domingo, 22 de abril de 2012

Oscar 2002 - Roteiro, Direção e Filme

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL E ADAPTADO
"Assassinato em Gosford Park", um dos indicados em Melhor Roteiro Original.
Melhor Roteiro Original: 1. Assassinato em Gosford Park; 2. A Última Ceia; 3. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain; 4. Amnésia; 5. Os Excêntricos Tenenbauns.
Melhor Roteiro Adaptado: 1. Uma Mente Brilhante; 2. Shrek; 3. Entre Quatro Paredes; 4. Ghost World - Aprendendo a Viver; 5. O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel.

Das categorias do Oscar, as de roteiro sempre são as mais difíceis de serem previstas porque são nelas que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas aproveita para reconhecer aqueles filmes “pequenos”, que obtiveram críticas sensacionais, mas que não possuem força suficiente para conseguir uma indicação nas categorias principais do Oscar. Neste sentido, é muito importante ver na lista dos indicados, para Melhor Roteiro Original e Adaptado, em 2002, filmes como “Amnésia” (roteiro de Christopher Nolan e Jonathan Nolan), “Os Excêntricos Tenenbaums” (roteiro de Wes Anderson e Owen Wilson) e “Ghost World – Aprendendo a Viver” (roteiro de Daniel Clowes e Terry Zwigoff).

Outro dado em comum entre esses três filmes que citamos anteriormente é o fato de que todos eles são obras do cinema independente. Este foi um dos grandes destaques do ano de 2002, especialmente nas categorias de roteiro, tendo em vista as indicações também obtidas por longas como “A Última Ceia” (roteiro de Milo Addica e Will Rokos) e “Entre Quatro Paredes” (roteiro de Todd Field e Robert Festinger), que também representam os filmes produzidos de forma independente nos Estados Unidos.

Carrie Anne-Moss e Guy Pearce em cena de "Amnésia", de Christopher Nolan.
Guillaume Laurant e Jean-Pierre Jeunet conquistaram uma merecida indicação pelo roteiro de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e o roteiro de “Shrek”, escrito por Ted Elliott, Terry Rossio, Joe Stillman e Roger S.H. Schulman, também obteve uma merecida menção, plenamente justificada pela forma como esta animação reinventou – e modernizou – o relato de contos de fadas, sendo uma obra bastante original nesse ponto.

As outras três indicações nestas categorias foram dirigidas a filmes que estavam indicados na categoria principal do Oscar: “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” (roteiro por Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson) e os dois vencedores “Assassinato em Gosford Park” (roteiro de Julian Fellowes) e “Uma Mente Brilhante” (roteiro de Akiva Goldsman), em Roteiro Original e Roteiro Adaptado, respectivamente. Tendo em vista a variedade dos indicados, as duas escolhas de vencedores da Academia se revelam, até, tradicionais demais...
MELHOR DIRETOR
Russel Crowe e Jennifer Connelly em "Uma Mente Brilhante".

Melhor Diretor: 1. Robert Altman, por Assassinato em Gosford Park; 2. Ron Howard, por Uma Mente Brilhante; 3. David Lynch, por Cidade dos Sonhos; 4. Peter Jackson, por O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel; 5. Ridley Scott, por Falcão Negro em Perigo.

Já na categoria de Melhor Direção, os únicos que apareceram pela primeira vez, na lista, foram Peter Jackson (por “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel”) e o vencedor Ron Howard (por “Uma Mente Brilhante”). Os outros três indicados – Ridley Scott (por “Falcão Negro em Perigo”), Robert Altman (por “Assassinato em Gosford Park”) e David Lynch (por “Cidade dos Sonhos”) – já haviam recebido indicações nesta categoria em anos prévios.

Dessa lista, talvez, a indicação mais contestada tenha sido a de Ridley Scott, por um filme que é deveras competente, mas que ficou de fora das categorias principais do Oscar. Neste sentido, basta lembrar da piadinha que Whoopi Goldberg (apresentadora do prêmio naquele ano) fez em relação ao fato de Baz Luhrmann, diretor de “Moulin Rouge – Amor em Vermelho!”, ter ficado de fora dessa lista. Se não me engano, as palavras exatas dela foram que “o filme se dirigiu sozinho” – no que ela e Luhrmann, em consequência, foram efusivamente aplaudidos pela plateia presente ao Kodak Theatre.

Num ano em que a celebração teve como tônica o fato de que era importante o cinema norte-americano contar histórias, especialmente após os Estados Unidos terem sofrido o grande trauma que foi o 11 de Setembro – vide o discurso proferido por Tom Cruise na abertura da cerimônia –, não chega a ser surpreendente o fato de Ron Howard ter saído triunfante do Oscar 2002, já que o seu filme, “Uma Mente Brilhante”, é tudo aquilo que o cinema norte-americano representa. São os elementos e a linguagem da indústria hollywoodiana em potência máxima, a cada frame.

