Como já foi citado no texto de abertura do mês, essa
edição do Oscar foi de certa forma marcada como um noite do orgulho negro. Um
dos motivos são os vencedores das categorias Melhor Atriz (a ser analisada
abaixo pelo Luís) e Melhor Ator, que teve como vencedor o ator Denzel
Washington por sua atuação no filme “Dia de Treinamento”.
Mas tem que se dizer que a concorrência estava pesada para
o Denzel. Foram também indicados na categoria o ator Sean Penn por “Uma Lição
de Amor”, Tom Wilkinson por “Entre Quatro Paredes”, Russell Crowe por “Uma
Mente Brilhante” e Will Smith por “Ali”. Dentre os indicados, Denzel Washington
era veterano já com quatro indicações anterior e uma vitória por “Tempo de Glória”
(1989) – a quinta indicação de Washington o torna o ator negro mais indicado ao Oscar. E Russel Crowe
também fez algo marcante: conquistou sua terceira indicação consecutiva (foi
indicado em 2000 pelo filme “O Informante”; venceu em 2001 por sua interpretação
em “Gladiador”).
O Luís comentou no post de abertura: “Sem conhecer todos
os filmes indicados e vencedores em 2002, já trago comigo a sensação de que a
Academia tentou prestar um tributo aos negros, que foram por muitos anos
deixados de lado...” Essa ideia pode ser realmente válida sendo que no caso da
categoria de melhor ator a academia não premiava um ator negro desde 1964,
quando Sidney Poitier venceu na mesma categoria por “Uma Voz nas Sombras”.
Pode-se enxergar a lista de indicados como uma lista bem
equilibrada, nomes de pesos em trabalhos marcantes. Aliás, lista de indicados
equilibrada como a maioria das categorias dessa edição. A questão que deixo é:
Denzel Washington mereceu mesmo, mais que os outros indicados, levar o prêmio,
ou foi apenas uma oportunidade que a academia aproveitou pra prestar esse
“tributo”?
por Levi Ventura
Não se pode começar a falar sobre a septuagésima quarta
cerimônia do Oscar sem nos esquecermos de um nome fundamental: Halle Berry. Não
apenas porque ela venceu na categoria Melhor Atriz, mas porque ela se tornou a primeira atriz negra a vencer nessa
categoria. Se sua vitória foi justa ou não, pouco importou à platéia, que ficou
extasiada e a aplaudiu em pé por longos minutos – sua vitória, a tempo, rendeu
um dos melhores discursos do Oscar, homenageando atrizes negras que tiveram a
mesma chance que ela e outras tantas jamais nominadas.
Até o momento, trata-se da primeira e única indicação a
Halle Berry, que anos depois receberia o inverso do Oscar – o Razzie Award por sua interpretação no
longa-metragem “Mulher-Gato” (2005). A acompanhá-la como “iniciantes” em
indicações ao Oscar, estavam Nicole Kidman e Renée Zellweger, que seriam ainda
indicadas outras duas vezes, sendo uma delas já no ano seguinte e na mesma categoria, concorrendo mais uma
vez. A atriz australiana conquistou a única indicação em categoria de atuação
do filme “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, no qual interpreta uma cortesã que
deveria se entregar a um duque muito rico, mas que acaba envolvida com um
escritor de teatro, gerando confusões desastrosas. Já a atriz texana Renée
Zellweger conquistou sua indicação por uma personagem que dificilmente cairia
nas graças da Academia: a gordinha desajeitada Bridget Jones, no filme “O
Diário de Bridget Jones”, pelo qual Zellweger teve que engordar 14 quilos.
Já as outras duas atrizes que completavam a categoria já
eram veteranas em indicações: Judi Dench, aos 67 anos, recebia sua quarta
indicação num período de cinco anos, e Sissy Spacek, aos 53 anos, recebeu sua
sexta indicação e todos esperavam que sua indicação implicasse um verdadeiro come-back da atriz, que estava meio
esquecida. Respectivamente, receberam suas indicações pelas personagens Iris
Murdoch, na obra “Iris, e Ruth Fowler, em “Entre Quatro Paredes”
Notadamente são personagens bastantes distintas em filmes
igualmente distintos, seja no gênero ou na abordagem: Sissy Spacek num drama
ontológico, Halle Berry num drama social, Nicole Kidman numa tragicomédia
musical, Renée Zellweger numa comédia romântica e, por fim, Judi Dench numa
biografia que marcou outra curiosidade interessante quanto às indicações:
trata-se apenas da segunda – e até então última vez – na qual duas atrizes
(Judi Dech e Kate Winslet) receberam indicações por interpretarem a mesma personagem (Irisi Murdoch) no mesmo filme. Havendo diversidade de interpretações,
creio que houve dificuldade para os votantes em escolher aquela que eles
queriam vencedora da noite – e Halle Berry levou a melhor.
por Luís Adriano
Um comentário:
Particularmente, gosto bastante da interpretação de Halle Berry em "A Última Ceia" e, mais do que isso, acho que o sue discurso tem poder emocional e social muito grande! Quanto a Washington, ainda não conferi o filme pelo qual ele conquistou seu Oscar de Melhor Ator, mas vou fazê-lo logo.
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