A Academia sempre faz escolhas curiosas. O ano de 2006, em minha opinião, é um dos anos mais estranhos: muitos dos indicados e dos premiados me pareceram desajustados e tive a impressão de que aquela era uma cerimônia com um fim diferente da proposta original dos votantes: premiar aqueles que se destacaram no ano anterior pela qualidade artística de seus trabalhos.
Indicar um filme a oito prêmios para não premiá-lo na categoria principal parece estranho, principalmente se considerarmos que o filme em questão, Brokeback Mountain, era a obra com o maior número de indicações – e também era favorito ao prêmio máximo. Uma das perguntas que me fiz é: os quão imparciais foram os votantes? Eles analisaram apenas o conteúdo artístico e cinematográfico do filme (que inclui roteiro, atuações, direção, fotografia, etc.) ou pesaram o tema do filme (homossexualidade)? Isso talvez não explique muito, afinal, outros filmes, como As Horas, receberam muitas indicações e poucos prêmios e houve ainda aqueles que nem sequer foram premiados, como é o caso de A Cor Púrpura. Como saber, então, o que os membros pensaram exatamente e qual é o padrão de premiação que eles seguem?
Independentemente disso, vou comentar as categorias e expor minhas concordâncias e desagrados em relação aos indicados e premiados. Começarei, então, pela categoria de Melhor Roteiro Original. Concordo com os indicados e também com o premiado, acredito que Crash seja uma obra cujo roteiro interliga bem os pontos do filme e por isso merecia ser premiado. Match Point era um forte concorrente, já que o texto de Woody Allen é realmente elogiável. Partindo para a categoria de Melhor Ator Coadjuvante, creio que a disputa estava entre Jake Gyllenhaal e Paul Giamati. Vale ainda ressaltar que essa indicação a Giamati provavelmente se intensifica por causa do erro que a Academia cometeu ao não indicá-lo no ano anterior, por Sideways. Acho que George Clooney e Matt Dillon estavam corretos apenas. Nem sequer entendi a indicação de William Hurt – me pareceu estranhíssima, considerando que ele é o ator de menor destaque no filme pelo qual foi indicado (Marcas da Violência). A próxima categoria, Melhor Atriz Coadjuvante, me deixa bastante confuso. Acredito que a Academia teve dificuldades com os filmes de 2005, especialmente porque muitas atrizes boas estavam em papéis secundários, o que dificultava a seleção de apenas cinco para integrar a lista das indicadas. Boas atuações, como a Taraji P. Henson, foram deixadas de lado. Isso seria aceitável se considerarmos que são apenas cinco atrizes e não mais a receber a indicação, no entanto se torna incompreensível quando se compara a atuação de Henson com a de Catherine Keener, que definitivamente não é superior, mas, mesmo assim, foi indicada. A disputa, para mim, estava entre Rachel Weisz e Amy Adams, já que ambas as atrizes compuseram boas personagens e as personificaram com bastante afinco. Eu premiaria Adams, mas compreendo que, num ano de questões sociais, a Academia tenha optado por premiar aquela cuja personagem parece mais dramática e notavelmente mais voltada para as causas sociais.
Primeiramente, sobre a categoria Melhor Ator, me questionei o porquê de Gyllenhaal não estar nela. Muito provavelmente a Academia quis dar a oportunidade de os dois atores conquistarem estatuetas. Dentre os atores, a atuação que mais me cativou foi a composta por Heath Ledger e, se fosse eu a escolher para quem o prêmio seria entregue, esse ator ficaria com a estatueta. As atuações de Joaquin Phoenix e Terrence Howard são boas, mas creio que os atores levam vantagens porque seus personagens são homens fortes e de muita personalidade – e, como conseqüência, as atuações deles são notáveis. Talvez a monotonia de Capote tenha feito com que eu não gostasse da atuação de Philip Seymour Hoffman; simplesmente não premiaria. O nome a mais na lista é o de X: sua interpretação em Boa Noite e Boa Sorte parece bem aquém da interpretação dos seus companheiros de indicação. Chega, então, a categoria que exibiu o maior erro daquela cerimônia – erro ainda maior do que Brokeback Mountain ter perdido o prêmio principal: Melhor Atriz. Como preteriram o belíssimo e maravilhoso trabalho de Felicity Huffman em Transamérica pela interpretação apenas correta de Reese Witherspoon em Johnny e June? Só para constar: nem sequer a considero co-protagonista no filme pelo qual concorreu. Para mim, se quisessem indicá-la, deveria ser na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Sobram três atrizes: Judi Dench, na sua melhor atuação já concebida; Charlize Theron, que, como Witherspoon, estava apenas correta; e, por fim, Keira Knightely – e eu nem sequer sei comentar a indicação dela! Considerando todas as atrizes indicadas, considero que pelo menos duas delas poderiam ser removidas. Maria Bello, cujo desempenho é mais do que adequado em Marcas da Violência, merecia ter recebido a sua primeira indicação ao Academy Award.
