Karl Malden, já idoso, e o seu Oscar conquistado em 1952. |
Afirmar que 1952 foi o ano das grandes atuações não é
exagero algum. Se, de um lado, Vivian Leigh, Katharine Hepburn, Marlon
Brando, Bogart e Cia travaram uma disputa acirrada, nas categorias
principais de atuação, o mesmo pode se dizer à respeito das categorias de Actor
in a supporting Role e Actress in a supporting Role.
Na ala masculina, a disputa deu-se entre os seguintes
nomes: Karl Malden (Uma Rua Chamada Pecado), Leo Genn (Quo Vadis), Kevin
McCarthy (A Morte do Caixeiro Viajante), Peter Ustinov (Quo Vadis) e Gig Young
(Come Fill The Cup). Aliás, a maioria deles ficou conhecida, posteriormente,
como grandes coadjuvantes em Hollywood. Vide o caso de Gig Young -
indicado três vezes, ao prêmio, que papou em 70, e que se notabilizou por esses
papéis - e Peter Ustinov, que arrebatou a estatueta em duas outras ocasiões.
No entanto, o careca dourado foi enfeitar, naquela noite
de 20 de março, a estante de Karl Malden. Amigo pessoal de Marlon Brando,
protagonista de A Street Car Named Desire,
essa foi a primeira indicação de Malden a um Academy Award - a outra viria três anos depois por outro filme de
Elia Kazan, também ao lado de Brando, “Sindicato de Ladrões” (1954). No
papel de Mitch, parceiro de Stanley Kowalsky, que se envolve com Blanche
DuBois, Karl convenceu os membros da Academia e recebeu das mãos do
lendário Bob Hope o único Oscar de sua longa carreira.
Para os que ainda não conferiram os filmes desta edição,
fica a dica: vale muito a pena prestar atenção na atuação dos nomes indicados.
Definitivamente, esse foi um grande ano.
por Marcelo Antunes
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Kim Hunter em cena com Marlon Brando. |
Pelo menos uma vez na vida, a Academia fez uma ótima
escolha. Joan Blondell, Mildred Dunnock, Lee Grant, Kim Hunter e Thelma Ritter disputaram
a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente, pelos filmes “Ainda há sol em minha vida”, “A morte do
caixeiro-viajante”, “Chaga de fogo”, “Uma rua chamada pecado” e The
matin season. Kim Hunter, interpretando Stella Kowalski, fez o papel da mulher
supostamente feliz que vive à sombra do marido bonitão Stanley (Marlon Brando).
Ela é a mulher resignada, passiva, um estereótipo que vem se formando ao longo
dos séculos. E isso ocorreu com muita naturalidade, pois Hunter e Brando
souberam viver a relação. Cabe perfeitamente o clichê sertanejo, porque a vida
do casal Kowalski era literalmente entre tapas e beijos. E é preciso ressaltar
que, de fato, Hunter foi coadjuvante, apesar de ser esposa, reforçando as
ideologias contidas na sociedade de meados do século XX. As leis guardam o
direito que o homem tem sobre a mulher, e até nesses pormenores a atriz
conseguiu focar a impotência da mulher.
Nesse aspecto, também Mildred Dunnock reforçou esse
estereótipo machista. Ela atuou como Linda Loman, a esposa completamente servil
e já mais velha, dando sinais de que o casamento já não estava no seu auge,
diferente do que se vê em “Uma rua
chamada pecado”. Lee Grant, em “Chaga
de fogo”, não tem um papel tão expressivo, na minha opinião, a ponto de
disputar um prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. De fato, a primeira cena do
filme, em que ela vai presa, é fundamental para a compreensão geral do filme,
mas não é pra tanto... Quanto às demais, Thelma Ritter e Joan Blondell,
aparições que não chamaram a atenção.
A pena é que Kim Hunter não foi à cerimônia de premiação. Por isso, Bette Davis recebeu a estatueta em seu lugar.
por Darlan Xavier
Nascimento
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