segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Oscar 1952 - Melhor Ator / Melhor Atriz

Humphrey Bogart vencendo o prêmio por "Uma Aventura na África".


A cerimônia de 1952 foi marcada por grandes nomes nas categorias de atuação e os filmes indicados a Melhor Filme praticamente se estenderam a todas as categorias de atuação. A categoria de Best Actor in a Leading Role foi disputada por atores de diferentes filmes e o grande vitorioso da noite foi Humphrey Bogart, o que era de certo modo esperado, mas que, nem por isso, deixou de causar surpresas e expressões de espanto.

Dos indicados, apenas Marlon Brando era estreante, fosse na categoria de Melhor Ator ou em indicações ao Oscar. Sua interpretação como Stanley Kowalski na intensa obra “Uma Rua Chamada Pecado” atraiu olhares para ele e fez com que a Academia o indicasse pela sua performance bastante pungente. A experiência nos palcos, onde o ator já havia interpretado o mesmo personagem, decerto lhe auxiliou a torná-lo mais atrativo e mais maduro. Assim, o ator novato conquistou a sua primeira indicação (curiosamente, a primeira de quatro indicações consecutivas e de oito indicações no total). Arthur Kennedy, Humphrey Bogart e Montgomery Clift estavam todos em sua segunda indicação, respectivamente pelos filmes Bright Victory (aparentemente nunca lançado oficialmente no Brasil), “Uma Aventura na África” e “Um Lugar ao Sol”.

Arthur Kennedy dá vida a Larry Nevins, um sargento norte-americano que fica cego devido a um tiro disparado por um alemão em conflitos no norte de África durante a Segunda Guerra Mundial. O filme praticamente mostra o desempenho do ator num intenso processo de reabilitação, mostrando o desenvolvimento desse oficial em recuperar-se psicologicamente e poder dar continuidade à sua vida, apesar da atual condição. Das cinco indicações - uma anterior a 1952 e três posteriores - que esse ator conquistou, apenas essa lhe rendeu posição na categoria Melhor Ator. Montgomery Clift interpreta George Eastman, um rapaz que sonha alto e que acaba envolvido com uma moça humilde que trabalha na mesma fábrica que ele. Ao apaixonar-se por outra moça, alguém que pode lhe favorecer muito mais, ele decide armar um plano para desfazer-se da primeira, começando assim um trama de suspense. Tanto ele quanto Shelley Winters conquistaram indicações (ela como Melhor Atriz), e essa seria a segunda indicação de Clift, outras duas viriam nos anos de 1954 e 1962.

Humphrey Bogart, anteriormente indicado por “Casablanca” (1943), dá vida ao capitão de um pequeno barco que conduzirá uma missionária a uma região menos inóspita da África, que no momento se encontra em guerra. Como Charlie Allnut num filme co-protagonizado por Katharine Hepburn (também indicada), Bogart vive uma experiência bastante aventureira num rio bastante selvagem, com direito a muitos tiros e quedas d’água perigosas. Fredric March, que já havia conquistado dois Oscar (por “O Médico e o Monstro” [1931] e “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” [1946]), interpreta o protagonista da adaptação da peça teatral de Arthur Miller, “Morte do Caixeiro Viajante”. Como Willy Lomam, um homem alienado pelas idéias de crescimento profissional e pelas expectativas sobre o filho, mas verdadeiramente incapaz de ser eficiente em seu trabalho e de enxergar a verdade por trás de sua vida incompleta, March conquista sua quinta e última indicação ao Oscar.

Se o vencedor - Humphrey Bogart - tinha relativamente a sua vitória esperada, por que as expressões de choque por parte do público e dos cinéfilos? Pelo simples fato de que Marlon Brando, em seu segundo filme, era o favorito ao prêmio por A Streetcar Named Desire, que concedeu a todos os seus colegas - Vivien Liegh, Kim Hunter e Karl Malden - as estatuetas nas respectivas categorias. Mas a Academia devia um prêmio a Bogart, já que ela simplesmente “se esqueceu” de indicá-lo ao prêmio pelos filmes “O Falcão Maltês” (1941), “Uma Aventura na Martinica” (1944), “À Beira do Abismo” (1946) e “O Tesouro de Serra Madre” (1948) - considerado os seus melhores filmes - e ainda também ter igualmente “se esquecido” de premiá-lo quando ele concorreu em 1944 por “Casablanca”, que não apenas é a sua melhor interpretação, como ainda é um dos melhores filmes já produzidos pelo cinema norte-americano! Assim, Brando, o favorito da noite, perdeu o prêmio a fim de que se fizesse justiça e que fosse premiado Bogart, que merecia já há algum tempo a estatueta. Curiosamente, os dois viriam a competir de novo no ano de 1955 e, desta vez, Brando saiu vitorioso pelo filme “Sindicato de Ladrões” enquanto Bogart saiu com a sua terceira e última indicação ao prêmio pelo filme “A Nave da Revolta”.

A meu ver, a grande pergunta que fica é a seguinte: apesar de ser considerado um prêmio de consolação a Bogart, poderia mesmo esse ator ter concebido uma interpretação mais significante do que a de Marlon Brando, o favorito da noite, ou qualquer um dos outros indicados a ponto de efetivar a sua vitória como merecida?

por Luís Adriano
___________________________________________

Vivien Leigh e o se segundo Oscar.







1952: uma quantidade menor de filmes, então não é tanta a surpresa na lista de indicadas à categoria de melhor atriz. Temos Eleanor Parker interpretando Mary, a esposa do detetive McLeod, no filme “Chaga de Fogo”; Vivien Leigh que fez Blanche DuBois, em visita a sua irmã, em “Uma Rua Chamada Pecado”; Katharine Hepburn como Rose Sayer, em uma fuga por águas africanas, no filme “Uma Aventura na África”; Jane Wyman, em “Ainda Há Sol em Minha Vida”, e, por fim, Shelley Winters vivendo uma operária em “Um Lugar ao Sol”.

Considero um ano complicado para se escolher uma das indicadas na categoria, pois todas, ao seu modo, interpretaram muito bem os seus papeis. Muitos consideram Katharine Hepburn e o Humphrey Bogart como um casal totalmente sem química, assumindo-se que sim, eles sejam um casal sem química levanta-se a questão: até que ponto isso pode ter atrapalhado a atuação da Katharine e a análise da mesma?

Uma escolha difícil a ser feita. Embora a decisão final tenha ficado acirrada realmente entre a Vivian Leigh e a Katharine Hepburn, quem acabou levando a premiação foi a inglesa, por sua forte e muito bem definida atuação, que, vale comentar, era apenas a quinta participação da atriz em filmes e, ainda mais curiosamente, era a segunda vez que recebia um Oscar por interpretar uma southern belle, coisa que já havia acontecido alguns anos antes, quando subira ao palco para receber o prêmio por “...E o Vento Levou”, de 1939.

por Levi Ventura

Nenhum comentário:

diHITT - Notícias