segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Oscar 1952 - Decisão Antes do Amanhecer


Sun Tzu, em sua obra-prima A arte da guerra, dá um viés estrategista e até mesmo pacificador do que são os conflitos entre povos. Para o autor chinês, não existem razões para que se perca uma guerra: basta seguir os cinco princípios básicos da luta - doutrina, tempo, terreno, mando e disciplina.

O filme “Decisão antes do amanhecer” (1951), dirigido por Anatole Litvák, colocou em pauta o que aos olhos humanitários da bondade seria uma grande trapaça: por o povo contra si próprio. A Alemanha da época de Hitler e dos campos de concentração já estava completamente arrasada pela Segunda Guerra Mundial, mas alguns fortes ainda resistiam à truculência americana. A estratégia, então, foi colocar espiões alemães para descobrir os planos dos próprios alemães. A operação seria arriscada, já que envolvia sentimentos, mas foi posta em prática.

Na história, Karl Maurer, codinomeado Happy (Oskar Werner), vive essa situação de prática de espionagem em seu próprio exército de origem. Ao longo do filme, ele passa por problemas: descobre que seu pai, que é médico, está cuidando de vítimas num local bastante vulnerável (mas não pode contar); se apaixona; é reconhecido na rua por uma antiga amiga de família e quase é desmascarado; surgem desconfianças sobre sua pessoa, entre outros. Happy é um personagem que chama nossas atenções e que até nos cativa.

Baseado em fatos reais, o filme não teve real sucesso, pois apesar de ter sido indicado ao prêmio de Melhor Filme no Oscar, teve ao todo apenas duas indicações (a outra foi de Melhor Edição). Depois de Decisão antes do amanhecer, passariam-se 43 anos até que um indicado a Melhor Filme tivesse somente duas indicações. Também houve uma indicação ao prêmio de Melhor Fotografia no Globo de Ouro.



CURIOSIDADES:
- O diretor optou por filmar em lugares autênticos, assim as ruínas destruídas e até então não erguidas da Alemanha serviram realmente de cenário para o filme, inclusive muitos equipamentos militares;

- Um dos primeiros filmes criados no período recente do pós-guerra a mostrar os alemães sob uma perspectiva amena;

- Primeiro de dois filmes a ser indicado em apenas duas categorias durante o período de 65 anos (1945-2010) em que a Academia indicou apenas cinco filmes à categoria principal (o segundo filme seria “Quatro Casamento e um Funeral”, de 1994);

- Oskar Werner e Rihard Basehart fizeram a maior parte das cenas perigosas, inclusindo nadar contra a correnteza do rio Rhine.


PERFIL: OSKAR WERNER

Nasceu com o nome de Oskar Josef Schließmayer na capital da Áustria em 1922. Fez sua primeira aparição cinematográfica aos 16 anos de idade, ainda em Viena, no filme Dinheiro cai do céu (1938). Seu esforços vieram a ser reconhecidos somente nos anos 60: em 1965 ele ganhou o prêmio de Melhor Ator do New York Film Critics Circle Awards pelo filme A nau dos insensatos (1965), em que ele dividiu a tela com Vivien Leigh. Ainda por esse filme, Werner foi indicado a três prêmios em 1966, mas não ganhou nada: Melhor Ator de Drama do Globo de Ouro, Melhor Ator Estrangeiro do BAFTA e Melhor Ator no Oscar. Nesse ano ainda, uma indicação para Ator Revelação no Laurel Awards.

Seu filme seguinte, O espião que veio do frio (1965), rendeu uma indicação (Melhor Ator Estrangeiro do BAFTA de 1967) e uma premiação (Melhor Ator Coadjuvante do Globo de Ouro de 1967). A viagem dos condenados (1976) seria sua próxima e última indicação: Melhor Ator Coadjuvante do Globo de Ouro de 1977. Esse foi seu último filme como ator, porque ele ainda apareceu em alguns documentários posteriormente.

Oskar Werner largou a escola para se dedicar à busca de uma carreira de ator, mas foi convocado à Segunda Guerra Mundial. Ele detestava a ideologia nazista e foi poupado do serviço por "incompetência". Casou-se com uma descendente de judeus, o que causou graves problemas na Áustria hitleriana. Dizem que o auge de sua carreira foi sob a direção de Truffaut, quando interpretou Jules em Jules e Jim: uma mulher para dois (1962). Em Fahrenheit 451 (1966), também de Truffaut, diretor e ator se desentenderam grave e irremediavelmente.

O ator morreu em 1984, no interior da Alemanha. Seu corpo foi posteriormente levado para ser enterrado numa pequeníssima cidade do pequeníssimo pais de Liechtenstein.

INDICAÇÕES:
1. Melhor Filme: Anatole Litvák e Frank McCarthy
2. Melhor Edição: Dorothy Spencer

por Darlan Nascimento

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