começa a segunda narrativa, que paralelamente ao registro da pintura aristocrática que os personagens vivem, mostra também as investigações e os conflitos advindos do crime na mansão.

Acredito que vale a pena comentar o fato de que, além de uma associação direta com a autora inglesa, o elenco chama bastante atenção. Não se trata de um filme com nomes de peso ou de um filme com muitos atores; trata-se na verdade de um filme com muitos atores cujos nomes têm bastante peso na indústria cultural cinematográfica. Maggie Smith e Alan Bates são atores que estiveram presentes nas décadas de 60 e 70 e que, já no início do novo milênio, desfrutam de uma posição mais prestigiada, mantendo em suas técnicas de interpretação o mesmo frescor de anos antes, quando, por exemplo, integravam o elenco de “A Primavera de Uma Solteirona” (1969) e “Mulheres Apaixonadas” (1970), respectivamente.

A destreza de Altman levou seu filme a muitas indicações, inclusive à indicação na categoria principal. O roteiro, que registra bem a pompa e os dramas pessoais da classe aristocrática britânica, também se destacou, chegando à vitória. A recriação temporal, a direção de arte, os figurinos, e, sobretudo, a interpretação de Maggie Smith, tornam essa obra interessante de ser vista, ainda que eu deva advertir os incautos que, diferentemente do que o título sugere, o filme tem enfoque nas relações interpessoais a partir do momento do assassinato, não necessariamente no crime cometido. Assim, o lugar, Gosford Park, conforme o original, é mais relevante à trama do que o “assassinato” presente no título nacional.

PERFIL: MAGGIE SMITH
Indubitavelmente essa atriz britânica é mais conhecida do grande público por ter atualmente vivido a personagem Minerva McGonagall, a professora de Transfiguração da série Harry Potter, tendo aparecido em todos os filmes baseados nos romances escritos por J. K. Rowling. Todavia, sua carreira artística – tanto no cinema quanto nos palcos teatrais – já existe há bastante tempo e atriz tem em sua estante seis BAFTA, dois Oscar, dois Globos de Ouro, dois Emmy, um Laurence Olivier Award, dois SAG Awards e um Tony, provando a sua potência interpretativa em praticamente todas as áreas do entretenimento (cinema, teatro e televisão).

Nascida em 28 de dezembro de 1934 em Londres, a atriz estudou na Oxford High School e começou a sua carreira aos 18 anos, em 1952, nos palcos londrinos. Não tarou para que fizesse seu primeiro filme, que veio em 1956, e também outras peças de destaque surgiram, incluindo “Otelo”, no qual ela interpretou Desdêmona, personagem que repetiria em 1965 nos cinemas e que a levaria à sua primeira indicada ao Oscar. Seu grande momento, no entanto, veio em 1970, quando subiu ao palco para receber seu primeiro Academy Award, pelo filme “A Primavera de uma Solteirona” (1969).

A atriz, que faz parte da Ordem do Império Britânico – usando, assim, o título Dame em frente ao seu nome –, foi indicada outras quatro vezes aos Oscar, sendo também vencedora no ano de 1978, pelo filme “Califórnia Suíte” (1977), no qual ela interpreta, ironicamente, uma atriz que perde o Oscar. Maggie Smith é respeitada por seus colegas, principalmente pela sua excelência como profissional, permanecendo ainda hoje, aos 77 anos, bastante ativa e atuando ainda em filmes e em peças teatrais. Sua última aparição no Oscar como indicada foi no ano de 2002, quando foi nominada como Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme resenhado nessa texto.



CURIOSIDADES DO FILME:

- Nas cenas em grupo, Robert Altman filmava os atores com duas câmeras, cuidando para que uma não estivesse no campo de imagem da outra, de modo que os atores não precisassem atuar para uma delas e que agissem mais naturalmente sem a preocupação de saber para onde deveriam olhar, já que estavam sendo filmados de mais de um ângulo;

- Não existe cena no filme em que a câmera esteja parada; sempre há um movimento, mesmo que devagar e sutil;

- Como os empregados são igualmente importantes para a trama, em toda cena há um empregado fazendo alguma coisa e todos os intérpretes da classe serviçal não usaram maquiagem para o filme;

- Gosford Park, o nome da mansão, nunca é mencionada no filme.

INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Filme: Robert Altman, Bob Balaban e David Levy
2. Melhor Diretor: Robert Altman
3. Melhor Atriz Coadjuvante: Maggie Smith
4. Melhor Atriz Coadjuvante: Helen Mirren
5. Melhor Roteiro Original: Julian Fellowes (venceu)
6. Melhor Figurino: Jenny Beavan
7. Melhor Direção de Arte: Stephen Altman e Anna Pinnock

por Luís Adriano de Lima

Nenhum comentário:

diHITT - Notícias