domingo, 19 de fevereiro de 2012

Oscar 1952 - Melhor Diretor / Melhor Filme

Abertura do filme vencedor na categoria Melhor Diretor.

MELHOR DIRETOR

Essa disputa eu afirmo sem medo tratar-se de um verdadeiro duelo de gigantes da sétima arte. É incontestável o trabalho realizado por esses grandes diretores ao longo de suas carreiras: George Stevens (“Um Lugar ao Sol”), Elia Kazan (“Uma Rua Chamada Pecado”), William Wyler (“Chaga de Fogo”), John Huston (“Uma Aventura na África”) e Vincente Minnelli (“Sinfonia de Paris”). Todos eles já venceram o Oscar antes ou depois da edição de 1952.

O grande vencedor da noite foi George Stevens (que venceria  também quatro anos depois, por “Assim Caminha a Humanidade”, de 1956) por seu magnífico trabalho em A Place in the Sun, com um estilo moderno que utiliza planos curtos e deixa a montagem rápida construindo o filme de forma peculiar para a época.

Tendo vencido duas vezes, primeiro por “A Luz É para Todos”, em 1948, e depois por “Sindicato de Ladrões” em 1955, Elia Kazan em “Uma Rua Chamada Pecado”, traz uma construção narrativa muito mais teatral, preocupada com a direção de atores, o que acarretou no número incomum de atores indicados e premiados. Diferente da direção de William Wyler (um currículo invejável com 12 indicações ao Oscar e tendo vencido três vezes, pelos filmes “Rosa de Esperança”, “Melhores Anos de Nossas Vidas” e o colossal “Ben-Hur”, respectivamente nos anos de 1943, 1947 e 1960) explora muito bem em “Chaga de fogo” a qualidade de sua equipe de atores, mas ele consegue dinamizar o filme com tomadas e movimentos de câmera que parecem estar sincronizados com os atores em cena.

John Huston, que venceu em 1948 por “O Tesouro de Sierra Madre”, soube utilizar a seu favor o carisma do casal protagonista e belas imagens para compor a estética do perigo em “Uma Aventura na África”. Vincente Minnelli (venceu em 1958 por Gigi) em Sinfonia em Paris traz o estilo musical bem peculiar ao longo de sua carreira.

São belissimos trabalhos que sem duvida foram muito bem indicados pela academia e para quem tinha o direito de voto com certeza teve dor de cabeça para escolher seu favorito.


MELHOR FILME

Gene Kelly e Leslie Caron em cena de An American in Paris.


O Oscar de 1952 apresentou ao público uma seleção de filmes digna de uma grande premiação e revelou aos espectadores películas que marcaram a história da sétima arte. Acredito que a Academia teve bastante dificuldade para escolher os indicados para Melhor Filme, pois dois grandes trabalhos (“Chaga de Fogo” e “Uma Aventura na África”) não foram lembrados, visto a qualidade dos concorrentes. 
Os cinco contemplados pela academia naquele ano foram: “Sinfonia de Paris”, “Decisão Antes do Amanhecer”, “Um Lugar ao Sol”, “Uma Rua Chamada Pecado” e “Quo Vadis” – todos os filmes são de origem americana, pois na época somente concorriam ao prêmio trabalhos produzidos nos Estados Unidos. Talvez a maior polêmica da edição tenha sido a vitória do musical “Sinfonia de Paris” sobre seus concorrentes, porque para muitos o favorito ao prêmio era o drama perturbador “Uma Rua Chamada Pecado” ou até mesmo o intrigante “Um lugar ao Sol”.
Mas a verdade é que, como dizem os antigos, a Academia "não dá ponto sem nó" e, ancorada pelo carisma de um dos maiores artistas que a Broadway já lançou (Gene Kelly), preferiu premiar “Sinfonia de Paris”, que aborda a história de amor de um pintor americano que vai tentar a sorte na bela Paris, tornando-o um dos primeiros musicais a ganharem o Oscar de Melhor Filme.
Outros grandes filmes também disputavam com o musical a estatueta dourada. O drama familiar “Uma Rua Chamada Pecado” conseguiu se elencar como um dos poucos filmes a preencher todas as categorias de atuação e, ainda, mais surpreendentemente, dar a três dos seus intérpretes os prêmios em suas respectivas categorias, faltando a vitória apenas na categoria Melhor Ator. Com um elenco tão expressivo quanto o filme de Kazan, “Um Lugar ao Sol” contava com Montgomery Clift, Shelley Winters e Elizabeth Taylor como personagens centrais de uma história trágica de amor e ambição. “Decisão antes do Amanhecer” se passa durante a Segunda Guerra Mundial e conta a história de prisioneiros alemães recrutados pelos americanos para que obtivessem informações dos nazistas – trata-se de um dos primeiros e poucos thrillers a concorrer na categoria máxima! Por fim, fechando os cinco indicados à disputa, há o filme “Quo Vadis”, um grandioso épico que acontece na Roma Antiga e narra a história de Nero e os temas adjacentes à sua vida, como a expansão da ideologia cristã e o romance entre o general Marcos Vinicius e Lygia.

por Rafael Castro

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