Restam então duas categorias: Melhor Diretor e Melhor Filme. Não me parece muito racional que o melhor diretor não tenha dirigido o melhor filme, mas sei que é comum isso acontecer na Academia. Vale até citar uma cerimônia que já comentamos, a do ano de 1999, na qual Shakespeare Apaixonado recebeu 13 indicações e o diretor do filme nem sequer foi nomeado! Dos diretores, creio que todos compuseram obras eficientes e, como conseqüência, todos mereciam as suas indicações. O prêmio dado a Ang Lee parece correto e justo para mim. Voltamos à questão levantada no post de abertura e também no começo da minha opinião: que motivo levou a Academia a preferir Crash? Não sei ao certo explicar, pode ser preconceito ou pode ser algo menor ou maior que isso. Só sei que prefiro o filme que aborda a homossexualidade, porque nele vi todos os elementos positivos num filme e ainda a coragem para mostrar algo novo – até imaginei o contraponto que é os personagens de Brokeback Mountain e o famoso cowboy dos comerciais da marca de cigarros Marlboro.
Considerando todos os eventos dessa cerimônia, concluí que concordo com apenas duas das categorias analisadas e, dado o fato do erro absurdo cometido com Felicity Huffman, considero que a cerimônia de 2006 foi uma das mais estranhas, tanto nas indicações como nas premiações.
Indicar um filme a oito prêmios para não premiá-lo na categoria principal parece estranho, principalmente se considerarmos que o filme em questão, Brokeback Mountain, era a obra com o maior número de indicações – e também era favorito ao prêmio máximo. Uma das perguntas que me fiz é: os quão imparciais foram os votantes? Eles analisaram apenas o conteúdo artístico e cinematográfico do filme (que inclui roteiro, atuações, direção, fotografia, etc.) ou pesaram o tema do filme (homossexualidade)? Isso talvez não explique muito, afinal, outros filmes, como As Horas, receberam muitas indicações e poucos prêmios e houve ainda aqueles que nem sequer foram premiados, como é o caso de A Cor Púrpura. Como saber, então, o que os membros pensaram exatamente e qual é o padrão de premiação que eles seguem?
Independentemente disso, vou comentar as categorias e expor minhas concordâncias e desagrados em relação aos indicados e premiados. Começarei, então, pela categoria de Melhor Roteiro Original. Concordo com os indicados e também com o premiado, acredito que Crash seja uma obra cujo roteiro interliga bem os pontos do filme e por isso merecia ser premiado. Match Point era um forte concorrente, já que o texto de Woody Allen é realmente elogiável. Partindo para a categoria de Melhor Ator Coadjuvante, creio que a disputa estava entre Jake Gyllenhaal e Paul Giamati. Vale ainda ressaltar que essa indicação a Giamati provavelmente se intensifica por causa do erro que a Academia cometeu ao não indicá-lo no ano anterior, por Sideways. Acho que George Clooney e Matt Dillon estavam corretos apenas. Nem sequer entendi a indicação de William Hurt – me pareceu estranhíssima, considerando que ele é o ator de menor destaque no filme pelo qual foi indicado (Marcas da Violência). A próxima categoria, Melhor Atriz Coadjuvante, me deixa bastante confuso. Acredito que a Academia teve dificuldades com os filmes de 2005, especialmente porque muitas atrizes boas estavam em papéis secundários, o que dificultava a seleção de apenas cinco para integrar a lista das indicadas. Boas atuações, como a Taraji P. Henson, foram deixadas de lado. Isso seria aceitável se considerarmos que são apenas cinco atrizes e não mais a receber a indicação, no entanto se torna incompreensível quando se compara a atuação de Henson com a de Catherine Keener, que definitivamente não é superior, mas, mesmo assim, foi indicada. A disputa, para mim, estava entre Rachel Weisz e Amy Adams, já que ambas as atrizes compuseram boas personagens e as personificaram com bastante afinco. Eu premiaria Adams, mas compreendo que, num ano de questões sociais, a Academia tenha optado por premiar aquela cuja personagem parece mais dramática e notavelmente mais voltada para as causas sociais.