MELHOR FILME



Melhor Filme: 1. Assassinato em Gosford Park; 2. O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel; 3. Uma Mente Brilhante; 4. Moulin Rouge - Amor em Vermelho!; 5. Entre Quatro Paredes.

Por sua vez, indicados ao Oscar de Melhor Filme representam uma variedade de estilos e gêneros que deveria ser a busca da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anualmente. Além dos anfitriões norte-americanos, os filmes representam a Inglaterra, a Austrália e a Nova Zelândia. Todos, importante notar, são países anglo-saxões, uma situação bem diferente do que observamos em anos recentes, com a AMPAS indicando filmes de outras cinematografias, o que transforma o Oscar numa grande celebração do cinema a nível mundial.

“Assassinato em Gosford Park”, do diretor Robert Altman, é uma peça que lembra às vezes uma trama saída dos livros de Agatha Christie, na medida em que o roteiro enfoca um assassinato ocorrido durante um jantar. Temos muitos personagens em tela, vários suspeitos e aquele destilamento de humor irônico e sarcástico que é típico dos britânicos. Um filme de época com toda aquela excelência técnica que é marca dos ingleses.

“Entre Quatro Paredes” marca a estréia do ator Todd Field (de seriados como “Once and Again”) como diretor de um longa-metragem. Na minha opinião, esse foi o filme mais subestimado de 2001. Tudo bem que o roteiro conta uma história que, do ponto de vista emocional, oferece um excelente subsídio para as performances de Sissy Spacek, Marisa Tomei e Tom Wilkinson, mas da forma como foi apresentada pelo diretor, o roteiro se revela um tanto irregular, um tanto melodramático em certos momentos.

Sissy Spacek e Tom Wilkinsom em "Entre Quatro Paredes".
“O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” é o primeiro capítulo daquela que se transformou em uma das melhores trilogias da história do cinema. Aqui, Peter Jackson fundamenta toda a história da saga do anel em um filme tecnicamente brilhante, com personagens carismáticos e que poderia, sim, ter saído do Oscar com o prêmio mais importante da noite.

“Moulin Rouge – Amor em Vermelho!” veio numa época em que os musicais voltaram a ficar em evidência. O longa dirigido por Baz Luhrmann tem todos os elementos que são típicos da filmografia do australiano, como edição com influências do estilo de videoclipe, direção de arte e figurinos exagerados, presença de uma linguagem altamente pop. Ou seja, Luhrmann moderniza algo que poderia soar extremamente datado e apresenta de uma forma que é palatável para audiências de todas as idades – afinal, a história de amor entre Satine e Christian tem carisma por si só.

O grande vencedor da noite, “Uma Mente Brilhante”, de Ron Howard, é o representante de um cinema mais clássico, mais norte-americano, com elementos que possuem mais a cara da Academia. Se relevarmos as críticas feitas ao retrato da vida do matemático esquizofrênico John Nash (quem leu o livro escrito por Sylvia Nasar sabe que a adaptação de Akiva Goldsman omitiu importantes – e polêmicos – detalhes de sua vida), o que fica é um filme sólido do ponto de vista técnico e com ótimas atuações.
por Kamila Azavedo

3 comentários:

Guilherme Z. disse...

Desses dez filmes apenas dois não assisti. Concordo que é a categoria na qual procuram prestigiar os filmes menores ou dar um prêmio de consolação ao título que estava fadado a sair da festa de mãos vazias, como foi o caso de "Assassinato em Gosford Park", um ótimo filme que das sete inidicações só ganhou de roteiro.

Paulo Ricardo disse...

Essa edição do Oscar eu imaginei que Altman seria o vencedor e não Ron Howard,concordo em relação a uma possivel vitória de "A Sociedade do Anel",seria merecido,mas "Uma Mente Brilhante" é um grande filme,porém muito acadêmico.Concordo em relação a roteiro e o "menos original" venceu,pq "Amnesia" e "Os Excentricos Tenembauns" são filmes muito originais(desculpa a redundância rsrs).E considero "Um Sonho Possivel" e "Moulin Rouge" os filmes mais subestimados na categoria melhor filme.A obra de Baz Luhrmann parece uma colagem de videoclipes.O renascimento do musical não foi possivel como a AMPAS tentou no inicio da decada.Pelo menos "Chicago" venceu no ano seguinte e era um filme com muitas qualidades e não foi nomeado somente pelo gênero.

Paulo Ricardo disse...

Eu quis dizer Superestimado rsrs o velho defeito de digitar rápido.

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