domingo, 13 de junho de 2010

Oscar 2006 - O Segredo de Brokeback Mountain

Muita gente não viu (alguns por preconceito, outros por falta de informação) mas o filme de Ang Lee é sim interessante, porém muito superestimado.

O que difere Brokeback de outros romances "impossíveis"como Romeu e Julieta ? Somente o fato dos personagens serem dois homens, porque a estrutura narrativa do filme não difere em nada a outras obras mais impactantes.

Dito isso, vejamos: o que faz então de Brockeback Mountain um filme interessante?

Resposta simples e objetiva: Heath Ledger. Foi aqui que as pessoas conluiram que o ator era realmente talentoso. Interpretar alguem que luta com todas as suas forças contra sua própria natureza deve ter sido muito complicado. Um primor de interpretação, sempre sutil fugindo dos excessos e das caricaturas. Por outro lado Gyllenhaal é um ator muito limitado e por mais que se esforce não consegue sair do lugar comum e não convence como homem engajado em ser feliz, parecendo sempre estar choroso e com "raiva" do mundo ao seu redor. O restante do cast principal (as esposas) também vão muito bem: Michelle Williams, num papel contido e muito profundo, tendo que lidar com todos os problemas de seu casamento e ainda sim criar sua família, e Anne Hathaway que pra mim desde esse filme demonstrava ter grande potencial (obs: se não viram, corram para ver O Casamento de Rachel).

E Ang Lee soube fazer de um eventual panfleto uma história simples (mas não simplória) de amor, fugindo do discurso sem sentido (maior problema que vi em Terra Fria, só pra citar um exemplo presente aqui no blog) e apelando, com classe, para o emocional do espectador.

Conseguiu, e você até espera que de uma forma ou de outra os dois acabem juntos, mas em como toda história de amor a tragédia é a vencedora. Brokeback Mountain não é genial, mas não envergonha seu diretor (que ainda tem como seus trabalhos mais fortes: Comer, Beber, Viver, O Tigre e o Dragão [outra história de amor trágica] e Tempestade de Gelo), além de contar com Heath Ledger em momento de profunda inspiração.

Longe de ser um filme desprezível e ruim, mas (na minha modesta visão) longe do panteão dos injustiçados ao prêmio da Academia.

PS: Dentre os cinco indicados o que mais gostei foi Boa Noite e Boa Sorte.

3 comentários:

LuEs disse...

Permita-me discordar de você em alguns pontos.
Não acho que Brokeback Mountain seja uma obra superestimada; acho que ela recebe tantos elogios porque é o tipo de filme que é capaz de posicionar o espestacor na situação dos personagens. Conforme o vemos, tornamo-nos parte da história de amor deles; somos mais do que espectadores, somos mais do que pessoas alheias à história dos caubóis. A compentente direção de Ang Lee proporciona a quem assiste ao filme a possibilidade de ser confidente desse romance e essa sensação de promixidade faz com quem o espetacdor goste muito do filme. Não vejo, portanto, superestimação - vejo adjetivações adequadas e coerentes com aquilo de que o filme é capaz.
Também discordo quanto ao que disse a respeito do destaque do filme. Heath Ledger é mesmo um ator bom e aqui ele se mostrou incrivelmente fabuloso, com uma capacidade dramática e artística impressionáveis, mas creio que sja o conjunto da obra que faça de Brokeback Mountain uma obra tão eficiente no seu objetivo. São todos os atores, é a fotografia, a trilha sonora, e o roteiro - tudo no filme se encaixa bem e se funde formando um bloco único, uniforme e homogêneo. Não posso negar que Heath se destaca mais do que Jake, mas não penso que um seja inferior ao outro.
E também discordo quanto à escolha da Academia: o Oscar, em 2006, tinha que ser de Brokeback Mountain.

Eu tenho uma dúvida... para mim, a história se foca nos dois personagens e tanto Ennis quanto Jack são protagonistas. Por que, então, a Academia indicou um como Ator em Papel Principal e outro como Ator em Papel Secundário?

Thiago Paulo disse...

Eu também gosto bastante desse filme, e como o Luís comentou; trilha sonora, fotografia, roteiro, elenco se encaixam... Mas também vejo isso em Crash - No Limite.

Pra mim, assistindo esse filme, vejo que Heath Ledger é o protagonista sim. A história gira em torna das decisões dele.

Ps: Assino em baixo o que o Alexandre disse, assistam O Casamento de Rachel, é muito bom!

Abraço

Marcelo A. disse...

Brokeback também é o meu preferido nesse ano e se fosse pra falar em filme superestimado, ficaria com Crash. Mas, enfim, esse não é o momento de falar sobre o que penso sobre as premiações dessa edição, então, deixa pra lá. Também tenh o a mesma dúvida que o Luís. Já tive a oportunidade de conferir o conto que originou o filme e nele também, os acontecimentos são narrados pela ótica do Enis - e só. Pra mim, penso que os dois são protagonistas, mas creio que a diferença nas indicações foi mais uma medida de ordem prática da Academia. E em relação ao talento da Hathaway, "O Casamento de Rachel" é mesmo uma boa pedida. E sobre o Ang Lee, vale muito a pena ver "O Banquete de Casamento".

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