Primeiramente, sobre a categoria Melhor Ator, me questionei o porquê de Gyllenhaal não estar nela. Muito provavelmente a Academia quis dar a oportunidade de os dois atores conquistarem estatuetas. Dentre os atores, a atuação que mais me cativou foi a composta por Heath Ledger e, se fosse eu a escolher para quem o prêmio seria entregue, esse ator ficaria com a estatueta. As atuações de Joaquin Phoenix e Terrence Howard são boas, mas creio que os atores levam vantagens porque seus personagens são homens fortes e de muita personalidade – e, como conseqüência, as atuações deles são notáveis. Talvez a monotonia de Capote tenha feito com que eu não gostasse da atuação de Philip Seymour Hoffman; simplesmente não premiaria. O nome a mais na lista é o de X: sua interpretação em Boa Noite e Boa Sorte parece bem aquém da interpretação dos seus companheiros de indicação. Chega, então, a categoria que exibiu o maior erro daquela cerimônia – erro ainda maior do que Brokeback Mountain ter perdido o prêmio principal: Melhor Atriz. Como preteriram o belíssimo e maravilhoso trabalho de Felicity Huffman em Transamérica pela interpretação apenas correta de Reese Witherspoon em Johnny e June? Só para constar: nem sequer a considero co-protagonista no filme pelo qual concorreu. Para mim, se quisessem indicá-la, deveria ser na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Sobram três atrizes: Judi Dench, na sua melhor atuação já concebida; Charlize Theron, que, como Witherspoon, estava apenas correta; e, por fim, Keira Knightely – e eu nem sequer sei comentar a indicação dela! Considerando todas as atrizes indicadas, considero que pelo menos duas delas poderiam ser removidas. Maria Bello, cujo desempenho é mais do que adequado em Marcas da Violência, merecia ter recebido a sua primeira indicação ao Academy Award.
Restam então duas categorias: Melhor Diretor e Melhor Filme. Não me parece muito racional que o melhor diretor não tenha dirigido o melhor filme, mas sei que é comum isso acontecer na Academia. Vale até citar uma cerimônia que já comentamos, a do ano de 1999, na qual Shakespeare Apaixonado recebeu 13 indicações e o diretor do filme nem sequer foi nomeado! Dos diretores, creio que todos compuseram obras eficientes e, como conseqüência, todos mereciam as suas indicações. O prêmio dado a Ang Lee parece correto e justo para mim. Voltamos à questão levantada no post de abertura e também no começo da minha opinião: que motivo levou a Academia a preferir Crash? Não sei ao certo explicar, pode ser preconceito ou pode ser algo menor ou maior que isso. Só sei que prefiro o filme que aborda a homossexualidade, porque nele vi todos os elementos positivos num filme e ainda a coragem para mostrar algo novo – até imaginei o contraponto que é os personagens de Brokeback Mountain e o famoso cowboy dos comerciais da marca de cigarros Marlboro.
Considerando todos os eventos dessa cerimônia, concluí que concordo com apenas duas das categorias analisadas e, dado o fato do erro absurdo cometido com Felicity Huffman, considero que a cerimônia de 2006 foi uma das mais estranhas, tanto nas indicações como nas premiações.
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