Abertura do filme vencedor na categoria Melhor Diretor. |
MELHOR DIRETOR
Essa disputa eu afirmo sem medo tratar-se de um verdadeiro
duelo de gigantes da sétima arte. É incontestável o trabalho realizado por
esses grandes diretores ao longo de suas carreiras: George Stevens (“Um Lugar
ao Sol”), Elia Kazan (“Uma Rua Chamada Pecado”), William Wyler (“Chaga de Fogo”),
John Huston (“Uma Aventura na África”) e Vincente Minnelli (“Sinfonia de Paris”).
Todos eles já venceram o Oscar antes ou depois da edição de 1952.
O grande vencedor da noite foi George Stevens (que venceria também quatro anos depois, por “Assim
Caminha a Humanidade”, de 1956) por seu magnífico trabalho em A Place in the Sun, com um estilo
moderno que utiliza planos curtos e deixa a montagem rápida construindo o filme
de forma peculiar para a época.
Tendo vencido duas vezes, primeiro por “A Luz É para Todos”, em 1948, e depois por “Sindicato de Ladrões” em 1955, Elia Kazan em “Uma Rua Chamada Pecado”, traz uma construção narrativa muito mais teatral, preocupada com a direção de atores, o que acarretou no número incomum de atores indicados e premiados. Diferente da direção de William Wyler (um currículo invejável com 12 indicações ao Oscar e tendo vencido três vezes, pelos filmes “Rosa de Esperança”, “Melhores Anos de Nossas Vidas” e o colossal “Ben-Hur”, respectivamente nos anos de 1943, 1947 e 1960) explora muito bem em “Chaga de fogo” a qualidade de sua equipe de atores, mas ele consegue dinamizar o filme com tomadas e movimentos de câmera que parecem estar sincronizados com os atores em cena.
John Huston, que venceu em 1948 por “O Tesouro de Sierra Madre”, soube utilizar a seu favor o carisma do casal protagonista e belas imagens para compor a estética do perigo em “Uma Aventura na África”. Vincente Minnelli (venceu em 1958 por Gigi) em Sinfonia em Paris traz o estilo musical bem peculiar ao longo de sua carreira.
São belissimos trabalhos que sem duvida foram muito bem indicados pela academia e para quem tinha o direito de voto com certeza teve dor de cabeça para escolher seu favorito.
Gene Kelly e Leslie Caron em cena de An American in Paris. |
O Oscar de 1952 apresentou ao público uma seleção de
filmes digna de uma grande premiação e revelou aos espectadores películas que
marcaram a história da sétima arte. Acredito que a Academia teve bastante
dificuldade para escolher os indicados para Melhor Filme, pois dois grandes
trabalhos (“Chaga de Fogo” e “Uma Aventura na África”) não foram lembrados,
visto a qualidade dos concorrentes.
Os cinco contemplados pela academia naquele ano foram: “Sinfonia
de Paris”, “Decisão Antes do Amanhecer”, “Um Lugar ao Sol”, “Uma Rua Chamada
Pecado” e “Quo Vadis” – todos os filmes são de origem americana, pois na época
somente concorriam ao prêmio trabalhos produzidos nos Estados Unidos. Talvez a
maior polêmica da edição tenha sido a vitória do musical “Sinfonia de Paris”
sobre seus concorrentes, porque para muitos o favorito ao prêmio era o drama
perturbador “Uma Rua Chamada Pecado” ou até mesmo o intrigante “Um lugar ao
Sol”.
Mas a verdade é que, como dizem os antigos, a Academia
"não dá ponto sem nó" e, ancorada pelo carisma de um dos maiores
artistas que a Broadway já lançou (Gene Kelly), preferiu premiar “Sinfonia de
Paris”, que aborda a história de amor de um pintor americano que vai tentar a
sorte na bela Paris, tornando-o um dos primeiros musicais a ganharem o Oscar de
Melhor Filme.
Outros grandes filmes também disputavam com o musical a
estatueta dourada. O drama familiar “Uma Rua Chamada Pecado” conseguiu se
elencar como um dos poucos filmes a preencher todas as categorias de atuação e,
ainda, mais surpreendentemente, dar a três dos seus intérpretes os prêmios em
suas respectivas categorias, faltando a vitória apenas na categoria Melhor
Ator. Com um elenco tão expressivo quanto o filme de Kazan, “Um Lugar ao Sol”
contava com Montgomery Clift, Shelley Winters e Elizabeth Taylor como
personagens centrais de uma história trágica de amor e ambição. “Decisão antes
do Amanhecer” se passa durante a Segunda Guerra Mundial e conta a história de
prisioneiros alemães recrutados pelos americanos para que obtivessem
informações dos nazistas – trata-se de um dos primeiros e poucos thrillers a
concorrer na categoria máxima! Por fim, fechando os cinco indicados à disputa,
há o filme “Quo Vadis”, um grandioso épico que acontece na Roma Antiga e narra
a história de Nero e os temas adjacentes à sua vida, como a expansão da
ideologia cristã e o romance entre o general Marcos Vinicius e Lygia.
por Rafael Castro
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