domingo, 15 de abril de 2012

Oscar 2002 - A Última Ceia


A Última Ceia (Monster’s Ball, 2001)
Diretor: Marc Forster
Roteiro: Milo Addica e Will Rokos
Elenco: Billy Bob Thornton, Halle Berry, Heath Ledger, Taylor Simpson, Peter Boyle, Amber Rules, Mos Def.

“A mudança de uma vida toda pode acontecer num único momento”. E talvez essa tagline seja apropriadíssima à história de Leticia Musgrove, uma garçonete afro-americana cujo filho é obeso e cujo marido é presidiário – é como se toda sua vida estivesse presa ao preconceito que circunvizinha às suas condições sociais, já que, dada a pobreza e as relações familiares, Leticia parece sem opções senão aquelas às quais sua vida está submetida. E tudo muda quando dois acontecimentos bruscos – a eletrocução do marido e a morte do filho num acidente de carro – implicam no encontro com Hank Grotowski, um homem que lhe presta auxílio no pior momento de sua vida.

Percebemos que é aí que a festa dos monstros* – título original do filme – verdadeiramente começa: a relação de Leticia e Hank envolve duas personalidades confusas de características que, grosso modo e inconscientemente, os torna pernonae non gratae um para o outro, ainda que, paradoxalmente, no plano da consciência, um depende do outro para passar por um processo de modificação, principalmente pelo fato de que os dramas dela não maiores que os dele. Dificilmente, aliás, se poderia mesurar as dificuldades que cada um enfrenta na vida.

O filme tem forte apelo social, sendo a sua abordagem sociológica bastante interessante, principalmente pelo modo como mostra a transformação lenta do preconceito em afeição devido à proximidade com o objeto de repúdio inicial. O pejo que a família Grotowski nutre por negros se estende a várias gerações e a incursão de Leticia naquele novo meio implica problemas que se reviram naquela esfera familiar já bastante dilacerada. Talvez tenha sido o seu fator social que concedeu à história – detentora de uma das mais realistas cenas de sexo do cinema – um lugar na lista dos indicados a Melhor Filme e, provavelmente, é também seu apelo social, em parceria com a eficiência interpretativa de Halle Berry, que a tornou a primeira e única atriz negra a, até o momento, ter ganhado um Oscar de Melhor Atriz. Trata-se, pois, de uma obra bastante ousada na sua proposta temática, ainda que, superficialmente, pareça uma obra reacionária.

INDICAÇÕES (1 vitória):
1. Melhor Atriz: Halle Berry (venceu)
2. Melhor Roteiro Original: Milo Addica e Will Rokos

por Luís Adriano de Lima


* O título original faz referência à noite anterior a uma execução, na qual os guardas que ministrarão a execução bebem  e se divertem como forma de distração a fim de estar relaxados para o dia seguinte, quando terão que efetuar a pena de morte.

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